Como a Inteligência Artificial pode revolucionar o trânsito e garantir uma melhor mobilidade urbana?
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Quando assistimos a filmes antigos de ficção científica que se passam depois dos anos 2000, é fácil achar graça da imaginação dos artistas. Carros voadores, veículos autônomos, cidades sendo controladas remotamente, mas tudo isso ainda parece distante. Porém, o fato de não convivermos com “robôs” controlando o dia a dia, não significa que a Inteligência Artificial (IA) não desempenhe um papel bem mais fundamental do que imaginamos.
Os avanços tecnológicos estão cada vez mais significativos e mais rápidos, garantindo que novas ferramentas estejam disponíveis cotidianamente para diversos usos. Com isso, a IA deve transformar a educação no trânsito na próxima década, além de se consolidar como uma importante ferramenta de segurança para veículos, passageiros e cidades.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, por ano, 1,35 milhão de pessoas percam a vida no trânsito. O órgão afirma que os dados oficiais disponibilizados por governos tendem a ser subdimensionados, principalmente em países em desenvolvimento, onde há pouca estrutura de coleta e consolidação da informação.
Para enfrentar o problema, a OMS e a Organização das Nações Unidas lançaram o programa Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2021-2030. A meta é reduzir pela metade o número de fatalidades a nível mundial. A tecnologia e a inteligência artificial são personagens fundamentais para que a nova etapa do programa funcione.
Uma das iniciativas do programa é a AI for Road Safety (Inteligência Artificial Para Segurança no Trânsito). O programa é gerenciado pela International Telecommunication Union (ITU), órgão ligado a ONU, e promove a aplicação da IA em sistemas de segurança no trânsito. O projeto afirma que seis pilares são fundamentais para reduzir fatalidades nas estradas:
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A IA é fundamental para diversas ações de segurança e educação no trânsito. Antes mesmo de veículos com alta tecnologia embarcada, a IA é crucial para a consolidação de dados. Pode ser usada para melhorar a qualidade de compilação e de análise de informações, abastecendo a tomada de decisão sobre a regulamentação do trânsito.
Todos os seis pilares citados no programa do ITU podem ser beneficiados com uma coleta mais abrangente de dados. Assim, é possível afunilar o problema e entender quais pontos precisam ser melhorados, seja na formação dos condutores ou na melhora da infraestrutura urbana.
Quando a IA é aplicada a veículos, suas possibilidades de atuação aumentam. Ela consiste em uma tecnologia dotada do poder de analisar uma grande quantidade de informações para resolver problemas da forma como humanos resolveriam, ou até melhor. Com o desenvolvimento de câmeras e computadores de bordo, os veículos autônomos podem tomar decisões como manter determinada distância de certos objetos ou outros veículos, frear em casos de emergência, mudar de faixa e muito mais.
Falta pouco para que veículos completamente autônomos se popularizem nas cidades — várias marcas têm projetos em fase de testes, e o grau de autonomia tem aumentado. Em breve, até veículos de transporte publico poderão fazer viagens completas de forma autônoma. Tudo isso pode limitar os acidentes por erros humanos, garantindo, por exemplo, a manutenção da velocidade dentro dos limites permitidos.
Outra potencialidade da IA é em relação à melhora nos primeiros socorros. O escaneamento de imagens pode indicar aos primeiros respondedores a melhor maneira de agir com as vítimas antes da chegada aos hospitais.
Sensores e câmeras nas cidades também podem garantir uma maior obediência às leis de trânsito, já que fica cada vez mais fácil controlar de forma intensiva eventuais infrações. Além disso, semáforos inteligentes e um controle da engenharia de trafego podem, por exemplo, desviar o fluxo de locais de acidente. A IA pode prever padrões de deslocamento no trânsito e, com isso, podem ser usadas ferramentas para, também, reduzir os congestionamentos e seus efeitos nocivos.
Percebe-se que a IA e a tecnologia irão revolucionar a segurança do trânsito em pouco tempo. Porém, uma das grandes preocupações da OMS é que estas ferramentas não estarão à disposição para boa parte do planeta. Países em desenvolvimento ainda sofrem com frotas antigas, veículos com pouca tecnologia embarcada, menor infraestrutura urbana e menos acesso às tecnologias de análise de dados. Ferramentas que podem ser fundamentais para a segurança, como o controle de estabilidade, sequer estão disponíveis em veículos produzidos em muitos países.
Os esforços da ONU e da OMS são no sentido de popularizar as ferramentas de IA que podem mudar a segurança e a educação no trânsito. Os projetos criam roteiros para que governos, a iniciativa privada e até órgãos da sociedade civil possam implementar medidas para melhorar a mobilidade.
Fonte: OMS, Aiforgood, Gravitas AI, Mind TItan, ClickWorker, Stefanini, Forbes, AI For Road Safety – ITU, UN – Roadmap for Digital Cooperation