Centros urbanos podem gerar energia eólica no topo dos edifícios

17 de setembro de 2021 4 mins. de leitura

Estudo realizado na USP mostra que a geração de energia eólica não precisa estar limitada apenas a áreas rurais

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Uma nova pesquisa, desenvolvida no Instituto de Energia e Ambiente (IEE) em conjunto com o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), da Universidade de São Paulo (USP), indica que os centros urbanos têm capacidade de gerar energia eólica através de turbinas instaladas no alto dos edifícios. 

O estudo, realizado pelo engenheiro Leonardo Alberto Hussni e Silva, utilizou o prédio de 18 andares da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, localizado na zona central da capital paulista. Ao longo de quatro anos, de 2014 a 2018, os pesquisadores coletaram dados sobre a direção do vento, velocidade, constância e temperatura. 

Setembro, outubro e novembro foram os meses mais propícios para a geração de energia eólica. (Unsplash/Reprodução)
Setembro, outubro e novembro foram os meses mais propícios para a geração de energia eólica. (Unsplash/Reprodução)

Segundo Silva, a motivação para o trabalho surgiu a partir do grande potencial do País na produção de energia renovável. “No Brasil, a produção de energia eólica vem se expandindo cada vez mais, porém, o crescimento ainda é bastante limitado, principalmente a produção em pequena escala, voltada para os centros urbanos, em sistemas eólicos on-grid – conectados diretamente à rede elétrica”, disse o pesquisador ao Jornal da USP.

Ao todo, foram utilizados quatro modelos de aerogeradores durante a pesquisa: Skystream 3.7, Proven 2.5, Raum 3.5 e Hoyi 300. A turbina Proven 2.5 saiu na frente de todas as outras, gerando cerca de 4.330 quilowatts (kWh)/ano — mais que o suficiente para manter duas residências funcionando durante todos os meses do ano. 

Falta de aerogeradores nacionais é um obstáculo 

Um dos fatores que impossibilitam a disseminação da tecnologia no Brasil está nos custos de compra e instalação dos aerogeradores, visto que seria necessário importar o equipamento. Segundo a pesquisa, mesmo com o Proven 2.5, o consumidor teria que arcar com um valor de R$ 40 mil para a compra e mais R$ 3 mil para a instalação.

Ao todo, demoraria cerca de 16 anos para que o comprador pudesse começar a sentir o retorno do seu investimento. No entanto, esse empecilho pode ser contornado com o desenvolvimento de aerogeradores nacionais vendidos a baixo custo no mercado brasileiro. 

De acordo com o engenheiro, ele pretende continuar estudando e investigando o potencial do País na geração de energia eólica em centros urbanos. Nesta primeira etapa, os dados coletados foram utilizados em sua dissertação de mestrado intitulada “Avaliação do potencial eólico em ambiente urbano para aplicação de micro e minigeração distribuída: estudo de caso em edifício no centro da cidade de São Paulo”. 

Brasil é um dos países com maior potencial para energia renovável do mundo

A energia hidrelétrica é a maior fonte do Brasil. (Fonte: Unsplash/Reprodução)
A energia hidrelétrica é a maior fonte do Brasil. (Fonte: Unsplash/Reprodução)

Além de ter grande capacidade na geração de energia solar e hidráulica, o Brasil faz parte da lista dos 10 países com maior capacidade de produzir energia eólica do mundo, ocupando o 8º lugar no ranking do Global Wind Energy Council (GWEC). 

Entretanto, os pesquisadores dizem que os estudos nessa área são insuficientes para a elaboração de políticas públicas no País. 

Desde 2012, por meio da Resolução Normativa 482 da Aneel, todos os consumidores brasileiros têm o direito de produzir sua própria energia elétrica no Brasil. Isso fez com que em 2021 o País atingisse a marca de 432 mil projetos homologados, que ao todo, geraram uma potência equivalente a 37% da Usina Hidrelétrica de Itaipu, beneficiando mais de 550 mil unidades consumidoras. 

Caso o potencial eólico do Brasil fosse explorado, poderíamos ver os números crescerem ainda mais, diminuindo os custos da produção de eletricidade e democratizando o acesso à energia elétrica. 

Fonte: USP.

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