A mobilidade igualitária de Los Angeles e de consórcio elétrico automotivo foi apresentada na edição deste ano do evento
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O Estadão Summit Mobilidade 2021, que acontece de forma online e gratuita, contou hoje com o painel Engenharia Brasileira Lidera uma Nova Proposta de Eletrificação para o Mundo, no qual foi discutida a eletromobilidade no País e as lições de Los Angeles para a mobilidade, equidade e o futuro das cidades.
O vice-presidente de Engenharia/CTO da VW Caminhões e Ônibus, Rodrigo de Oliveira Chaves, afirmou que o Brasil tem uma oportunidade para ser protagonista de uma nova era automobilística, gerando tecnologia para o mundo. A Volkswagen fabrica o caminhão E-Delivery, primeiro veículo 100% elétrico produzido na América Latina.
Todos os sistemas do veículo buscam reduzir a dependência do fator humano para a condução com segurança. O caminhão tem 16 modos de controle para diminuir o consumo energético, e o motor dispensa o uso de câmbio. Além disso, o E-Delivery terá conectividade com a central para solicitar apoio e manutenção preventiva.
A montadora lidera um e-consórcio que tem como principal objetivo fomentar o ecossistema elétrico. O programa de transporte sustentável envolve também empresas do setor de geração de energia limpa, sistema de carregamento e do ciclo de vida das baterias.
O gerente de novos negócios em eletromobilidade da Robert Bosch, Alexandre Uchimura, informou que, só na Europa, a empresa deve investir 1 bilhão de euros até 2024 em tecnologias de fuel cell. Uma das apostas é a geração de eletricidade a partir de etanol.
O diretor de Sustentabilidade do Departamento de Transportes de Los Angeles (LA), Marcel Porras, mostrou um pouco da história da cidade com relação a políticas de mobilidade urbana.
A cidade já teve o sistema público de transporte mais robusto dos Estados Unidos, mas LA preferiu investir em um plano rodoviário que priorizou o transporte particular motorizado, que é inacessível para boa parte da população. A construção de novas freeways e infraestrutura para carros gerou resistência popular, principalmente entre negros e latinos.
Apesar da abertura de novas vias, o congestionamento continua presente: entre 2015 e 2021, a velocidade média de tráfego não aumentou em Los Angeles. Esse histórico deixou a desigualdade socioespacial evidente na cidade.
Quem possui um automóvel tem acesso a 12 vezes mais trabalho em um deslocamento com duração inferior a uma hora. Para financiar as mudanças na mobilidade baseada em equidade, sustentabilidade, crescimento econômico, saúde e segurança, a cidade planeja criar impostos para investir US$ 40 bilhões nos próximos anos.
Entretanto, durante a pandemia, Los Angeles propiciou tarifa gratuita. A cidade aproveitou o momento para abrir espaços a pessoas e não carros.
O departamento de Transporte tem incentivado projetos como Dining in the Street, que permitiu restaurantes a utilizar uma faixa da rua para garantir o distanciamento físico.
A cidade também mantém uma parceria público-privada para oferecer um sistema de compartilhamento de carro elétrico, acessível para pessoas de baixa renda, que respondem por 63% das viagens.
Los Angeles se preocupa também com a poluição ambiental. Por isso, montou uma rede de sensores atmosféricos para medir a qualidade do ar. A cidade também busca recursos para digitalização da infraestrutura de transporte.