Por que agências de trânsito precisam engajar jovens passageiros?

24 de novembro de 2022 5 mins. de leitura

Agências de trânsito tentam se aproximar de jovens passageiros para melhorar a qualidade do serviço

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A população jovem é a maior vítima dos perigos do trânsito no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 1,3 milhão de pessoas morrem anualmente em acidentes de trânsito, se tornando essa a principal causa de morte entre pessoas de 5 a 29 anos.

Mesmo sendo os mais afetados pela situação atual da mobilidade urbana, os jovens têm poucos espaços de inserção nas políticas públicas de segurança nas ruas. Além disso, as agências de trânsito também têm dificuldade de engajar os jovens passageiros nos seus meios de comunicação e têm perdido clientes para o transporte privado. Mas será que o debate de mobilidade urbana pode tornar os jovens passageiros em protagonistas de mudanças?

Para refletir sobre a possibilidade das agências de trânsito conseguirem ser mais atrativas para as novas gerações com suas especificidades, trouxemos exemplos de práticas que geraram bons resultados, bem como as sugestões da OMS para conscientizar e trazer os jovens passageiros para o centro dos debates.

É importante ouvir os jovens para melhorar a qualidade do transporte público. (Fonte: Pexels/Reprodução)

Manual para impactar as políticas de trânsito

Em resposta ao número preocupante de mortes no trânsito, a OMS definiu a década de 2021 a 2030 como a Década de Ação Global pela Segurança no Trânsito. A ação prevê uma série de projetos que visam diminuir pela metade o número de óbitos no trânsito pelo mundo. Deste projeto, nasceu a Youth For Road Safety (YOURS), em português Juventude Pela Segurança nas Estradas. A organização surgiu com o objetivo de integrar jovens de todo o mundo nos espaços de poder de decisão sobre o trânsito local.

Depois de uma série de projetos, a YOURS divulgou um manual para o auxílio na criação de políticas públicas de trânsito. Para a organização, a ausência de jovens nos espaços deliberativos faz com que uma série de demandas legítimas não seja pensada, aumentando o risco na tomada de decisão dos jovens no trânsito. O documento traz muitos dados sobre segurança no trânsito e como garantir a qualidade de serviços para passageiros. Além disso, são oferecidas informações sobre como levar demandas para o poder local.

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Conscientizando e conquistando espaços

Outra ação que conscientizou e levou demandas de jovens passageiros para o poder público foi a realizada pelo Projeto Geração que Move, parceria do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) com a Abertis. O projeto registrou em vídeo a rotina de 140 jovens de áreas carentes de São Paulo e do Rio de Janeiro, apresentando suas rotinas e desafios com o deslocamento pelas cidades. Depois de oficinas de conscientização e de propostas de solução, os jovens realizaram intervenções urbanas, conversas e abordagens com os moradores, além de promover o diálogo com mais de 200 gestores públicos. Assim, as demandas e propostas dos jovens chegaram ao debate político das cidades.

Transporte público precarizado e sem segurança traz risco de assédio para jovens. (Fonte: Pixabay/Reprodução)

Agências de transporte tentam aproximação com jovens passageiros

O Muni, sistema de transporte público de San Francisco, nos Estados Unidos, criou uma iniciativa para se aproximar da população jovem e entender as demandas e o motivo da preferência deles por outros transportes. Para conseguir promover essas discussões, o órgão percebeu que não bastava chamar jovens para participar das reuniões da comissão tradicional, foi preciso criar uma comissão voltada para os jovens. Nestes encontros, surgiram as denúncias da falta de segurança no sistema e da constante sensação de assédio que muitos sentiam.

Um estudo importante, realizado nos Estados Unidos, também evidencia a dificuldade das agências de trânsito em adequar sua comunicação para os jovens passageiros. Autumn Shafer e Jared Macary produziram o artigo Engaging Youth to Increase their Transportation System Support, Understanding, and Use. Os autores realizam pesquisas qualitativas com grupos focais de jovens usuários do sistema público de transporte de Portland.

A pesquisa indicou melhor receptividade às mensagens enviadas pela agência de transporte quando elas são adequadas ao público. A maioria dos jovens não gostava de receber mensagens, mesmo quando elas poderiam ser relevantes para sua rotina e itinerário. Quando os conteúdos foram reformulados estrategicamente, usando humor, imagens e referências atualizadas, o interesse aumentou significativamente.

Diversas agências pelo mundo já perceberam a importância de estar nas redes sociais, por exemplo. Entretanto, para alcançar de forma efetiva o público jovem, é preciso saber quais são suas dores antes de se comunicar. Para que isso ocorra, é necessário que pessoas da faixa etária participem da construção de novas propostas e formas de se comunicar.

Quer saber mais? Confira aqui a opinião e a explicação de nossos parceiros especialistas em Mobilidade.

Fonte: Observatório Nacional de Segurança Viária, Youth For Road Safety (OMS)

Organização Mundial da Saúde, International Road Assessment Programme – iRAP, Conass

UNICEF, Mobilize, Next City, Portland State University

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