Mulheres são a maioria no transporte ativo e coletivo

27 de fevereiro de 2022 4 mins. de leitura

Conheça os desafios enfrentados por mulheres, que são a maioria em ônibus, em metrôs e na mobilidade ativa

Publicidade

O transporte ativo (a pé ou de bicicleta) e coletivo (ônibus, trens e metrôs) é dominado pelas mulheres nas cidades brasileiras — isso é o que apontam pesquisas sobre mobilidade urbana que introduzem o recorte de gênero. Enquanto isso, o deslocamento por veículos motorizados individuais é majoritariamente masculino.

O viés de gênero nos padrões de viagem pode ser notado tanto em países ricos quanto em desenvolvimento. Entretanto, a situação fica ainda mais visível na América Latina, onde mulheres são a maioria entre os usuários de trens, metrôs e ônibus.

Transporte ativo e coletivo

Mulheres usam mais o transporte ativo e coletivo, independentemente do país. (Fonte: Gabriella Clare Marino/Unsplash/Reprodução)
Mulheres usam mais o transporte ativo e coletivo, independentemente do país. (Fonte: Gabriella Clare Marino/Unsplash/Reprodução)

A Pesquisa Origem e Destino, realizada pelo Metrô de São Paulo a cada dez anos na capital paulista, aponta como a preponderância do público feminino no transporte ativo e coletivo é histórica. Em 2007, as principais viagens das mulheres eram realizadas por transporte público (39%) ou a pé e de bicicleta (38%), enquanto a maioria dos homens se deslocava por veículos individuais motorizados (35%).

Dez anos depois, a presença do público feminino continuava de forma majoritária no transporte ativo e coletivo, com 41% utilizando ônibus, trem ou metrô, e 35% percorrendo a cidade a pé ou de bicicleta. Já os homens aumentaram a participação no transporte motorizado individual, com 37% do total dos deslocamentos.

Leia também:

Por que elaborar política de gênero para a mobilidade urbana?

Covid-19: capitais criam rodízio de gênero para evitar aglomerações

Por que a mobilidade centrada no carro exclui as mulheres?

Deslocamento por automóveis

Mulher no volante é sinônimo de segurança no trânsito, apontam dados de acidentes e infrações. (Fonte: Jan Baborák/Unsplash/Reprodução)
Mulher no volante é sinônimo de segurança no trânsito, apontam dados de acidentes e infrações. (Fonte: Jan Baborák/Unsplash/Reprodução)

Um estudo qualitativo mais recente, produzido em 2021 pela Younder, revela mais detalhes dos deslocamentos das mulheres. A pesquisa aponta que, apesar de representarem 51,7% da população brasileira, elas são proprietárias de apenas 14% dos automóveis e de 6% das motocicletas.

Na cidade de São Paulo, as mulheres são responsáveis por dirigir em 13,7% dos deslocamentos. No caso dos homens, isso acontece em 26,4% das vezes. Apesar da cultura sexista, que tenta diminuir a habilidade das motoristas, 70% das infrações de trânsito são causadas por homens, que também são 82% das vítimas em casos de acidentes com morte.

O motivo para optar pelo carro é diferente entre os gêneros. O estudo aponta que 45% dos homens preferem se locomover por automóveis para ter maior controle dos horários de chegada e de saída. Já 40% das mulheres escolhem o veículo individual para garantir a privacidade.

Medo na mobilidade urbana

Vagões exclusivamente femininos no metrô buscam dar maior segurança às mulheres. (Fonte: Câmara Municipal de Belo Horizonte/Reprodução)
Vagões exclusivamente femininos no metrô buscam dar maior segurança às mulheres. (Fonte: Câmara Municipal de Belo Horizonte/Reprodução)

De acordo com a pesquisa, a escolha das mulheres pelo carro próprio com o objetivo de manter a privacidade indica que há pouco respeito no transporte público. Entre as brasileiras maiores de 18 anos, 97% afirmaram que já passaram por situações de assédio sexual, seja no transporte público, seja em táxis, seja nos carros por aplicativo.

Apesar de o assédio sexual ser considerado crime desde 2001, a prática é comum no transporte ativo e coletivo, mas dificilmente é punida. Com isso, 46% das mulheres não se sentem confiantes para usar meios de transporte sem sofrer esse tipo de abuso, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão.

Quer saber mais? Confira aqui a opinião e a explicação de nossos parceiros especialistas em mobilidade.

Fonte: Younder, Revistes UPC, Agência Patrícia Galvão.

127580cookie-checkMulheres são a maioria no transporte ativo e coletivo

Webstories