Há quem defenda que a migração para o campo em metrópoles como Nova York seja definitiva; pesquisadores afirmam o contrário
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“Nova York está morta para sempre”, de acordo com um texto viral no LinkedIn sobre os impactos da onda migratória das cidades para o campo durante a pandemia. Em um post publicado em agosto do ano passado, o podcaster James Altucher relatou um fenômeno crescente pelo mundo afora: para fugir do caos de um dos maiores centros urbanos do mundo, moradores da cidade em home office migram para zonas mais tranquilas — e isso tem tornado a metrópole uma cidade fantasma.
“O prédio Time Life tem capacidade para 8 mil trabalhadores, mas só recebeu 500 funcionários de volta”, exemplificou Altucher. No texto, também foi mencionado um grupo no Facebook com pessoas que estão se organizando para ir embora. Pouco tempo depois de ser aberta, a comunidade já tinha 10 mil membros.
Esse movimento migratório já é uma conhecida onda global, sendo mais comum em países com empresas cujas políticas de home office são mais bem estruturadas. Um artigo no jornal The Hill chega a defender que a pandemia tem dado fim ao boom das cidades norte-americanas, iniciado nos anos 1990.
Além de Nova York, municípios como São Francisco, Los Angeles e Chicago também perderam gente. Só na big apple, mais de 300 mil pessoas partiram. Em São Francisco, o mercado imobiliário reagiu reduzindo 20% do valor dos aluguéis.
Mas será que esse fluxo é assim tão definitivo? Será mesmo que Nova York e outras cidades que vivenciam o fenômeno estão mortas para sempre? Essa é uma pergunta ainda sem resposta, mas pesquisadores têm analisado cuidadosamente a questão.
As crescentes taxas de desemprego, os impostos exorbitantes e o aumento da violência podem estar levando a classe média de grandes cidades a um fluxo migratório sem volta. Soma-se a essas razões, o número de companhias que pretendem manter o esquema de home office de forma definitiva.
Mas uma pesquisa da consultoria The Harris Poll e do Conselho de Assuntos Globais de Chicago aponta exatamente o contrário nos Estados Unidos. O estudo concluiu que a vida urbana ainda habita o imaginário das pessoas.
Sete em cada dez entrevistados nas regiões metropolitanas de Nova York, Los Angeles, Chicago, Houston, Phoenix e Filadélfia afirmam preferir viver em uma cidade grande. Apenas 8% dizem preferir viver em subúrbios.
Já com relação aos suburbanos, o levantamento constatou que 3 em cada 10 escolheriam uma cidade grande ou pequena em vez de morar na área afastada em que residem.
Questionados sobre como a pandemia afetou suas preferências, metade dos residentes da cidade disse que não mudou de opinião sobre onde preferem viver. A resposta poderia ser diferente entre os que vivem com famílias em que há crianças pequenas, mas não foi.
As crianças precisam de espaços mais amplos do que apartamentos, sobretudo agora que estão distantes do espaço físico da escola e sem poderem circular na rua. Ainda assim, esse público ficou praticamente dividido: 20% disseram preferir uma vida suburbana e (19%), uma vida urbana.
De qualquer forma, o estudo prevê que as cidades nunca mais serão as mesmas no que se refere aos hábitos dos moradores. A adesão ao transporte urbano sustentável é cada vez mais urgente e, segundo o estudo, os entrevistados estão dispostos a mudar seus hábitos de mobilidade.
Embora dois terços dos moradores da cidade hoje dirijam sozinhos para o trabalho, a maioria diz considerar modais mais limpos. Nove em cada dez pessoas também afirmam apoiar a construção de moradias mais acessíveis em seus bairros.
Fonte: Bloomberg, The Hill, Pulse.
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