Carros autônomos transportam passageiros em Nova York

9 de março de 2020 4 mins. de leitura

Serviço gratuito desloca passageiros por complexo industrial da cidade

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Os veículos autônomos são a promessa da próxima revolução do transporte de pessoas e mercadorias. Segundo dados do Departamento de Transportes dos Estados Unidos, 80 empresas em 36 estados testam mais de 1,4 mil veículos autônomos no país.

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Em Nova York, maior cidade estadunidense, 6 veículos desse tipo estão sendo testados, mas ainda estão longe do trânsito urbano intenso, com carros, bicicletas e pedestres.

Veículos elétricos do modelo Polaris, adaptados com scanners a laser, câmeras, GPS e um sofisticado sistema de computador, fazem o transporte de passageiros dentro do complexo industrial Brooklyn Navy Yard, que tem área maior que 1 km² e abriga 400 empresas e 10 mil trabalhadores.

Os carros fazem um percurso pré-estabelecido de 2 km entre o rio East, na parada do Nova York City Ferry, e a entrada do complexo, que fica na Cumberland Gate, na Flushing Avenue, umas das principais vias do bairro.

(Fonte: Optimus Ride/Divulgação)

Com menos restrições e regulamentações que as ruas de Nova York, a área privada tem se tornado um laboratório para tecnologias urbanas. O programa Citi Bike, da plataforma de compartilhamento de bicicletas, foi testado no local, e drones têm sido usados para realizar inspeções em edifícios.

Os veículos têm a capacidade de transportar 4 pessoas e podem chegar a até 40 km/h, mas estão programados para não ultrapassar 24 km/h e obedecer às regras de trânsito. O Polaris autônomo tem a habilidade de parar para pedestres e ciclistas e de contornar veículos e obstáculos na via.

O transporte está disponível gratuitamente, todos os dias, entre 7 horas da manhã e 10 e meia da noite para trabalhadores e visitantes do complexo. Dois profissionais, um motorista de segurança e um operador de software acompanham cada viagem para coletar dados para o desenvolvimento do sistema de direção autônoma e intervir se necessário.

(Fonte: Optimus Ride/Divulgação)

O serviço é fruto de uma parceria público-privada, com previsão de inicial de dois anos, entre a Brooklyn Navy Yard Development Corporation, organização responsável por operar o complexo industrial, e a Optimus Ride, uma startup fundada em 2015 por cinco pesquisadores e graduados do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Nenhum recurso público foi envolvido na parceria. Por questões de sigilo contratual, o valor global do serviço não foi divulgado.

A Optimus Ride é especializada em operação de transporte com carros autônomos em ambientes fechados. Com sede e principais operações no parque industrial de Seaport, em Boston, onde há um ecossistema de robótica bem desenvolvido, a empresa já realizou mais de 20 mil viagens.

Fora de sua sede, além de Nova York, a companhia oferece o serviço com veículos autônomos em vias privadas em uma comunidade de aposentados em Fairfield, na Califórnia, e em um distrito de uso misto em Reston, na Virgínia.

Longe das ruas de Nova York

Nas ruas, por enquanto, apenas duas empresas se aventuram a fazer experimentos desde que a regulamentação de teste de veículos autônomos foi aprovada pelo estado de Nova York, em 2017.

Para as ações, a lei estabelece que a empresa solicite uma liberação no Departamento de Veículos Motorizados (DMV, em inglês), escolta policial durante todo o trajeto, além do acompanhamento de um motorista habilitado, treinado para intervir caso seja necessário.

O pagamento de um seguro de 5 milhões de dólares também é exigido, o que inibe pequenas empresas, mas não é obstáculo para grandes companhias.

No mesmo ano da regulamentação, a Audi fez o primeiro teste oficial com direção autônoma no estado, em um percurso de 270 km com duração de 7 horas. Um segundo teste foi realizado pela Cadillac com 9 veículos que partiram de sua sede global, na cidade de Nova York, para Nova Jersey, uma distância de pouco mais de 100 km.

Relatórios do DMV indicaram que não houve problemas de segurança em ambos os testes. Mesmo assim, fatores complicadores, como a densidade da cidade e a diversidade de outros atores, fazem com que os veículos autônomos fiquem, no momento, longe das ruas de Nova York.

Em um ambiente caótico, os carros guiados por computador talvez sejam os únicos que sigam estritamente as regras de trânsito, mas ainda não conseguem antecipar o comportamento humano no tráfego intenso de uma grande cidade.

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