Brasil produz dois minerais que são essenciais para a fabricação das baterias de carros elétricos
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A demanda por matérias-primas usadas para a produção de baterias de carros elétricos deve aumentar, segundo a Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). O Brasil é um dos grandes produtores de dois dos principais minérios utilizados na fabricação das baterias e pode ser beneficiado com a transição da matriz energética da indústria automobilística.
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Os investimentos globais em produção de energia verde geram em torno de US$ 600 bilhões por ano em média, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA). As baterias recarregáveis têm um papel central no caminho para um sistema energético de baixo carbono. O mercado de lítio, material mais comum dessas baterias, movimentou US$ 7 bilhões em 2018 e pode alcançar a marca de US$ 58 bilhões em 2024.
O crescimento dessa demanda abrirá oportunidades no mercado para vários países fornecerem os materiais de baterias elétricas. Porém, para tanto, os países devem procurar desenvolver a cadeia produtiva do setor. O Brasil, por exemplo, detém 24% das reservas de grafite, mas apenas 10% da produção mundial e 6% das exportações. Em comparação, a China, com 25% de reservas, exporta 64% do total mundial.
As reservas de matérias-primas para baterias de carros estão concentradas em poucos países. Quase 50% das reservas mundiais de cobalto estão no Congo, 58% das reservas de lítio estão no Chile. O Brasil, a Turquia e a China concentram 80% das reservas naturais de grafite, enquanto 75% das reservas de manganês estão na Austrália, no Brasil, na África do Sul e na Ucrânia.
A produção altamente concentrada, suscetível à ruptura por instabilidade política e impactos ambientais adversos, suscita preocupações sobre a segurança do fornecimento de matérias-primas aos fabricantes de baterias.
A fabricação de eletrodos positivos para baterias de carros é dominada por países da Ásia. Em 2015, a China representava aproximadamente 39% do mercado global, o Japão, 19% e a Coreia do Sul, 7%.
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Processamento e refino adicionais são feitos principalmente em refinarias na Bélgica, China, Finlândia, Noruega e Zâmbia para obter os produtos finais usados em baterias recarregáveis, bem como para outras aplicações.
O relatório da IEA alerta que as interrupções no fornecimento podem levar a mercados mais apertados, preços maiores e custos mais altos de baterias de carros, afetando a transição global para a mobilidade elétrica de baixo carbono.
O relatório destaca os impactos sociais e ambientais da extração de matérias-primas para baterias de automóveis e a necessidade urgente de resolvê-los. Por exemplo, cerca de 20% do cobalto fornecido pelo Congo vêm de minas artesanais, onde foram relatados casos de trabalho infantil.
No Chile, a mineração de lítio utiliza quase 65% da água na região de Salar de Atacama, uma das áreas mais desérticas do mundo, para bombear salmões de poços perfurados. Isso causou o esgotamento e a poluição das águas subterrâneas, forçando os agricultores locais de quinoa e os pastores de lhama a migrar, abandonando os assentamentos ancestrais. O movimento também contribuiu para a degradação do meio ambiente, danos à paisagem e contaminação do solo.
Uma transição para uma economia com baixa emissão de carbono só será totalmente sustentável se a tecnologia para a extração de minerais não produzir desigualdades e injustiça social. Os impactos ambientais adversos podem ser reduzidos aumentando o investimento em tecnologias usadas para reciclar baterias recarregáveis usadas, de acordo com o relatório.
Fonte: ONU, Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), Agência Internacional de Energia (IEA).
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