Poluição do ar, aumento da violência e falta de mobilidade estão entre os motivos que fazem que brasileiros saiam das grandes cidades nos últimos anos.
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Principalmente durante a pandemia, uma parcela considerável de pessoas decidiu sair dos grandes centros urbanos, mudando-se para o interior e cidades menores, necessariamente vizinhas ou não.
Nesse contexto, há quem se pergunte sobre o futuro das grandes metrópoles, ou mesmo de municípios que, embora não sejam grandes ou desenvolvidos, são considerados centrais nos estados.
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Não é desde a pandemia, porém, que essa situação é observada. Nas grandes cidades e capitais, há anos avalia-se a migração gradual de habitantes saindo dos bairros centrais, em busca de outras opções periféricas.
Neste caso em particular, as regiões no centro passaram, em suma, a concentrar estabelecimentos comerciais. Em outros casos, casas e prédios inteiros foram abandonados, dando lugar a demolições para a construção de prédios maiores.
De todo modo, ainda assim, é considerado alto o número de pessoas que preferiram se mudar para cidades menores, sobretudo vizinhas às capitais ou de interior. Isso, inclusive, tem chamado a atenção do mercado, cujas empresas passaram a ver uma oportunidade de negócio, criando estabelecimentos como shoppings em lugares que até então possuíam poucos ou nenhum.
Em Santa Catarina, por exemplo, o município de Palhoça tem crescido exponencialmente nos últimos anos. Em 2010, o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dava conta de uma população de um pouco mais de 137 mil habitantes.
Recentemente, em 2022, o novo mapeamento registrou um aumento de 62% no crescimento populacional, que hoje é de 222.598 habitantes na cidade, que integra a Região Metropolitana de Florianópolis.
Indo para o Paraná, outro município que viu seu número de habitantes aumentar foi Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba. Em 2010, o censo sinalizou a existência de 81.675 pessoas; 12 anos depois, o dado saltou para 148.873 munícipes, representando mais de 80% de crescimento.
Em Luís Eduardo Magalhães, localizada no Extremo Oeste da Bahia, algo parecido também aconteceu. Apesar de, nesse caso, ser uma situação diferente dos exemplos anteriores, já que a cidade não figura na Região Metropolitana vinculada à capital do estado.
No censo de 2010, o município baiano tinha cerca de 60 mil habitantes; já em 2022, a estatística foi expandida em 79,5%, com quase 108 mil moradores identificados.
No Norte do Brasil, a cidade de Parauapebas é outro exemplo. De quase 154 mil habitantes em 2010, o município do Sudeste paraense saltou para um pouco mais de 266 mil, o que significou um aumento de mais de 73% em seu crescimento.
Assim como no caso baiano, o exemplo paraense também diverge dos dois primeiros apresentados. Isso porque a cidade em questão está a cerca de 700 km de distância da capital Belém.
As estatísticas confirmam que as pessoas têm preferido sair das cidades centrais. De acordo com dados do IBGE:
As razões para o fenômeno são várias. É preciso considerar, no entanto, que não existe uma fórmula ou o gabarito de todos os fatores para levar que alguém opte por sair de uma capital para o interior. Entre elas, destacam-se:
Confira em detalhes outros fatores:
Com a pandemia e a necessidade de adequar a rotina laboral ao distanciamento necessário naquele período, parte das pessoas se mudou em razão de tal fator.
Entre maio e novembro de 2020, mais de 8 milhões de pessoas trabalhavam em home office, segundo estatísticas do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).
A insegurança vivida por uma parcela da população nos grandes centros também incentivou pessoas a migrarem para cidades menores.
Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, é considerada uma das mais violentas da região Sul, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. E a cidade figura entre aquelas que estão perdendo habitantes.
A falta de infraestrutura e o caos no trânsito também impulsionam pessoas para o interior dos estados.
A Pesquisa Mobilidade Urbana de 2022 identificou que os moradores dos grandes centros urbanos passam, em média, 21 dias por ano em congestionamentos.
A preocupação com a saúde do ar também é uma questão que impacta a decisão de brasileiros para abandonarem os grandes centros.
E isso tem uma razão de ser: estima-se que anualmente 51 milhões de pessoas morram no Brasil em decorrência de doenças agravadas pelos poluentes concentrados no ar.
Fonte: Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, IBGE, Agência Brasil, Anuário Brasileiro de Segurança Pública, WRI Brasil