Proposta trata cidades como elemento vivo e promove táticas democráticas de baixo custo para repensar e fortalecer espaços
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Uma abordagem de urbanismo inspirada na medicina chinesa tem promovido bons resultados de requalificação urbana a partir de pequenas intervenções. Trata-se da acupuntura urbana, criada pelo arquiteto finlandês Marco Casagrande, que considera a cidade como “um organismo multidimensional, energético e sensorial, um elemento vivo”, e defende que as deficiências urbanas de uma região podem ser corrigidas com operações quase cirúrgicas, com um mínimo de ações seletivas, mas suficientes.
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Esse tipo de urbanismo é uma alternativa a grandes intervenções realizadas de cima para baixo, que normalmente requerem pesados investimentos e lenta tramitação burocrática. Mais simples, democráticas e diretas, as ações em microescala na acupuntura urbana podem ser realizadas por cidadãos ativistas ou comunidades com pouco dinheiro.
Uma qualidade da acupuntura urbana é que ela pode se concentrar nas comunidades que não têm o tipo de infraestrutura que é encontrado nos centros das cidades e nos bairros mais ricos. Espaços subutilizados podem se tornar partes atrativas do município com a introdução de uma programação cuidadosa e a adição de elementos físicos.
Isso pode fornecer um meio para as pessoas liberarem a criatividade e as vantagens dela, como inovação e empreendedorismo. Todos esses resultados levarão ainda mais ao empoderamento dos envolvidos, criando cidadãos mais economicamente ativos no futuro.
A acupuntura urbana promove respostas mais imediatas às necessidades da comunidade do que as formas institucionais tradicionais de renovação urbana em grande escala. Esses projetos são caracterizados pela hiperlocalidade combinada com uma estratégia mais ampla.
Isso é feito com base no conhecimento das diferentes realidades dos tecidos urbanos e de como os sistemas de toda a cidade operam e convergem para nós específicos. Assim, ações são realizadas com o objetivo de resolver de forma estratégica os problemas em determinados pontos para liberar a pressão sobre uma região ou uma cidade inteira.
A acupuntura urbana pode ser empregada por diversos atores da cidade, incluindo municípios, como uma forma de testar estratégias urbanas mais amplas de modo interativo. Ações de implantação rápida, temporária e em sua maioria de baixo custo, podem ser aplicadas como experimentos antes de serem realizadas intervenções urbanas que requerem grande investimento financeiro.
Embora haja uma consciência crescente da falta de espaços verdes nos ambientes urbanos, a construção de parques é um desafio intransponível para a maioria das cidades, que carecem de terras e recursos financeiros para tais feitos. Definidos por sua escala reduzida e pelo foco na comunidade, pocket parks e jardins comunitários são investimentos relativamente baratos no ambiente urbano e geralmente ocupam espaços remanescentes na cidade e concentram os esforços em organizações locais e grupos comunitários.
Fonte: The Guardian, Flux Trends, Agi Architects, Revista Area, CAU/SC, Bio Urbanism, HBR, ArchDaily, Mobilize, Acupuntura Urbana
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