Carregadores coletivos em prédios já são realidade, e lei municipal de São Paulo obriga instalação de terminais em novos empreendimentos
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Com a pandemia de covid-19, a mobilidade urbana no Brasil deve permanecer centrada no veículo particular, e, em um movimento de redução de danos, carros elétricos parecem ganhar espaço. Isso pode impactar a estrutura imobiliária das grandes cidades com a implantação de carregadores em condomínios fechados.
Embora o conceito de retomada verde tenha se consolidado no mundo inteiro, estudos mostram que o número de carros circulando nas vias brasileiras não apresenta um movimento de redução nem mesmo na maior cidade da América Latina. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego do município de São Paulo (CET), a capital paulista tem 7,4 veículos a cada dez habitantes.
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O número preocupa em razão da necessidade de se pensar em modais mais sustentáveis. Até o momento, o transporte coletivo e a mobilidade ativa (a pé ou de bicicleta) não são suficientemente atrativos para transformar de forma estrutural a cara da mobilidade urbana no Brasil.
A boa notícia vem do mercado de veículos elétricos. A variedade de modelos que dispensam combustíveis fósseis, que chega com o aumento da consciência ambiental e o baixo custo da recarga em relação a um tanque de combustível padrão, tem aumentado a venda desses automóveis em mais de 200% ao ano, segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE).
Com o crescimento das vendas desse tipo de veículo, surge um problema: como carregar a bateria? Uma solução que tem crescido é a implantação de carregadores elétricos em condomínios. Segundo Eduardo Nobre, engenheiro eletricista e proprietário da Five Stars, empresa do ramo de montagem e manutenção de sistemas elétricos, a instalação de carregadores começou tímida há cerca de um ano e segue em crescimento.
Um fator que pode ser um divisor de águas nesse movimento é a Lei n. 17.336/2020, da cidade de São Paulo, que prevê a obrigatoriedade da instalação de carregadores de veículos elétricos em edifícios e condomínios residenciais e comerciais do município. A legislação passa a vigorar em março de 2021.
Em razão disso, Nobre é otimista com relação ao futuro dessa novidade. Para ele, apesar de haver gargalos na infraestrutura das cidades, os veículos elétricos continuam se destacando no mercado pelo uso de energias renováveis e pela necessidade de despoluir os centros urbanos.
O engenheiro aposta na democratização dessa tendência em um futuro próximo. Embora esse movimento seja perceptível sobretudo em imóveis destinados às classes A e B, empreendimentos populares também devem contar com a estrutura em breve, na visão de Nobre. “Por ora, podemos afirmar que aqui o crescimento está sendo impulsionado pelo viés econômico e pela comodidade. Poder abastecer seu carro a um custo baixo dentro de casa é um ganho enorme nos dias atuais”, defende.
Além da instalação de sistemas de recarga em prédios, o representante da Five Stars relata que o setor de serviços está preocupado em equipar sua estrutura: “Temos recebido demandas para a instalação de carregadores em locais públicos como shoppings, supermercados e padarias e nas estradas em pontos estratégicos”.
Fonte: EPE, Aneel, ABVE, Five Stars
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