População em áreas de risco de inundação aumentou em todo o mundo

21 de outubro de 2021 3 mins. de leitura

Estudo analisou dados globais e mostrou que pelo menos 86 milhões de pessoas em todo o mundo vivem em áreas de risco de inundação

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Um estudo publicado na revista Nature mostra o aumento da população mundial em áreas de risco sujeitas a inundações. O artigo foi liderado pelos pesquisadores Beth Tellman e Jonathan Sullivan e teve a contribuição de pesquisadores de várias universidades americanas.

A pesquisa analisou dados globais dos anos 2000 a 2018 e demonstrou que o número de pessoas vivendo em áreas com possibilidade de inundação subiu de 58 milhões para 86 milhões.

Nos anos analisados, foram mais de 913 grandes inundações em um total de 2,23 milhões de quilômetros quadrados. Os dados mostram o crescimento demográfico nas áreas de risco, apontando a necessidade das populações pobres de se dirigirem a essas áreas, que tendem a ser mais baratas, e, por vezes, ocupadas ilegalmente. 

Pai tenta salvar criança em inundação na Indonésia. (Fonte: Ares Jonekson/Shutterstock/Reprodução)
Pai tenta salvar criança em inundação na Indonésia. (Fonte: Ares Jonekson/Shutterstock/Reprodução)

A maioria das inundações analisadas foi causada por chuvas fortes em grandes cidades, que não estão preparadas para a rápida absorção da água. Outros motivos foram tempestades tropicais, derretimento de neve ou gelo, e ruptura de represas.

Colin Doyle, um dos coautores, afirmou em entrevista à revista Bloomberg que o aquecimento global deve piorar a situação. Pesquisadores do World Weather Attribution (WWA) corroboram a correlação entre o aquecimento global e o aumento do índice de inundação no mundo.

O órgão divulgou que enchentes, como as que ocorreram na Alemanha e na Bélgica em 2021, tiveram a probabilidade de ocorrer aumentada de 20% para 900%. O aumento da temperatura da atmosfera intensifica mecanicamente a umidade e causa as precipitações.

Inundação na Alemanha em 2021 deixou 200 mortos e tem relação direta com o aquecimento global. (Fonte: M. Volk/Shutterstock/Reprodução)
Inundação na Alemanha em 2021 deixou 200 mortos e tem relação direta com o aquecimento global. (Fonte: M. Volk/Shutterstock/Reprodução)

A realidade brasileira

No Brasil, os dados mais recentes são de 2010 e foram divulgados no estudo População em Áreas de Risco no Brasil, lançado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018. O levantamento demonstra que o País tem 8 milhões de pessoas vivendo em áreas com risco de enchentes e deslizamento de terras em mais de 872 municípios.

Salvador lidera o ranking de município com maior população em área de risco: o número chega a 1,2 milhão de pessoas, o equivalente a 45% da população. Em seguida estão São Paulo com 674,3 mil, Rio de Janeiro com 444,9 mil, Belo Horizonte com 389.218, e Recife com 206.761.

O coordenador de Geografia do IBGE, Claudio Stenner, afirma que as características geomorfológicas de cidades como Salvador, composta de vários morros e vales, somadas à alta concentração populacional são o modelo principal das áreas de risco no País. As ocupações em encostas de morros são comuns para populações de baixa renda e muitas vezes também são ilegais. 

Outro dado preocupante é que 9,2% dessa população em áreas de risco é composta de crianças menores de cinco anos e idosos com mais de 60 anos. Segundo Regina Alvala, diretora do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemden), as crianças, os idosos e as pessoas com deficiências são mais vulneráveis em casos de desastres, e devem ter prioridade de atendimento quando alertas da Defesa Civil dos municípios são emitidos.

Fonte: IBGE, Bloomberg, Nature

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