Entenda o impacto no motor do carro do novo padrão da gasolina brasileira com maior octanagem
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O motorista pode até saber que uma gasolina de alta octanagem é um combustível de maior rendimento que pode proporcionar um melhor desempenho para o automóvel, mas muitas vezes não conhece profundamente o conceito e pode não conseguir avaliar se vale a pena pagar mais caro pelo produto superior.
Apesar das promessas de melhoria de performance, nem todos os motores de veículos, em especial os mais antigos e básicos, estão aptos a aproveitar todas as vantagens de uma octanagem maior no combustível. Algumas vezes os efeitos práticos podem ser quase nulos, o que não compensa pagar o preço mais alto.
A octanagem não tem relação com a qualidade do combustível e o fato de um combustível ser aditivado não significa, necessariamente, um maior número de octanas. O indicador mede a capacidade da gasolina de resistir, em mistura com o ar, ao aumento de pressão e temperatura sem detonar, isto é, sem que a faísca de vela seja disparada pelo sistema de ignição.
Quando é dada a partida no automóvel, os pistões começam a pressionar a gasolina dentro dos cilindros. O combustível, em mistura com o ar, resiste ao máximo à pressão e à temperatura crescentes até que a vela de ignição produza a centelha para sua queima, movimentando o carro.
Quanto maior a resistência, ou octanagem, maior é a força gerada pela explosão dentro do cilindro e, portanto, a potência gerada para o motor e o desempenho do veículo. Um combustível com octanas abaixo do indicado pelo fabricante do automóvel provoca a combustão antes da centelha de vela, conhecida como “batida de pino”, que pode levar a danos ao pistão.
No Brasil, até recentemente, não havia um padrão de octanas para a gasolina vendida nos postos. Isso mudou com a resolução 807/2020 da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que definiu parâmetros para melhorar a qualidade desse combustível, garantindo mais eficiência para os veículos e reduzindo as emissões de gases poluentes.
A octanagem é medida pelo método RON (Research Octane Number), que considera a resistência do combustível à detonação em um motor-padrão com compressão variável e rotação de 600 rpm.
O tipo comum deve ter, no mínimo, 92 octanas RON em 2021. Esse índice será de 93 RON a partir de 2022. Já as gasolinas de alta octanagem devem ter pelo menos 97 RON.
Os carros trazem no manual do proprietário qual a octanagem mínima do combustível para funcionar sem problema. No Brasil, a definição de octanas recomendadas pelos fabricantes podem ser encontradas no tipo comum.
O combustível com mais octanas apenas tem efeito prático em automóveis com alta taxa de compressão e potentes, como os esportivos de luxo que chegam a velocidades superiores a 200 km/h. Nos veículos com menor potência, o uso de combustível com altas octanas é imperceptível para o motorista.
Entretanto, alguns motores 1.0 e 1.6 podem ter um sensor responsável pelo monitoramento de ocorrência de detonação que provocam a antecipação na centelha da vela quando a gasolina for de alta octanagem, o que traz um melhor aproveitamento pelo motor da energia que esse combustível possa oferecer.
Fonte: Revista Petrus, Motor Show, Governo Federal, ANP.