Índice de doenças transmitidas de animais para humanos aumenta com a destruição de habitat selvagens e o adensamento das cidades
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O crescimento de cidades sem planejamento provoca vários problemas. A urbanização desenfreada atinge diretamente o meio ambiente e, com o desmatamento de áreas preservadas e o rompimento do ciclo natural de alguns animais, novos vírus podem chegar aos grandes centros, causando doenças como a covid-19.
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A expansão urbana sem planejamento também proporciona mais oportunidades para patógenos passarem de animais para pessoas, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em um relatório de 2016.
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A covid-19 é uma doença zoonótica, ou seja, transmitida de animais para seres humanos. Outros exemplos são a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers) e a gripe aviária.
Por volta de 60% das patologias infecciosas nos seres humanos são zoonóticas, assim como 75% de todas as condições infecciosas emergentes. Os principais impulsionadores da disseminação de novos vírus são mudanças no uso da terra e na indústria agrícola, segundo o Pnuma.
(Fonte: B.Zhou / Shutterstock.com)
Aglomerações podem aumentar a probabilidade de transmissão de doenças infecciosas, segundo uma pesquisa da Universidade de Genebra. A urbanização levou a maiores densidades populacionais nas cidades, o que aumenta o potencial de grandes surtos dessas enfermidades.
As cidades lotadas costumam ser mal planejadas e a crescente desigualdade aumenta a vulnerabilidade a surtos de doenças em termos de preparação e resposta. Mesmo em cidades bem elaboradas, a dependência de transporte público e o fluxo constante de pessoas proporcionam o ambiente ideal para uma rápida disseminação de epidemias.
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Wuhan, na China, o epicentro mundial da crise de covid-19, reúne todas as condições: é a mais densamente povoada da região central do país e o maior centro de transporte local, com várias estações ferroviárias que se conectam a grandes cidades, como Xangai e Guangzhou.
A alta densidade populacional também é um dos motivos da rápida transmissão da pandemia no norte da Itália e em Nova York (EUA), locais onde a pandemia de coronavírus está mais intensa atualmente. No Brasil, os municípios com o maior número de casos têm densidade populacional alta, a exemplo de São Paulo (SP) e do Rio de Janeiro (RJ).
(Fonte: Shutterstock)
Quando o ciclo natural da fauna não é quebrado, os vírus tendem a ficar restritos a animais, sem serem transmitidos para pessoas. A identificação de um surto de doenças entre as espécies selvagens é importante para alertar sobre ações preventivas a serem realizadas na região em que ocorre. A morte de macacos por febre amarela, por exemplo, ajuda a evitar surtos humanos.
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Uma pesquisa do biólogo Luiz Góes, pós-doutorando do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), encontrou 15 variedades silvestres de coronavírus no Brasil, mas nem todas transmissíveis para humanos.
A ciência já identificou sete tipos de coronavírus que saíram de animais e infectaram pessoas. Desses, quatro são encontrados na fauna brasileira: HCoV-OC43, de roedores; HCoV- NL63, de morcegos; HCoV-229E, de morcegos; e HCoV-HKU1, de roedores.
As três variedades de coronavírus mais perigosas, que provocam Sars, Mers e covid-19, não foram encontradas em espécies selvagens do território brasileiro. Os vírus encontrados nos animais do Brasil geralmente causam resfriados comuns e às vezes podem provocar doenças respiratórias graves.
Fonte: Business Insider, Thomson Reuters Foundation News, New York Times, Revista Fapesp
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