Tecnologia, foco no usuário e construção conjunta entre atores diferentes foi a tônica das atividades da quarta-feira (18)
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Circular pelo espaço urbano é um direito de todos; assim, mais que pensar em modais é necessário criar soluções focadas na experiência integral de quem se locomove, o que exige parcerias entre diferentes atores, tecnologia para tratar a informação e busca de alternativas sustentáveis.
Essa foi a síntese dos debates desta quarta-feira (18) do Estadão Summit Mobilidade, que aconteceu de forma online e gratuita. Veja as atividades desta manhã e confira em detalhes como foi cada mesa do evento:
Na abertura do terceiro dia de evento, Christovam introduziu a ideia de mobilidade como serviço, que passa por colocar o passageiro no centro das decisões e envolve discutir a responsabilidade dos diversos players, a começar pelo poder público, que é quem define os termos da contratação do transporte coletivo, de acordo com o especialista.
Palhares concordou que para atingir esse marco de qualidade é necessário compreender que o modelo precisa ser repensado de acordo com as demandas atuais, considerando o desenho de um transporte pós-pandemia, por exemplo.
Piovesan acrescentou que cada cultura e cada país têm um tempo para isso, o que ocorre de modo bastante heterogêneo. Na visão dele, a perspectiva de smart city trata a mobilidade de modo mais completo na medida em que é possível planejar a mobilidade cotidiana de modo confiável, previsível e com custos interessantes.
A queda na criminalidade em São José dos Campos é resultado do uso de câmeras que cobrem o território e ajudaram a zerar os latrocínios por quase dois anos. Mas esse é só um dos pontos que tornam a cidade paulista conhecida, já que no campo da mobilidade ela também apresenta inovações. Confira uma lista com as principais delas:
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Jarrus Junior apontou uma transformação de paradigma: o Brasil tem vivido mais a cultura do uso e menos da posse. O diretor da Movida lembrou que o aluguel de veículos pode diminuir gastos de empresas e ainda há espaço para crescimento, desde que o setor seja capaz de oferecer o que o cliente final necessita. Assim, o foco deve ser otimizar a produtividade e manter os ganhos: hoje, os carros alugados têm 15% de penetração no Brasil, mas na Europa já chegam a 75%.
Mourad argumentou no mesmo sentido. Segundo ele, o e-commerce melhorou a experiência de compra, oferecendo mais opções de escolha. O desafio está em criar volume e tornar os custos mais interessantes para a cadeia, sendo ainda maior em um ambiente inflacionário, como é o País hoje.
Hannas apontou que o setor no qual a CCR trabalha é muito regulado, com uma série de regras a serem cumpridas. Isso torna a conformidade importante, mas permite a consolidação em um sistema estável, sobretudo se for possível contar com o setor público para conjugar melhor o planejamento do transporte urbano e o planejamento de desenvolvimento das cidades. Um exemplo disso são os modais sustentáveis: a empresa atua com veículos eletrificados, o que reduz custos em saúde pública e permite aumentar investimentos.
Um ponto debatido a partir de perguntas de espectadores foi a qualidade de trabalho dos entregadores: como transformar o “boom” do delivery em remuneração e bem-estar para quem está na ponta do processo?
Hannas comentou que em São Paulo a CCR criou um ponto de apoio para entregadores de empresas de delivery no qual eles podem guardar mochilas, recarregar o celular, aquecer alimentos, guardar as bikes e usar o banheiro. Mourad também opinou: “Se as pessoas da ponta do delivery não receberem bem, elas vão fazer outra coisa”.
Assim como Jarrus Junior, Somma apresentou o possível fim do carro. Mas esse não é um caminho óbvio, já que o automóvel oferece algo único, sendo o modal mais conveniente para a mobilidade porta a porta.
O MaaS Global, apresentado durante o evento, pretende dar o mesmo nível de conforto e praticidade, convencendo quem dirige a deixar o carro na garagem. O serviço é focado em transformar mobilidade em assinatura, em um sistema parecido com o da Netflix, mas em vez de filmes oferece viagens urbanas.
A empresa, nascida na Finlândia, mostrou que 72% dos usuários de transporte coletivo preferem usar o carro particular no Brasil, o que está intimamente ligado à falta de qualidade do serviço. Por isso, soluções em mobilidade podem ser vitais para reverter a cultura carrocentrada.
Como criar um futuro sustentável pensando nos motoristas? Esse foi o ponto de partida de Hipolito, diretor do DriverLAB da 99. O especialista defendeu que a Aliança pela Comunidade Sustentável, liderada pela 99, pretende contribuir para isso.
Da Califórnia (EUA), Jacobs apontou que quem trabalha nesse ramo há décadas, como ele, fica um pouco frustrado com o ritmo das transformações em termos ambientais e humanos, já que nem sempre se avança como o desejado por uma série de questões. A falta de estrutura para veículos elétricos no Brasil, por exemplo, chama a atenção: enquanto aqui há lentidão em eletrificar a frota, a 99 tem 1 milhão de carros elétricos rodando pelo app na China.
Para Hipolito, esse é um problema do ecossistema da mobilidade. O gargalo reside hoje em permitir que os motoristas comprem ou aluguem carros, mas a longo prazo os custos compensam. Isso foi feito na China anos atrás, e hoje a empresa colhe os frutos desse movimento.
Jacobs apontou a importância do setor público induzindo o processo de eletrificação da frota em Shenzhen, cidade pouco maior que São Paulo. Em menos de 40 anos, foi possível alavancar a eletrificação da frota graças a um trabalho conjunto entre os setores público e privado. Essa é uma experiência que tem muito a ensinar ao Brasil.
O Estadão Summit Mobilidade continua até sexta-feira (20). Inscreva-se agora. É online e gratuito.
Fontes: Summit Mobilidade Urbana 2022