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O que é macrocefalia urbana?

Comunidade São Paulo, Shanty Town in Sao Paulo, Brazil,

A cidade de São Paulo fica a apenas 40 quilômetros (km) de Itapecerica da Serra, na região metropolitana, mas a experiência de morar em um ou outro município pode ser bem diferente. Um exemplo é em relação à densidade demográfica, que é sete vezes maior na capital e ilustra como a macrocefalia urbana é um fenômeno complexo.

Mas, afinal, o que é macrocefalia urbana? Conheça melhor o assunto e veja de que modo isso impacta diferentes aspectos do urbanismo.

O que é macrocefalia urbana?

Macrocefalia urbana é uma das causas da superocupação de territórios sem infraestrutura adequada. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A macrocefalia urbana se refere a um crescimento desigual de alguns polos urbanos em relação aos seus entornos. O caso de São Paulo é um exemplo: a ocupação do solo na maior cidade da América Latina é bastante atípica em relação à região próxima a ela e a outras capitais.

O fenômeno também pode acontecer dentro da própria cidade. Morumbi e Capão Redondo ficam na Zona Sul de São Paulo, com uma distância de apenas 11 km entre eles. Já a densidade demográfica é distante: o bairro mais pobre tem quase cinco vezes mais pessoas por quilômetro quadrado.

Milton Santos, o principal geógrafo brasileiro dedicado a pensar nas formações urbanas no País, explicou o conceito no livro O Espaço Dividido (1979):

“A macrocefalia urbana é a massiva concentração das atividades econômicas em algumas metrópoles que propicia o desencadeamento de processos descompassados: redirecionamento e convergência de fluxos migratórios, déficit no número de empregos, ocupação desordenada de determinadas regiões da cidade e estigmatização de estratos sociais, que comprometem substancialmente a segurança pública urbana.”

Como se pode ver, a densidade demográfica excepcional desses lugares causa uma série de impactos em diferentes dimensões da vida das cidades. Portanto, é preciso entender esses desdobramentos.

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Como a macrocefalia urbana afeta a vida nas cidades?

Superlotação do transporte coletivo é um dos fenômenos da ocupação do solo urbano sem planejamento. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

1. Falta de planejamento urbano

O impacto mais imediato da macrocefalia é a dificuldade de se planejar ações para regiões muito grandes e ocupadas de modo desordenado. Com uma dinâmica pouco orgânica, a oferta de políticas públicas fica defasada.

Em grande medida, é em razão disso que os equipamentos públicos de regiões mais expostas ao fenômeno da macrocefalia urbana são precários. Escolas, postos de saúde e estruturas de lazer são exemplos de carência de infraestrutura nos bairros mais populosos.

2. Desemprego

Outro ponto que torna a macrocefalia uma questão sensível é o fato de a explosão demográfica não permitir o desenvolvimento de uma rede de empregos na mesma escala da demanda local. Isso gera problemas na oferta de postos de trabalho, que precisam ser buscados em outras regiões da cidade ou em municípios vizinhos. Frequentemente, as regiões metropolitanas se tornam apenas cidades-dormitório.

Por isso, as bordas da região macrocefálica têm a economia engolida por uma lógica centrípeta: quanto mais os núcleos industriais e comerciais do núcleo crescem, mais a periferia das cidades ou das conurbações se atrofia, retroalimentando os problemas relacionados à macrocefalia urbana.

3. Gargalos na mobilidade

As áreas que mais atraem habitantes se localizam na periferia dos centros urbanos. A necessidade de se deslocar grandes distâncias, sobretudo em razão da empregabilidade, faz que todos os dias um contingente enorme de pessoas atravesse as cidades, quase todas monocêntricas.

O desafio está justamente em transportar com qualidade, a um preço acessível e em segurança, centenas de milhares ou até milhões de pessoas todos os dias, em um fluxo de ida e de volta para as regiões com alta densidade populacional. Essa questão faz parte de um dos principais “nós” urbanos.

4. Problemas ambientais

A macrocefalia urbana alimenta a falta de saneamento básico e a queima de combustível fóssil. Além disso, ocupações e bairros pobres costumam ter uma disputa maior pelo solo urbano, gerando menos quintais arborizados e poucas praças com áreas de respiro.

Esses são exemplos de como também há uma dimensão ambiental na questão, que precisa de um conjunto de políticas intersetoriais para vislumbrar soluções.

Fonte: IBGE, Prefeitura de São Paulo, Revista Carpe Diem Unifacex, Brasil Escola

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