O aquecimento global se tornou um tópico que não pode mais ser evitado por governos e pelas empresas, mas, mesmo assim, as medidas para freá-lo ainda são incipientes
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Ativistas de todo o mundo criticam as resoluções da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP-26), que se encerrou neste mês de novembro, por serem insuficientes para lidar com o problema do aquecimento global.
Enquanto cientistas, alguns governos e setores correm para que o mundo não ultrapasse o ponto de não retorno, outros políticos e indústrias tentam propagar a falsa ideia de que o aquecimento global não existe.
Vamos analisar as evidências científicas que comprovam que o mundo está realmente esquentando (e, além disso, tendo todo o seu clima alterado) e entender desde quando este ciclo acontece.
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É um fenômeno natural responsável pela manutenção do calor na superfície terrestre através da retenção dos raios solares. Foi intensificado até alcançar patamares drásticos pela ação humana através de uma série de atividades que emitem os chamados gases causadores do efeito estufa (GEE).
Os mais conhecidos são o dióxido de carbono (CO2) e o gás metano, além deles outros fortes influenciadores são o óxido nitroso, o hexafluoreto de enxofre, o clorofluorcarboneto (CFC) e os perfluorcarbonetos (PFC).
A emissão anormal desses gases começou durante o período da Revolução Industrial, quando as máquinas passaram a utilizar a queima do carvão ao nível industrial. O período coincide com a data de 1800, quando o planeta alcançou a marca de 1 bilhão de habitantes.
Em 1938, um estudo reuniu dados de 147 estações meteorológicas ao redor do mundo e mostrou que a temperatura média havia aumentado em relação ao século anterior e que a concentração de CO2 no mesmo período cresceu drasticamente.
Desde então diversos estudos comprovaram que o aumento do Dióxido de Carbono diminui a concentração de oxigênio na atmosfera. Além disso, dados de satélites analisados entre 1970 e 1996 mostraram que menos energia “escapa” para o espaço nas chamadas ondas de radiação.
As análises provam que durante 800 mil anos, o índice de Dióxido de Carbono na atmosfera estava na casa de 300 partes por milhão (ppm). Desde a Revolução Industrial, o nível subiu até alcançar a marca atual de 420 ppm.
Dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que a temperatura média da Terra já subiu 1°C em relação aos níveis pré-industriais.
Os efeitos desse aumento já são sentidos em diversos eventos climáticos atípicos como o derretimento de calotas polares, furacões, secas e enchentes fora de época e mais. Durante o Acordo de Paris de 2016, vários países se comprometeram a fazer esforços para manter a elevação da temperatura em no máximo 1,5°C até 2100.
Cientistas afirmam que a partir deste ponto riscos imensos podem acontecer como o alagamento total de diversas ilhas e cidades costeiras, a transformação de áreas de floresta em savana e a perda de diversas terras produtivas.
Com essas mudanças diversos ecossistemas poderiam entrar em colapso e causar um efeito dominó para a extinção de várias espécies. Além disso, temperaturas de 54°C, como as que foram marcadas na Califórnia em 2020, podem se tornar comuns em diversos pontos do planeta, impossibilitando a vida humana nesses locais.
A diferença entre um aumento de 1,5°C para um de 2°C pode levar a situações ainda piores. Ainda mais preocupante é o fato de parte dos cientistas trabalharem com a possibilidade de a elevação média chegar a 3°C ou 4°C em menos de 100 anos.
Muitos críticos das teorias que comprovam o aquecimento global afirmam que a Terra já passou por períodos de temperatura maior e que as mudanças climáticas são cíclicas e naturais. A afirmação é parcialmente verdadeira, sim, as mudanças climáticas são cíclicas, mas todos os dados apontam que o esfriamento ou aquecimento médio do planeta naturalmente demora centenas de milênios para acontecer.
Pela primeira vez na história uma disparidade de temperatura tão grande é notada em um século. Todos os dados apontam que os momentos de maior temperatura foram causados pela alta concentração de gases, nesse caso, principalmente, os de origem vulcânica.
Talvez o dado que mais deveria preocupar os negacionistas é o fato de que durante os períodos de maior temperatura média da Terra a vida humana não existia, e que todas as eras em que ocorrem grandes mudanças são marcadas por extinções de várias espécies de animais e vegetais.
Além disso, circula uma teoria negacionista de que o aquecimento notado no século 20 foi decorrente de radiações solares, fato já desmentido por dados que comprovam que nesse período a emissão de radiação solar esteve em níveis menores do que o comum.
Fonte: Piauí, National Geographic, So Científica, Projeto Colabora, Mundo Educação, Eco Debate, UDOP, WRI Brasil.