Pelo menos quatro cidades promovem estratégias que podem ser incorporadas em todo o mundo
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As 100 cidades mais populosas do mundo são responsáveis por um quinto da emissão de carbono, um dos causadores do efeito estufa. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), até 2050 pelo menos 2,5 bilhões de pessoas vão estar morando nesses locais, por isso medidas devem ser tomadas para que a poluição seja controlada imediatamente.
Alguns centros urbanos que já trabalham para isso podem ser tomados como exemplos de ações a serem incorporadas daqui para frente. Confira.
A cidade de Shenzhen (China), a maior do mundo em pegadas de carbono per capita, apostou em três soluções para reduzir o impacto na poluição atmosférica. Ônibus e táxis de baixa emissão foram adicionados à frota do transporte público; já as construções passaram a ser reguladas por padrões ecológicos, e as indústrias receberam um limite para a quantidade de carbono produzida. Em todo o país, carros elétricos devem passar de 10% para 20% do total da frota em circulação até 2025. A previsão, apresentada no Acordo de Paris, em 2015, deve ser concretizada por meio de estímulos fiscais.
A capital da França é uma das cidades com planos mais ousados na mudança de emissão de carbono: a previsão é que até 2050 seja reduzida a zero. Para tanto, foram estabelecidas medidas como utilização exclusiva de energia verde (eólica, solar ou biomassa) e banimento de carros movidos a diesel até 2024 e a petróleo até 2030.
Os objetivos propostos afetam setores diretamente ligados à urbanização: construção civil, transportes, energia, alimentação.
O ciclismo é prioridade em Copenhague (Dinamarca), onde pelo menos 40% dos deslocamentos entre residências e locais de trabalho são feitos em bicicletas e existem mais de 375 quilômetros de faixas exclusivas para pedalar. Isso evita que mais de 20 mil toneladas de carbono sejam liberadas na atmosfera por ano.
Além disso, trens, ônibus e metrôs funcionam em um sistema totalmente integrado. Por outro lado, a proporção de automóveis individuais é de um para cada 2,8 habitantes, e quem opta pelo deslocamento em carro deve arcar com impostos mais altos.
Na América do Sul também existem exemplos de cidades ativas no combate à emissão de gases na atmosfera. É o caso de Santiago (Chile), principalmente quando se trata da melhoria de áreas já urbanizadas em prol da população mais pobre, residente em regiões degradadas.
No país, a habitação é acessível se comparada a outros locais: dois terços dos chilenos têm condições de adquirir um imóvel, contra apenas um terço dos brasileiros, por exemplo. Dessa forma, o processo de urbanização é acelerado, e a população que habita no campo caiu de 500 mil em 1996 para 84 mil em 2011.
O governo chileno fortaleceu a presença de ônibus elétricos, fazendo que 6% da frota fossem livres de emissões. As informações são do Boletim de Conjuntura do Setor Energético, da Fundação Getulio Vargas (FGV), publicado em 2019.
De acordo com a ONU, em 2035 haverá mais 14 megacidades, localizadas especialmente nos continentes asiático e africano. Como futuros representantes de tecnologia e riqueza, esses locais também podem se tornar pioneiros na preocupação com as mudanças climáticas.
Fonte: MIT Technology Review, ONU World Organization Prospects, FGV, Mar sem fim.