Acúmulo de baterias usadas pode ter consequências ambientais graves, então mudanças são necessárias para tornar a reciclagem menos complexa
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O transporte por carros elétricos é uma das principais chaves para resolver a crise climática que se aproxima. Com mais veículos elétricos nas vias, menos combustíveis fósseis são queimados e menos gases nocivos são lançados no planeta. Há um problema, entretanto: o que fazer com as baterias usadas?
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Segundo um artigo publicado na revista Nature, o acúmulo dessas peças está se tornando um desafio ambiental, e é preciso reciclá-las. Os autores alertam para o fato de que a coleta do material útil das baterias de íon de lítio, utilizadas nos carros elétricos, é arriscada e trabalhosa. Entre as soluções desse impasse estariam a projeção de novas peças com base no processo de reciclagem e o uso de robôs para automatizar a desmontagem.
Informações do jornal alemão Deutsche Welle indicam que o número de carros elétricos em todo o mundo chegou a 5,6 milhões em 2019, um aumento de 64% em relação a 2018. Como a vida útil das baterias é de até 15 anos, não só a procura por ela irá aumentar como também o número de descartes.
Embora a reciclagem comercial desses produtos já ocorra, o principal material recuperado é o alumínio. Componentes mais valiosos como lítio, grafite e cobalto ainda não podem ser recuperados, e estima-se que isso só seja possível daqui a 20 anos.
Um artigo publicado pelo portal de tecnologia The Verge explica que se as baterias acabarem em aterros sanitários correm o risco de passar por um processo denominado fuga térmica, uma reação química que pode fazer que ela aqueça a ponto de queimar ou explodir, razão pela qual baterias de íon de lítio em bagagem despachada são proibidas quando se embarca em um avião.
A explosão em aterros, entretanto, não é a única razão para evitar o descarte. Elas podem permanecer úteis por muito tempo depois de serem retiradas de um veículo. Uma unidade usada pode armazenar e descarregar até 80% da energia que tinha quando era nova; por esse motivo, a Toyota lançou recentemente uma iniciativa para emparelhar baterias de veículos elétricos antigas como painéis solares para abastecer lojas 7-Eleven no Japão.
A reciclagem dos componentes de uma bateria de íon de lítio pode ser muito lucrativa, portanto deve ser estimulada com soluções inteligentes, como a promoção de mudanças em seu design. Segundo o The Verge, para ser capaz de reciclar baterias na escala que o crescente mercado de veículos elétricos exige, a indústria precisará resolver alguns desafios importantes. As peças fabricadas atualmente não são projetadas para desmontagem fácil nem padronizadas, o que torna difícil aplicar a desmontagem robótica.
Mudanças no design para torná-las mais recicláveis facilita a extração de materiais mais puros e, consequentemente, mais valiosos. Um ganho ambiental e social. Isso porque a extração de alguns minerais é feita de maneira precária, gerando diversas consequências negativas. A crescente demanda pelo cobalto na região do Congo, por exemplo, expôs denúncias de trabalho infantil e danos ao meio ambiente.
De acordo com a reportagem do Deutsche Welle, a Renault oferece aos donos de automóveis a opção de alugar a bateria em vez de comprá-la. A medida é duplamente vantajosa, pois também reduz os custos da aquisição dos veículos elétricos.
Outras montadoras já estão recolhendo as peças usadas de seus carros elétricos. A Nissan construiu uma fábrica de reciclagem no Japão, e a Volkswagen planeja fazer o mesmo.
Fontes: Nature, Deutsche Welle e The Verge
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