Mais de 8 mil ciclistas morreram no trânsito na última década, e o número de acidentes aumentou 45% em sete anos
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Existem mais bicicletas do que carros no Brasil. São cerca de 50 milhões de bikes contra 41 milhões de automóveis, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
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Apesar disso, apenas 3% das viagens diárias no País são realizadas por ciclistas, enquanto 25% são feitas com automóveis, segundo a Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP). O risco de morte é um dos principais motivos para esses números.
A quantidade de atropelamentos de ciclistas cresceu 45%, passando de 1.064 óbitos em 2012 para 1.545 em 2018, conforme a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet). Quase 10 mil internações hospitalares foram registradas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2012, o que gerou R$ 115 milhões em gastos para tratar traumas ocasionados em colisões com motocicletas, automóveis, ônibus, caminhões e outros veículos.
Entraves que podem tornar ciclovias e ciclofaixas ineficientes
Na última década, mais de 8,5 mil ciclistas morreram em acidentes de trânsito. Apenas três estados brasileiros concentram mais de um terço dessas mortes; São Paulo lidera, com pouco mais de 17% do número total, seguido do Paraná, com 9,6%, e de Santa Catarina, com 9,3%.
Segundo os dados analisados, 84% dos ciclistas tratados são homens e metade tem entre 20 anos e 49 anos de idade. Foi registrado um aumento acentuado no número de internações em Rondônia (1.400%), Sergipe e Mato Grosso (1.200%) entre 2012 e 2018. E apenas cinco estados apresentaram redução no período: Piauí (-86%), Pará (-28%), Alagoas (-9%), Bahia (-4%) e Paraná (-2%).
A Abramet aponta que a ausência de infraestrutura adequada nas cidades, combinada com a falta de campanhas educativas e de prevenção voltadas aos ciclistas, são o principal motivo do crescimento dos indicadores de acidentes fatais.
O perfil do usuário de bicicletas mudou bastante. Diversos fatores estimularam a migração de outros modais de transporte para o ciclismo: o excesso de congestionamento nos grandes centros, o preço do combustível e o custo módico das bikes.
As relações entre mobilidade social e mobilidade urbana
Antes associada ao lazer e à prática de exercícios, a bicicleta passou a ser utilizada como opção de transporte urbano, sendo também adotada para serviços profissionais, em especial os de entrega. Com isso, as empresas de aluguel de bikes se consolidaram no País como uma alternativa de mobilidade urbana, e os fabricantes registraram crescimento acelerado da produção nos últimos dois anos.
Apps facilitam o uso intermodal do transporte
Foram produzidas 773 mil bicicletas em 2018, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). Em 2019, a produção subiu para 919 mil unidades, em um volume 18,9% maior que no período anterior.
Nos últimos anos, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza apresentaram algumas melhorias na estrutura para os ciclistas, mas as mudanças não acompanharam o ritmo crescente de demanda. E o investimento na criação de ciclovias ainda é insuficiente em todo o País. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou um levantamento em 2018 e mostrou que apenas 14,7% das cidades brasileiras têm espaços destinados às bicicletas.
A principal recomendação para diminuir os acidentes é fazer a manutenção de espaços físicos diferenciados para o deslocamento das bicicletas, como ciclovias e ciclofaixas. O ideal é que a circulação de ciclistas seja totalmente segregada da via comum. Caso não seja possível, as faixas especiais devem estar sinalizadas e ser respeitadas pelos demais veículos, como automóveis e motocicletas.
Integração do transporte público é solução para grandes cidades
A redução da velocidade máxima das vias urbanas é uma medida simples e que favorece não somente os ciclistas mas também reduz o número geral de acidentes no trânsito. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) estima que o aumento da velocidade média se relaciona diretamente com a probabilidade de ocorrência de acidentes, bem como com a gravidade de suas consequências. O aumento de apenas 1% da velocidade média, por exemplo, faz crescer 4% o risco de acidente fatal e 3% o risco de acidente grave.
Fonte: Abramet, Ipea, IBPT, Abracicio, WRI Brasil, ANTP, OPAS
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