Auditorias tornam cidades mais seguras para mulheres

19 de agosto de 2020 4 mins. de leitura

Instrumento de coleta de dados criado no Canadá tem fomentado a inclusão de mulheres nos espaços urbanos

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Há muito tempo se discute de que maneira o planejamento urbano pode contribuir com a segurança e o bem-estar das mulheres. Para a pesquisadora Daphne Besen, analista do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), espaços públicos fisicamente mais seguros podem ajudar a reduzir a incidência de atos de violência e aumentar a sensação de segurança.

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Muitas mulheres são impedidas de ocupar espaços nos centros urbanos não só por causa da violência mas também por desigualdades socioeconômicas e de gênero. Para pesquisadores, é preciso tornar as cidades mais inclusivas para elas, principalmente em relação a segurança e mobilidade.

Os desafios da mobilidade urbana para mulheres

Um importante instrumento desenvolvido em 1989 em Toronto (Canadá) tem contribuído para essa transformação em várias cidades do mundo: a Auditoria de Segurança das Mulheres.

Na prática

Por meio de uma avaliação detalhada dos ambientes urbanos, como ruas, áreas residenciais, parques, comércios e até transporte público, as auditorias conseguem identificar os principais fatores que causam insegurança nas mulheres. Questões práticas como iluminação, vigilância, sinalização e acessibilidade são avaliadas, mas as experiências e percepções das mulheres nesses ambientes também são levadas em consideração. Após o levantamento, a auditoria apresenta sugestões de melhorias desses espaços para que o poder público possa colocar em prática.

Bons exemplos

Em Sidney, as auditorias de segurança contam com a ajuda de plataformas de geolocalização. (Fonte: Shutterstock)

Em Sydney (Austrália), segundo um artigo publicado pela revista Cities Today, as auditorias têm contado com o auxílio de plataformas digitais de mapeamento de multidões que permitem que as mulheres usem softwares de geolocalização para identificar com precisão onde se sentem seguras e inseguras e por quê.

Um desses serviços, o Safetipin, gera inclusive pontuações de segurança para as diferentes áreas em que o aplicativo está ativo. Outra cidade australiana, Casey, desenvolveu em conjunto com a Universidade Monash uma ferramenta online chamada Safe in Her City (Segura em sua Cidade, em tradução livre). A autora do artigo, a professora Nicole Kalms, faz parte do projeto.

No Brasil

Em Belo Horizonte, uma auditoria foi realizada em 2019 em parceria com o ONU-Habitat. (Fonte: Shutterstock)

Na cidade de Belo Horizonte (MG), o ONU-Habitat e o Movimento Nossa BH lançaram em setembro de 2019 um relatório sobre a situação da segurança das mulheres no ambiente urbano, elaborado a partir de uma auditoria sobre o tema. O ONU-Habitat adaptou a Auditoria de Segurança das Mulheres como parte do programa Cidades Mais Seguras. Em BH, o levantamento foi realizado por meio de uma caminhada exploratória em alguns bairros da cidade e uma roda de conversa com as moradoras.

Mulheres na pesquisa científica e o desafio da mobilidade urbana

Durante o bate-papo, as mulheres foram convidadas a falar de seus medos, de suas percepções sobre violência e de como se sentiam ocupando os espaços urbanos. Elas também apontaram o que poderia ser feito para mudar a realidade daqueles locais.

Entre as propostas estavam ruas mais iluminadas e bem sinalizadas, calçadas acessíveis para pessoas com deficiência e mães com carrinhos de bebê, passeios públicos destinados a pedestres, fachadas ativas que se conectam com as ruas, sistemas de transporte público integrados e incentivo à mobilidade ativa.

Fontes: Organização das Nações Unidas (ONU), Cities Today, Nossa BH

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