Entenda como a covid-19 afeta a estrutura das cidades, quais são as tendências para o futuro e como lidar com elas
Publicidade
Há uma grande dose de verdade quando se diz que o mundo não será o mesmo depois da covid-19. As relações humanas, a maneira de trabalhar e estudar, bem como a forma de se fazer compras — enfim, tudo — estão sendo radicalmente transformadas. É provável que muitos desses novos hábitos permaneçam no cotidiano das pessoas mesmo depois de a pandemia terminar.
Conheça o maior e mais relevante evento de mobilidade urbana do Brasil
A mobilidade urbana também é fortemente impactada. A covid-19 mudou radicalmente a forma como se experiencia o espaço público urbano. Por exemplo, se lavar as mãos se tornar um hábito mais comum, a arquitetura poderá apresentar mais lavabos em espaços públicos. Ou, caso a circulação de ar passe a ser percebida como fundamental à saúde, será possível ver mais espaços com projetos para circular o ar.
Como os pedestres podem transformar a mobilidade urbana
Nesse sentido, é importante se perguntar: as ruas e praças passarão a estar mais cheias ou vazias? Haverá mais ou menos bicicletas? Confira algumas tendências que a mobilidade deve apresentar e como a cidade será depois da atual pandemia.
A hipótese de que o transporte público não é suficientemente valorizado sai mais fortalecida do que nunca. Diante da impossibilidade de o poder público ter uma política que resguarde a circulação de pessoas com qualidade, e respeitando o distanciamento mínimo durante a quarentena, leva a algumas conclusões. A primeira delas é de que não há uma aposta estratégica no serviço: trata-se de mais uma opção de transporte, e não a principal.
Isolamento por coronavírus reduz frota de ônibus nas capitais
A segunda é de que, em vez de uma construção planejada, o transporte coletivo não é mais que um nicho de negócio, em que o lucro dos empresários se sobrepõe à função social do ramo. O poder público não tem sido capaz de cobrar garantias fundamentais ao setor e não deixa de chamar atenção à tensão existente nessa relação.
Google mostra impacto do novo coronavírus na mobilidade urbana
Além disso, o transporte coletivo ainda tem um marco de classe social. A associação de ônibus com pobres e a de carros com classe média, de forma que adquirir um carro tem um fator simbólico relevante, existe pelo fato de o transporte coletivo frequentemente apresentar péssima qualidade.
Em geral, são pessoas pobres que necessitam desse transporte, mas os agentes públicos tomadores de decisão não estão nesse grupo. Isso agrava o problema, que não tem uma solução em curto prazo, como é necessário.
Esse impasse cria uma tendência óbvia: as pessoas que conseguem comprar um carro farão isso. E, caso o aumento do número de veículos individuais se confirme, serão dados passos na contramão de um modelo mais sustentável social e ambientalmente.
Isso seria um problema, sobretudo porque carros são bens de médio e longo prazo, ou seja, a questão culminaria em um recuo de anos ou até décadas no encontro de outros modais que não impliquem engarrafamento e poluição.
Ao mesmo tempo, pode haver uma outra tendência em meio à pandemia e um sistema de transporte coletivo insuficiente: pessoas podem optar por andar mais — ao menos durante o dia, em que há condições mais seguras.
Brasília aprova plano de cidade-satélite voltada para pedestres
O mesmo pode passar a ocorrer com bicicletas: em 30 minutos, é possível fazer um percurso que, com o transporte coletivo, seria feito em tempo similar. Essa é uma ótima opção para reorganizar o dia a dia.
A tendência de andar a pé ou de bicicleta só é factível para pessoas que moram em áreas mais centrais. Por isso, é possível que pessoas que morem longe do trabalho passem a se mudar.
Como ficam metrôs e ônibus após a quarentena?
Nesse sentido, o poder público deverá auxiliar a revitalizar áreas centrais. Mais habitantes em regiões centrais significa mais mobilidade a pé no local, mais comércios funcionando, regiões mais iluminadas e movimentadas.
A mediação virtual presenciada nos trabalhos, faculdades, igrejas, empresas e órgãos públicos tende a permanecer. E, assim como houve alguns aplicativos surgidos ou transformados durante a pandemia apresentando soluções para esse período, é provável que se fortaleça uma tendência de economia compartilhada por meio dos apps.
Coronavírus: 4 apps de delivery com entrega sem contato
Além disso, após uma “digitalização compulsória” durante a pandemia, as pessoas que adquirirem carros poderão estar mais propensas a adotar novos hábitos, como aplicativos de carona que dividem o custo do trajeto entre as pessoas de bairros adjacentes.
Fonte: WRI Brasil
Curtiu o assunto? Clique aqui e saiba mais sobre como a mobilidade pode melhorar os espaços.