Relatório que reúne experiências em 12 cidades traz sugestões e mudanças ao se adotar o compartilhamento de bicicletas
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O modelo de bicicletas compartilhadas sem docas, com veículos que podem ser estacionados e desbloqueados em qualquer lugar da cidade, é um sucesso na China. Depois de uma grave crise por erros estratégicos que resultaram em pedidos de reembolso do público e milhares de bikes paradas sem utilidade, o país repensou o modelo e hoje aproveita os resultados.
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A volta por cima serve de exemplo. Mas o que foi feito para o resultado ser tão positivo? O World Resources Institute realizou uma extensa pesquisa em 12 cidades chinesas para saber exatamente o impacto desse sistema de micromobilidade nos seguintes temas: mudanças no deslocamento, saúde pública, redução de emissões e segurança nas rodovias. Separamos a seguir alguns dos ensinamentos do relatório.
Uma das consequências do bikesharing sem docas nas cidades chinesas foi a confirmação de que o público utiliza mais de uma forma de transporte para se deslocar e que o compartilhamento de bicicletas amplia essa conectividade.
O estudo confirma que o público pode não fazer o trajeto inteiro no veículo compartilhado, mas ele é parte importante do caminho: 54% dos entrevistados afirmaram que o utilizam para se conectar a outros modais, deixando o carro em casa e preferindo transportes públicos como complemento.
Uma das lições deixadas por esse tópico envolve a distribuição de bicicletas pela cidade, com a demanda sendo maior em grandes terminais e pontos mais movimentados ou de conexões, por exemplo.
Apesar de o sistema ser elogiado e bem-sucedido em todas as cidades estudadas, o contexto delas é específico: cada região responde de um jeito à quantidade de bicicletas e ao espalhamento delas pela área. Por isso, é importante não achar que uma fórmula pronta que resultou em ótimos números em um município necessariamente servirá para outro.
Infraestrutura disponível, hábitos do consumidor e até interesse da população devem ser levados em conta antes da implementação do bikesharing sem docas. A criação de uma metodologia específica que avalie o desempenho do serviço é essencial e deve envolver a manutenção dela periodicamente.
O relatório indica também que a educação é um ponto importante na implementação de bicicletas compartilhadas, e isso envolve capacitar clientes, funcionários e até quem apenas compartilha a via com as bikes em diversos tópicos.
Isso envolve tanto conceitos básicos de mobilidade quanto orientações sobre o estacionamento das bicicletas, para que não dificultem a passagem de pedestres em calçadas, por exemplo.
Implementar sistemas de trava, liberação e gerenciamento por aplicativo entre as empresas para não confundir o público é outra lição aprendida com as organizações atuantes na China.
No estudo, o dado mais preocupante foi em relação à percepção de segurança de quem utiliza a bicicleta compartilhada sem docas. Somente 7% dos consumidores afirmaram que se sentem seguros durante a pedalada, o que significa que políticas públicas e ações das empresas de bikesharing devem ser direcionadas à segurança como prioridade.
Os problemas envolvem falta de infraestrutura adequada nas cidades, educação no trânsito para motoristas em vias compartilhadas e até medo de acidentes por falta de equipamentos de segurança.
Esse tópico está diretamente relacionado com o item anterior, já que o investimento em ciclovias e ciclofaixas amplia não só a quantidade de ciclistas nas ruas, mas também a procura pelo aluguel de bicicletas compartilhadas sem docas por quem não tem um modelo próprio.
Em outras palavras, não basta que empresas implementem o serviço e o consumidor esteja disposto a alugá-lo; o contato constante com secretarias de transporte é essencial para sincronizar planos de desenvolvimento de micromobilidade com a ampliação de serviços como o bikesharing.
Fonte: WRI.
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