Por que mulheres são minoria entre ciclistas?

30 de novembro de 2020 3 mins. de leitura

Falta de infraestrutura nas ciclovias, insegurança e disparidade de rotinas são alguns dos fatores que expõem a desigualdade de gênero

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Por mais que o número de adeptos às bikes esteja crescendo no mundo inteiro, mulheres ainda pedalam pouco. Ruas inseguras e machismo no trânsito são algumas das razões que ajudam a entender por que elas ainda são minoria entre os aficionados pela bicicleta. Mas não são os únicos entraves.

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A má divisão de tarefas domésticas é outra variável que impacta essa realidade. Um levantamento feito pela cientista social Marina Kohler Harkot, da Universidade de São Paulo (USP), mostra que as mulheres ainda são extremamente responsáveis pelos afazeres doméstico diários. Isso faz com que elas precisem adotar rotas diárias de locomoção muito mais complexas e difíceis de serem executadas de bike. 

Mulheres realizam mais paradas em seus trajetos diários do que homens. (Fonte: Shutterstock)
Mulheres realizam mais paradas em seus trajetos diários do que homens. (Fonte: Shutterstock)

Em 2008, uma análise feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que apenas 45,3% dos homens afirmam realizar tarefas domésticas, e entre a população feminina esse percentual é de 86,3%. 

Mulheres na Pesquisa Científica e o Desafio da Mobilidade Urbana

Enquanto os brasileiros tendem a realizar um trajeto linear, variando apenas entre casa e trabalho, a maioria das brasileiras precisa fazer inúmeras paradas, como idas ao supermercado e visitas à creche.

Percepção feminina sobre vias públicas

Insegurança quanto ao bem-estar físico é apenas um dos fatores que afastam as mulheres das ciclovias. (Fonte: Shutterstock)
Insegurança quanto ao bem-estar físico é apenas um dos fatores que afastam as mulheres das ciclovias. (Fonte: Shutterstock)

Não é difícil entender, portanto, por que as mulheres nem sempre se sentem atraídas pela prática de pedalar. Em dados disponibilizados pelo aplicativo MoveCidade, as habitantes de grandes centros populacionais, como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG), entendem que as infraestruturas atuais das ciclovias não oferecem os recursos necessários para que possam circular sem medo.

As notas registradas entre novembro de 2017 e maio de 2019 no app de avaliação de quesitos de mobilidade urbana brasileira mostram que, enquanto elas deram média de 6,07 para as ciclovias, os homens classificaram os mesmos critérios com 7,26. Além de as mulheres serem mais vulneráveis a assédio, roubo ou ameaças à integridade física, há consideráveis falhas nas vias que dificultam o deslocamento feminino em um cotidiano tão cheio de atribuições. 

Outro dado que chama atenção é a porcentagem de participação de usuários do MoveCidade: 81% homens e 19% mulheres. Mais uma vez, percebe-se que a população de ciclistas está longe de alcançar um patamar de igualdade de gênero e transparece a insegurança feminina nos meios de transporte.

Fonte: USP, Clima e Sociedade, Vá de Bike, Observatório do Terceiro Setor

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