Biometria pode ajudar na segurança de ciclistas

13 de setembro de 2021 4 mins. de leitura

Uma nova métrica baseada em dados biométricos ajuda a projetar ruas melhores para quem circula de bike

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A pandemia de covid-19 estimulou pessoas em todo o mundo a caminhar e a andar de bicicleta nos caminhos para o trabalho e outros destinos. Porém, infelizmente, isso aumentou o número de acidentes envolvendo ciclistas e pedestres. Contudo, medidas preventivas nem sempre são tomadas com a velocidade necessária, o que pode levar a mais sinistros, hospitalizações e mortes.

Pensando nesse cenário, um grupo de pesquisadores da Universidade da Pensilvânia resolveu testar a hipótese de que seria possível identificar pontos potencialmente inseguros em rotas urbanas a partir da leitura de indicadores biométricos, como os movimentos dos olhos e da cabeça.

O estudo, publicado na Accident Analysis & Prevention, descobriu que as métricas baseadas em indivíduos podem ser utilizadas para fornecer uma abordagem mais proativa no planejamento de ruas mais seguras para ciclistas e pedestres.

Planejamento reativo de acessibilidade urbana

Megan Ryerson mostra como dados biométricos podem ser usados para encontrar áreas potencialmente desafiadoras e perigosas de infraestrutura urbana. (Fonte: Thomas Orgren/Reprodução)
Megan Ryerson mostra como dados biométricos podem ser usados para encontrar áreas potencialmente desafiadoras e perigosas de infraestrutura urbana. (Fonte: Thomas Orgren/Reprodução)

Atualmente, o planejamento para garantir a acessibilidade urbana passa por questões de segurança do transporte, que são parametrizadas pela contagem de acidentes. Essa medida objetiva é espacialmente estática e reflete apenas eventos passados, ou seja, tenta resolver o problema depois que ele já ocorreu.

Nos Estados Unidos, por exemplo, as regras federais para a instalação de intervenções para garantir a acessibilidade urbana segura em um trecho, como uma faixa de pedestres ou um semáforo, exigem no mínimo 90 pedestres cruzando o local a cada hora ou, pelo menos, cinco pedestres atropelados no local em um ano.

Essa abordagem reativa também falha ao identificar onde as pessoas podem querer atravessar, mas não o fazem porque consideram isso muito perigoso e que, se fosse seguro, mais pessoas utilizariam. Dessa forma, o comportamento humano é desconsiderado na análise sobre o que torna uma área insegura ou para definir quais intervenções específicas são mais impactantes.

Biometria para prever locais inseguros

Óculos foram utilizados para coletar dados biométricos de ciclistas. (Fonte: Thomas Orgren/Reprodução)
Óculos foram utilizados para coletar dados biométricos de ciclistas. (Fonte: Thomas Orgren/Reprodução)

A pesquisadora Megan Ryerson, especialista em planejamento de infraestrutura de transporte e previsão de demanda e líder da pesquisa, considera que o planejamento de sistemas de transportes seguros não precisa ser reativo. “Podemos, em vez disso, desenvolver maneiras inovadoras e proativas de avaliar a segurança de nossa infraestrutura”, afirma a especialista.

Ela destaca que, quando o campo de segurança de transporte foi criado, ainda não existia a ciência de dados capaz de possibilitar uma atuação mais proativa e preventiva no planejamento de acessibilidade urbana.

Para mostrar que isso é possível, uma equipe liderada por Ryerson coletou dados biométricos de ciclistas que atravessam um corredor urbano com uma ciclovia protegida, mas não contínua, na cidade da Filadélfia, nos EUA.

Ao isolar e correlacionar picos em medidas biométricas de ciclistas com design urbano, os pesquisadores desenvolveram um conjunto de variáveis, como movimentos laterais da cabeça, velocidade do olhar e distância do olhar fora da média, para avaliar a infraestrutura urbana com base no risco percebido.

Resultados da pesquisa

Uma das principais descobertas do estudo é que existe uma correlação entre locais com números desproporcionalmente altos de acidentes e uma resposta biométrica consistente, seja de ciclistas mais ou menos experientes. Isso indica que há um aumento da carga de trabalho cognitiva, o que torna a possibilidade de acidente mais alta.

Se a carga de trabalho cognitiva de uma pessoa é alta, afirma Ryerson, isso não significa necessariamente que ela vai bater, mas significa que a pessoa é menos capaz de processar novas informações, como um pedestre ou motorista entrando na ciclovia, e reagir adequadamente.

Os resultados podem ajudar planejadores de infraestrutura urbana a criar, de forma proativa, rotas mais seguras para pedestres e ciclistas, antes que atropelamentos e mortes ocorram.

Fonte: Universidade da Pensilvânia.

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