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Como Toronto virou referência em caminhabilidade?

5 de maio de 2020 5 mins. de leitura
Planejamento urbano de Toronto deixou de priorizar veículos em benefício dos pedestres

Considerada uma das cidades mais multiculturais do mundo, com 5,5 milhões de habitantes, Toronto (Canadá) encontrou uma maneira de transformar o espaço urbano em um impulsionador da vitalidade econômica e social da cidade.

O município definiu um caminho para uma mudança radical de um modelo rodoviarista para um desenho urbano que promove a caminhabilidade.

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Como muitas do mundo, a metrópole canadense priorizou durante anos os automóveis particulares em seu planejamento em detrimento do ciclismo e de deslocamentos a pé. Como consequência, a maior cidade do país registrou 93 mortes de pedestres e ciclistas entre 2016 e 2017; para tentar reduzir esse número, as autoridades locais colocaram em curso a Toronto Walking Strategy, um plano para apoiar e incentivar caminhadas.

Sinalização de trânsito efetiva oferece segurança e fluidez ao trânsito

A estratégia reforça que “todos são pedestres”. Ainda que as pessoas utilizem outros modais, como transporte coletivo, carros ou bicicletas, os trechos começam a pé — o espaço urbano, dessa forma, precisa ser acessível para todos. E os pedestres são a prioridade de segurança dos projetos das ruas, uma vez que são os mais vulneráveis e têm as maiores taxas de morte entre os usuários das vias públicas.

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O plano fez com que a cidade recebesse reconhecimento internacional pelas iniciativas promovidas em favor da caminhabilidade. O município foi além e criou o Toronto Urban Design Awards, uma premiação para reconhecer medidas e projetos de arquitetos, urbanistas, artistas e estudantes para a habitabilidade local.

Desenho urbano voltado para o pedestre

(Fonte: ValeStock / Shutterstock)

Para incentivar as caminhadas, o desenho urbano de Toronto tem como prioridade o desenvolvimento de uma rede de calçadas com espaços exclusivos para pedestres, separados de veículos motores e bicicletas. As diretrizes de mobilidade urbana da cidade incluem rotas a pé com caminhos contínuos, claros, diretos e sem obstruções.

Acessibilidade e segurança para todos

Além de as calçadas terem largura adequada para atender a todos os tipos de pessoas, incluindo cadeirantes e idosos, locais próximos a escolas e áreas com muita circulação tiveram redução da velocidade máxima permitida para os veículos. Zonas seguras para idosos foram criadas e sinalizadas próximo a serviços específicos para essa faixa etária, no intuito de alertar motoristas e proporcionar maior segurança.

Continuidade das rotas a pé

Em Toronto, a faixa de pedestres não é sinalizada com listras brancas pintadas no asfalto, que podem ser até escorregadias quando chove; a travessia é feita com o mesmo material e altura das calçadas, dando mais conforto para os usuários, com uma sinalização clara de continuidade do caminho, indicando que aquele espaço é destinado também a pessoas, e não somente a veículos.

Interação entre as pessoas e o espaço urbano

As calçadas são espaços públicos que incentivam a interação de pessoas com ambientes agradáveis repletos de cadeiras, cafés, artes, iluminação e até pontos para comunicação pública e comunitária.

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Na cidade canadense, os caminhos são destinados a “mensagens públicas”, que podem ser utilizadas por qualquer um. Placas também explicam sobre mudanças estruturais que estejam em discussão ou em curso no espaço urbano e dão informações históricas sobre vários pontos do município.

Caminhos verdes

A qualidade do ambiente contribui para a saúde mental e psicológica da população e incentiva a permanência em espaços coletivos e deslocamentos a pé. A infraestrutura para pedestres inclui árvores e jardins de chuva, para gerenciar a água dos rios.

Manutenção fácil

A estratégia para a caminhabilidade de Toronto estabelece que todos esses elementos devem ser pensados com materiais e designs duráveis e fáceis de manter. Serviços como armazenamento de neve, coleta de lixo e reciclagem, reparos e manutenções são projetados para terem o mínimo de impacto nos pedestres.

Alternativa para o inverno

(Fonte: Shutterstock)

No inverno, as temperaturas na cidade podem chegar a -20 °C, impossibilitando a circulação de pedestres pelas calçadas. Como alternativa, foi criada uma rede subterrânea de acesso a pé ao centro financeiro, onde se concentram os empregos e as pessoas. Os caminhos em galerias têm lojas, bancos, restaurantes e outros serviços.

Fonte: Mobilize, Prefeitura de Toronto, Daily Hive, Harvard, Contiki.

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