Áreas urbanas mais arborizadas refletem a qualidade de vida tanto de humanos quanto da biodiversidade
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Educar as pessoas para entender o que é reflorestamento e como o praticar é uma das tarefas mais urgentes na luta contra as mudanças climáticas e a degradação de nosso planeta.
Quando falamos em reflorestamento urbano, o assunto é ainda mais importante, já que um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado em 2018, apontou que, até 2050, 68% da população mundial viverá em áreas urbanas.
O processo de reflorestamento objetiva repor espécies nativas em determinados ecossistemas que, por algum motivo, foram retiradas de tal espaço.
Para o Brasil, esse é um desafio e tanto. Segundo o Global Forest Watch (GFW), plataforma online que monitora florestas em todo o mundo, o País lidera o ranking de perda de floresta primária (aquelas intocadas, ou seja, nas quais a ação do homem não provocou alterações). Em 2021, de acordo com a plataforma, foram 1,5 milhão de hectares de floresta perdido em nosso país.
Ainda segundo o GFW, um estudo publicado na revista Nature apontou que a Floresta Amazônica está perdendo a resiliência e se transformando em uma savana.
Isso acontece devido à combinação de desmatamento, mudanças climáticas e incêndios que atingem a Amazônia nos últimos anos. Caso a floresta realmente perca a capacidade de reagir a tais problemas, haverá não só diminuição da biodiversidade e da capacidade de absorção de carbono, mas também mudanças nos padrões de precipitação que afetam diretamente o maior motor da economia brasileira: a produção agrícola.
A ideia de reflorestamento não está ligada apenas ao plantio de árvores em áreas de floresta primária. Há inúmeros benefícios em se conservar as áreas verdes dentro das zonas urbanas, especialmente se considerarmos o aumento cada vez mais acelerado da população nesses territórios.
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Um dos principais pontos positivos de se ter mais verde em meio ao cinza da cidade é a melhora na qualidade do ar que nós respiramos. De acordo com pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 92% da população mundial vivem em lugares com qualidade do ar inferior ao que a organização recomenda.
Isso causa graves problemas de saúde pública, já que estimativas da própria OMS apontam que 3 milhões de mortes por ano são ligadas a problemas respiratórios causados pela má qualidade do ar.
Além da qualidade do ar, espaços mais arborizados também evitam as chamadas ilhas de calor urbano, formadas pela combinação de superfícies de concreto irradiando calor e prédios bloqueando a circulação do vento.
Esse fenômeno pode ser ainda mais perigoso quando combinado às ondas de calor intenso causadas pelas mudanças climáticas. Uma prévia do que pode estar por vir foi vista neste ano, na Europa, com o Reino Unido registrando as maiores temperaturas da história.
Até mesmo a economia se beneficia do reflorestamento urbano, apontou um estudo realizado pelo Grupo Zap na capital paulista. Segundo o estudo, publicado em 2018, áreas mais arborizadas são as mais procuradas por quem busca comprar um imóvel, e isso eleva os preços dos empreendimentos em tais regiões.
Não basta entender o que é reflorestamento, é preciso colocá-lo em prática e vários países, inclusive no Brasil, onde há histórias de sucesso que podem nos inspirar a partir para a ação.
De acordo com a WRI Brasil, instituto de pesquisa focado em sustentabilidade, um dos casos de reflorestamento mais bem-sucedidos é o do Parque Nacional da Tijuca (Rio de Janeiro).
O processo foi iniciado por Dom Pedro II com a justificativa de que era preciso proteger as nascentes que forneciam água à capital fluminense. O projeto rendeu bons frutos, melhorando o abastecimento de água da cidade, evitando a extinção de espécies de pássaros e mamíferos da região.
Outros exemplos são o Programa Reflorestar, do governo do Estado do Espírito Santo — que destina recursos a produtores rurais que querem investir em reflorestamento da Mata Atlântica — e o Projeto Conservador da Mantiqueira, que envolve municípios de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro e visa restaurar áreas da Serra da Mantiqueira.