8 fatores para o abandono da vida nos grandes centros urbanos

18 de setembro de 2023 5 mins. de leitura

Poluição do ar, aumento da violência e falta de mobilidade estão entre os motivos que fazem que brasileiros saiam das grandes cidades nos últimos anos.

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Principalmente durante a pandemia, uma parcela considerável de pessoas decidiu sair dos grandes centros urbanos, mudando-se para o interior e cidades menores, necessariamente vizinhas ou não. 

Nesse contexto, há quem se pergunte sobre o futuro das grandes metrópoles, ou mesmo de municípios que, embora não sejam grandes ou desenvolvidos, são considerados centrais nos estados.

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Não é desde a pandemia, porém, que essa situação é observada. Nas grandes cidades e capitais, há anos avalia-se a migração gradual de habitantes saindo dos bairros centrais, em busca de outras opções periféricas. 

Neste caso em particular, as regiões no centro passaram, em suma, a concentrar estabelecimentos comerciais. Em outros casos, casas e prédios inteiros foram abandonados, dando lugar a demolições para a construção de prédios maiores.

De todo modo, ainda assim, é considerado alto o número de pessoas que preferiram se mudar para cidades menores, sobretudo vizinhas às capitais ou de interior. Isso, inclusive, tem chamado a atenção do mercado, cujas empresas passaram a ver uma oportunidade de negócio, criando estabelecimentos como shoppings em lugares que até então possuíam poucos ou nenhum.

Exemplos de cidades que cresceram pelo Brasil

Em Santa Catarina, por exemplo, o município de Palhoça tem crescido exponencialmente nos últimos anos. Em 2010, o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dava conta de uma população de um pouco mais de 137 mil habitantes. 

Recentemente, em 2022, o novo mapeamento registrou um aumento de 62% no crescimento populacional, que hoje é de 222.598 habitantes na cidade, que integra a Região Metropolitana de Florianópolis.

Indo para o Paraná, outro município que viu seu número de habitantes aumentar foi Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba. Em 2010, o censo sinalizou a existência de 81.675 pessoas; 12 anos depois, o dado saltou para 148.873 munícipes, representando mais de 80% de crescimento.

Em Luís Eduardo Magalhães, localizada no Extremo Oeste da Bahia, algo parecido também aconteceu. Apesar de, nesse caso, ser uma situação diferente dos exemplos anteriores, já que a cidade não figura na Região Metropolitana vinculada à capital do estado. 

No censo de 2010, o município baiano tinha cerca de 60 mil habitantes; já em 2022, a estatística foi expandida em 79,5%, com quase 108 mil moradores identificados.

No Norte do Brasil, a cidade de Parauapebas é outro exemplo. De quase 154 mil habitantes em 2010, o município do Sudeste paraense saltou para um pouco mais de 266 mil, o que significou um aumento de mais de 73% em seu crescimento.

Assim como no caso baiano, o exemplo paraense também diverge dos dois primeiros apresentados. Isso porque a cidade em questão está a cerca de 700 km de distância da capital Belém.

O aumento da violência em Porto Alegre nos últimos anos têm impulsionado a fuga de moradores para outras cidades e estados. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Aumento da violência em Porto Alegre nos últimos anos têm impulsionado a fuga de moradores para outras cidades e estados. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Exemplos de cidades que encolheram pelo Brasil

As estatísticas confirmam que as pessoas têm preferido sair das cidades centrais. De acordo com dados do IBGE:

  • Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, passou de 1.409.351 para 1.332.570;
  • São Gonçalo, no Rio de Janeiro, saiu de 999.728 para 896.744;
  • Natal, no Rio Grande do Norte, foi de 803.739 para 751.300;
  • Salvador, na Bahia, encolheu de 2.675.656 para 2.418.005.

8 fatores que levaram as pessoas a sair dos grandes centros

As razões para o fenômeno são várias. É preciso considerar, no entanto, que não existe uma fórmula ou o gabarito de todos os fatores para levar que alguém opte por sair de uma capital para o interior. Entre elas, destacam-se:

  1. diminuição dos gastos no orçamento familiar;
  2. busca por uma melhor qualidade de vida;
  3. redução do ritmo acelerado da rotina;
  4. desigualdades socioeconômicas.

Confira em detalhes outros fatores:

5. Trabalho remoto

Com a pandemia e a necessidade de adequar a rotina laboral ao distanciamento necessário naquele período, parte das pessoas se mudou em razão de tal fator. 

Entre maio e novembro de 2020, mais de 8 milhões de pessoas trabalhavam em home office, segundo estatísticas do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).

6. Violência urbana

A insegurança vivida por uma parcela da população nos grandes centros também incentivou pessoas a migrarem para cidades menores. 

Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, é considerada uma das mais violentas da região Sul, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. E a cidade figura entre aquelas que estão perdendo habitantes.

7. Problemas de mobilidade

A falta de infraestrutura e o caos no trânsito também impulsionam pessoas para o interior dos estados. 

Pesquisa Mobilidade Urbana de 2022 identificou que os moradores dos grandes centros urbanos passam, em média, 21 dias por ano em congestionamentos.

8. Níveis de poluição

preocupação com a saúde do ar também é uma questão que impacta a decisão de brasileiros para abandonarem os grandes centros. 

E isso tem uma razão de ser: estima-se que anualmente 51 milhões de pessoas morram no Brasil em decorrência de doenças agravadas pelos poluentes concentrados no ar.

Fonte: Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, IBGE, Agência Brasil, Anuário Brasileiro de Segurança Pública, WRI Brasil

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