Políticas de acesso à habitação e integração dos moradores são algumas das medidas contra a gentrificação em Aspen
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Em uma análise feita pela professora Jenny Stuber, da Sociologia na Universidade do Norte da Flórida, é possível ver em que medida o processo de gentrificação atingiu a cidade de Aspen, nos Estados Unidos.
Com a pesquisa de título Aspen e o sonho americano: como uma cidade administra a desigualdade na era da supergentrificação, a professora mostra o que as outras cidades podem aprender com Aspen.
Com a crise econômica causada pela pandemia da covid-19, mudança de moradores de grandes centros para regiões mais pobres foi algo comum. Por isso, o debate sobre medidas que podem combater a gentrificação é uma pauta de grande importância no momento.
O termo “gentrificação” foi cunhado pela socióloga britânica Ruth Glass, na década de 1960, para descrever mudanças em bairros antigos que eram constituídos pela classe operária em Londres, na Inglaterra.
Ele pode ser entendido como uma elitização de uma região ou bairro, onde o perfil de moradores e de estruturas de um local passam por uma transição grande, com especulação imobiliária e aumento do custo de vida. Assim, se torna inviável para os moradores permanecerem ali.
Nesse processo, pessoas de classe média ou alta se mudam ou adquirem imóveis em locais desvalorizados em busca de aluguéis e valores mais baratos. Com isso, a demanda por serviços que se enquadrem ao padrão desse nível social aumenta naquela região, o que eleva o custo de vida para todos.
De acordo com Stuber, que morou em Aspen durante a infância, a cidade passou por uma intensa gentrificação, desenvolvendo uma descontinuidade profunda entre o salário dos moradores e o custo das moradias. Stuber conta em seu livro que a renda familiar média era de cerca de US$ 70 mil por ano, mas o preço médio de uma casa é de aproximadamente US$ 4 milhões.
A autora conta que na década de 1970 o maior problema de habitação de Aspen foi resolvido por meio de um programa que oferecia aos moradores alternativas de moradia a preços mais baratos.
O projeto disponibilizou alojamentos bem-estruturados com o objetivo de mostrar aos cidadãos o quanto a permanência deles é importante para manter a cultura e a origem de Aspen.
Em 2016, a Câmara Municipal anunciou mudanças para o desenvolvimento de moradia na cidade. Ao longo de 10 meses, o prefeito reescreveu o código de uso da terra para favorecer os residentes em vez das corporações, como limitar as construções em relação à estrutura – para preservar a vista das montanhas – e resgatar a cultura local e o aspecto de cidade pequena. O prefeito ainda modificou o código de uso das terras.
A autora destaca que o maior obstáculo a ser vencido na luta contra a desigualdade socioespacial é o medo do capitalismo e dos interesses financeiros dos governantes e das grandes empresas. Para isso, ela defende ser importante que as cidades e as comunidades se unam e se fortaleçam para proteger as tradições.
Fonte: Next City.