Menor índice de acidentes pode ser mantido com estratégias de urbanismo tático
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Com a redução da circulação de veículos durante o período de quarentena, o número de acidentes e vítimas de trânsito despencou em várias cidades brasileiras. Alguns municípios chegaram a registrar queda de 50% no período.
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A diminuição do número de vítimas de trânsito ajudou a frear a pressão sobre o Sistema Único de Saúde. Por ano, o tratamento de pacientes vindos de acidentes nas ruas representa a ocupação de 231 mil leitos, com custo de R$ 52 bilhões, de acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Com as ruas vazias, as cidades têm atuado para remodelar seus sistemas de mobilidade urbana, promovendo uma mobilidade mais ativa e sustentável.
As fatalidades causadas por acidentes de trânsito podem ser evitadas por meio de políticas de mobilidade que coloquem a vida humana em primeiro plano. Uma série de ações estratégicas devem ser adotadas para proteger motociclistas, ciclistas e pedestres, vítimas de metade de todos os acidentes fatais de trânsito.
Medidas integradas de um sistema de mobilidade seguro têm potencial de reduzir os riscos de ocorrências trágicas, ao diminuir a frequência e a distância de deslocamentos. O relatório Sustentável e Seguro, lançado pelo WRI Ross Center for Sustainable Cities e pelo Banco Mundial, apresenta algumas medidas que podem ser adotadas pelas cidades para reduzir os acidentes de trânsito.
A velocidade é um dos principais agravantes das fatalidades causadas por acidentes de trânsito. A redução dos limites de velocidade em uma via afeta pouco o tempo dos deslocamentos urbanos, mas tem um impacto direto na redução das vítimas. Um estudo sueco mostra que a cada 1% de aumento de velocidade, os acidentes fatais crescem 4%.
Velocidades mais baixas aumentam o tempo de resposta dos motoristas a eventos inesperados que podem causar colisões. Ao mesmo tempo, a velocidade reduzida torna mais fácil para transeuntes, como pedestres e ciclistas, a observação da movimentação dos automóveis.
O desenho das ruas, com calçadas mais largas, vias mais estreitas para os carros e espaços exclusivos para ciclistas, ajuda a separar pessoas vulneráveis dos veículos e tornar as vias mais adequadas a todos. Essas ações podem ser adotadas de forma rápida e barata, por meio do urbanismo tático.
Além disso, faixas de pedestres elevadas e lombadas são eficazes para deixar o trânsito mais seguro, em especial perto de zonas residenciais, escolas e hospitais. Essas ações também desincentivam os motoristas a acelerarem, diminuindo a possibilidade de infortúnios.
O transporte coletivo de alta qualidade é mais seguro que se locomover de carro. Em regiões planejadas com orientação para o transporte coletivo, a taxa de mortes em acidentes de trânsito é cerca de um quinto menor do que a daquelas planejadas para o carro. Sistemas eficientes de Bus Rapid Transport (BRT), por exemplo, podem reduzir até pela metade os acidentes de trânsito.
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Diversas opções de mobilidade devem ser integradas para desincentivar o uso dos veículos privados. Políticas de cobrança para a circulação de automóveis e a restrição de estacionamento nos espaços urbanos devem ser realizadas, enquanto são abertas novas ciclovias e linhas de transporte público de forma integrada.
As campanhas de alerta para perigos e fatalidades do trânsito devem ser constantes. No entanto, as medidas de educação no trânsito precisam ser acompanhadas de fiscalização rigorosa e atividades de conscientização. As ações podem alcançar desde alunos de escolas até profissionais com interface direta com as ruas, como urbanistas, engenheiros, profissionais de saúde e policiais.
Fonte: WRI Brasil, The City Fix, Lundo Institute of Technology
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