Como manter a queda nos acidentes de trânsito após a quarentena?

7 de agosto de 2020 4 mins. de leitura

Menor índice de acidentes pode ser mantido com estratégias de urbanismo tático

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Com a redução da circulação de veículos durante o período de quarentena, o número de acidentes e vítimas de trânsito despencou em várias cidades brasileiras. Alguns municípios chegaram a registrar queda de 50% no período.

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A diminuição do número de vítimas de trânsito ajudou a frear a pressão sobre o Sistema Único de Saúde. Por ano, o tratamento de pacientes vindos de acidentes nas ruas representa a ocupação de 231 mil leitos, com custo de R$ 52 bilhões, de acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). 

Com as ruas vazias, as cidades têm atuado para remodelar seus sistemas de mobilidade urbana, promovendo uma mobilidade mais ativa e sustentável. 

Como reduzir acidentes

As fatalidades causadas por acidentes de trânsito podem ser evitadas por meio de políticas de mobilidade que coloquem a vida humana em primeiro plano. Uma série de ações estratégicas devem ser adotadas para proteger motociclistas, ciclistas e pedestres, vítimas de metade de todos os acidentes fatais de trânsito.

Medidas integradas de um sistema de mobilidade seguro têm potencial de reduzir os riscos de ocorrências trágicas, ao diminuir a frequência e a distância de deslocamentos. O relatório Sustentável e Seguro, lançado pelo WRI Ross Center for Sustainable Cities e pelo Banco Mundial, apresenta algumas medidas que podem ser adotadas pelas cidades para reduzir os acidentes de trânsito.

Redução de limites de velocidade

Aumento de velocidade tem relação direta com crescimento de fatalidades no trânsito. (Fonte: Shutterstock)

A velocidade é um dos principais agravantes das fatalidades causadas por acidentes de trânsito. A redução dos limites de velocidade em uma via afeta pouco o tempo dos deslocamentos urbanos, mas tem um impacto direto na redução das vítimas. Um estudo sueco mostra que a cada 1% de aumento de velocidade, os acidentes fatais crescem 4%.

Velocidades mais baixas aumentam o tempo de resposta dos motoristas a eventos inesperados que podem causar colisões. Ao mesmo tempo, a velocidade reduzida torna mais fácil para transeuntes, como pedestres e ciclistas, a observação da movimentação dos automóveis.

Redesenho das ruas

O desenho das ruas, com calçadas mais largas, vias mais estreitas para os carros e espaços exclusivos para ciclistas, ajuda a separar pessoas vulneráveis dos veículos e tornar as vias mais adequadas a todos. Essas ações podem ser adotadas de forma rápida e barata, por meio do urbanismo tático.

Além disso, faixas de pedestres elevadas e lombadas são eficazes para deixar o trânsito mais seguro, em especial perto de zonas residenciais, escolas e hospitais. Essas ações também desincentivam os motoristas a acelerarem, diminuindo a possibilidade de infortúnios.

Mobilidade integrada

Sistemas de BRT são capazes de reduzir o número de acidentes nas ruas. (Fonte:  T photography/ Shutterstock)

O transporte coletivo de alta qualidade é mais seguro que se locomover de carro. Em regiões planejadas com orientação para o transporte coletivo, a taxa de mortes em acidentes de trânsito é cerca de um quinto menor do que a daquelas planejadas para o carro. Sistemas eficientes de Bus Rapid Transport (BRT), por exemplo, podem reduzir até pela metade os acidentes de trânsito.

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Diversas opções de mobilidade devem ser integradas para desincentivar o uso dos veículos privados. Políticas de cobrança para a circulação de automóveis e a restrição de estacionamento nos espaços urbanos devem ser realizadas, enquanto são abertas novas ciclovias e linhas de transporte público de forma integrada.

Educação é importante

As campanhas de alerta para perigos e fatalidades do trânsito devem ser constantes. No entanto, as medidas de educação no trânsito precisam ser acompanhadas de fiscalização rigorosa e atividades de conscientização. As ações podem alcançar desde alunos de escolas até profissionais com interface direta com as ruas, como urbanistas, engenheiros, profissionais de saúde e policiais.

Fonte: WRI Brasil, The City Fix, Lundo Institute of Technology

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