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Dia Mundial Sem Carro: dirigir menos é melhor?

O século 20 foi o século dos carros. Em menos de cem anos os veículos a combustão se popularizaram e transformam o cenário das cidades em todo o mundo. Apesar das vantagens que esse modal oferece, uma série de efeitos nocivos para a saúde humana foram sendo descobertos com o aumento da dependência dos carros.

Além disso, o modelo não é o mais ideal para a mobilidade urbana, afetando a ocupação das cidades, o planejamento urbano e a democratização e o acesso ao espaço. Em 22 de setembro, várias cidades comemoram o Dia Mundial Sem Carro. A data é uma tentativa de fazer as pessoas repensarem a dependência do carro e testarem outros meios de locomoção que podem ser mais saudáveis para a saúde e para o meio ambiente.

Dia Mundial Sem Carro é uma tentativa de mostrar outras formas de se locomover. (Fonte: GettyImages/Reprodução)

Vamos entender um pouco mais sobre porque dirigir menos pode ser mais saudável para a saúde.

Carros e poluição

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o setor de transportes é responsável por um quarto das emissões de gases do efeito estufa. Existe uma grande preocupação em relação à saúde das pessoas em meios urbanos devido à exposição ao gás carbônico (CO2), partículas finas (ou material particulado, PM) e óxidos de nitrogênio.

Um dos problemas é que à medida que a tecnologia avança e veículos novos saem de fábrica menos poluentes, os veículos antigos continuam em circulação e muitas vezes são exportados para países menos desenvolvidos. Segundo a ONU, pelo menos 146 países que fazem parte do órgão têm políticas muito fracas para regular a importação e a circulação de veículos altamente poluentes.

No Brasil, São Paulo é a cidade com a maior frota veicular do país e pesquisa do Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros mostrou que os carros são responsáveis por 72,6% da emissão de gases do efeito estufa na capital paulista, enquanto transportam apenas 30% da população. Estima-se que quase 35% dos veículos da cidade tenham mais de 20 anos, isso implica em veículos menos seguros e mais poluentes, já que as normas de emissão foram avançando recentemente.

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Elétricos podem não ser a solução final

A perspectiva do crescimento e da popularização dos carros elétricos é uma grande expectativa para transformar esse cenário, porém ainda há muitos problemas que precisam ser resolvidos. Enquanto grandes montadoras veem na renovação das frotas possibilidades para grandes ganhos financeiros, especialistas alertam para a continuidade dos problemas ambientais que os veículos individuais podem causar.

As baterias de carros elétricos são majoritariamente baterias de lítio, que têm uma taxa de reciclagem muito baixa e cujo descarte é altamente perigoso e tóxico. Apesar de várias empresas estarem buscando um destino correto para o material, como o reaproveitamento em painéis solares, grande parte do produto ainda não tem finalidade e é descartada.

Outro problema que precisa ser enfrentado para que os carros elétricos sejam realmente sustentáveis é a questão da matriz energética. Se a maioria da frota de uma cidade ou país for de veículos elétricos, as redes energéticas precisarão ter capacidade muito maior do que a atual. Para isso, uma grande reforma das redes será necessária, a questão é que muitos países ainda dependem de matrizes energéticas não renováveis, como a nuclear, e as dependentes de carvão mineral, gás natural e petróleo e derivados. Desta forma, retirar-se-ia veículos com motores a combustão de circulação, mas a poluição continuaria.

Mobilidade ativa

Cresce no mundo a busca pela Cidade de Quinze Minutos, o conceito foi criado por Carlos Moreno, professor da Universidade Sorbonne (Paris). A ideia é redesenhar os bairros das grandes cidades, de modo que as pessoas consigam realizar a maioria das tarefas diárias, como trabalho, estudo e lazer, em deslocamentos de no máximo 15 minutos.

Mobilidade ativa é uma opção para o Dia Mundial Sem Carro. (Fonte: GettyImages/Reprodução)

A iniciativa vem sendo adotada por diversas cidades, principalmente europeias e americanas, mas depende de um massivo investimento em infraestrutura e priorização de malha cicloviária. Nesse sentido, prioriza-se a mobilidade ativa, o ato de se deslocar utilizando a energia do próprio corpo, como caminhadas ou corridas, ou com equipamentos que exijam esse esforço, como bicicletas, patinetes e similares.

A mobilidade ativa gera uma série de benefícios para a saúde, como:

Segundo uma pesquisa do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), 43% dos deslocamentos realizados por carros na capital paulista e 38% dos deslocamentos realizados em ônibus poderiam ser substituídos pelas bikes. O instituto afirma que a redução no número de indivíduos com doenças cardiovasculares e circulatórias caso isso acontecesse poderia gerar uma economia de R$ 34 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Portanto, dirigir menos é mais saudável, pois diminui os níveis de poluição ambiental e incentiva a prática de exercícios físicos moderados, que se feitos rotineiramente melhoram a condição física, previnem doenças, ajudam o sistema circulatório, imunológico e até a saúde mental. Aproveite o Dia Mundial Sem Carro para experimentar se deslocar pela sua cidade de formas alternativas, pode ser que você encontre um meio de transporte que vai mudar a sua vida!

Quer saber mais? Confira aqui a opinião e a explicação de nossos parceiros especialistas em Mobilidade.

Fontes: Organização das Nações Unidas, Ecycle, Green me, Cpaps, Archdaily, Mobilize, Observatório da Bicicleta, Ecycle, Quicko

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