Quais são os riscos de usar o piloto automático?

22 de abril de 2020 5 mins. de leitura

Confiança excessiva do motorista nessa funcionalidade pode acarretar acidentes graves

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Muitas são as empresas que têm investido pesado no desenvolvimento de carros autônomos e semiautônomos, buscando trazer mais comodidade para os seus proprietários.

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Contudo, de acordo com um estudo feito pela Euro NCAP, programa de segurança automóvel da União Europeia, há muito ainda o que refletir quando o assunto é a segurança dos atuais carros que contam com piloto automático.

Segundo o levantamento, existe uma compreensão errada dos motoristas sobre o funcionamento dessa tecnologia nos modelos disponíveis no mercado. O desconhecimento de como funcionam os pilotos automáticos em carros pode resultar graves acidentes.

Testes em carros com piloto automático

A Euro NCAP teve seu início em 1997, tornando-se responsável por fazer testes de segurança em modelos que são vendidos na Europa. Seu intuito é garantir que os cidadãos tenham produtos de qualidade e que não representem risco de vida para os condutores, passageiros e pedestres.

A entidade usa suas análises para premiar aqueles modelos que apresentam o melhor desempenho de segurança, com pontuação que vai de zero a cinco estrelas, servindo para as próprias montadoras como uma maneira de promover as suas marcas.  

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Em 2018, a Euro NCAP promoveu um estudo chamado #TestingAutomation, visando avaliar qual era a real capacidade que os modelos de carro fabricados até então tinham de serem autônomos, tanto de forma parcial quanto total. Em parceria com a Global NCAP e a Thatcham Research (organização inglesa sem fins lucrativos), a entidade fez uma pesquisa com os consumidores e percebeu, por exemplo, que mais de 70% dos motoristas acreditam que já é possível comprar um carro 100% autônomo.

Carros modernos têm dispositivos que ajudam o motorista, mas que não os libera para largar o volante. (Fonte: Shutterstock)

Na contramão do que pensam os condutores, os testes feitos durante o estudo mostraram que nenhum carro do mercado dispõe de tecnologia com autonomia total. Os modelos de carro com piloto automático testados apresentam apenas sistemas que prestam assistência ao motorista, mas em nenhum momento o piloto fica sem responsabilidade pela direção.

Até agora, esses sistemas de piloto automático auxiliam na condução, mas precisam que o motorista mantenha as mãos no volante. Algumas dessas ferramentas automáticas podem ter diversas funcionalidades, como manter a distância segura entre os outros veículos, frear ao detectar um obstáculo, permanecer em uma velocidade constante, impedir que o carro cruze a faixa etc.

Riscos do piloto automático em carros

O problema encontrado entre a percepção do público e a realidade da tecnologia de piloto automático disponível está no fato de que os motoristas podem estar em perigo por acharem que têm nas mão algo que “dirigirá por eles”, quando na verdade o condutor do veículo autônomo precisará estar atento à pista. Além disso, qualquer acidente que decorra do fato de ele não assumir o controle do veículo será de sua total responsabilidade.

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O controle automático de alguns carros pode, ao invés de ajudar, prejudicar a direção. Dessa forma, alguns motoristas podem ficar indecisos na hora de tomar uma decisão ou até mesmo se confundirem com alguma ação que devam fazer, o que pode levá-los a causar um acidente.

Outro ponto importante é que, com essa noção errada de que os carros já têm autonomia suficiente, os motoristas correm mais o risco de se distraírem, seja no celular, navegando nos painéis interativos dos carros e até com pessoas ou animais que estejam em sua companhia.

Ainda não é possível fazer outras atividades enquanto o piloto automático está ativo. (Fonte: Shutterstock)

No final de 2019, um Tesla Model 3 provocou um acidente ao bater em uma viatura policial que estava parada ajudando um carro que havia apresentado defeito. No depoimento, o motorista relatou que havia ligado o Autopilot – piloto automático da marca – para verificar, no banco de trás, como estava o seu cachorro. Não houve feridos, mas esse é um exemplo do que a confiança no piloto automático do carro autônomo precisa de cautela, pois a sua função ainda é a de auxiliar o motorista, e não liberá-lo da condução.  

Esforços múltiplos

A responsabilidade, por mais que seja do motorista, precisa ser estendida também às fabricantes, pois a concorrência entre elas pode fazer com que a mensagem seja passada de forma errada, dando a entender que o carro autônomo permite ao motorista largar o volante e se distrair com outras atividades.

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Baseada em um relatório do Conselho de Segurança da Holanda, a European Transport Safety Council (ETSC) – organização que busca fomentar na Europa a segurança no trânsito – declarou que uma de suas preocupações é a falta de transparência de algumas fabricantes quanto à eficácia dos sistemas de piloto automático em seus carros autônomos, bem como da sua capacidade e funcionalidade.

Além disso, a entidade ressalta a importância de haver uma rígida supervisão regulatória e o devido treinamento dos motoristas para lidar com a tecnologia de controle automático de carros. Em consonância, a Euro NCAP aponta que a regulamentação é um dos fatores mais importantes para garantir que o uso desses sistemas seja seguro, principalmente pelo rápido avanço dessas tecnologias.

Fonte: Euro NCAP, ETSC.

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