Carros híbridos são nocivos ao meio ambiente, diz estudo

10 de janeiro de 2021 4 mins. de leitura

De acordo com Federação Europeia de Transportes e Ambiente, emissões de CO2 por carros híbridos do tipo plug-in são o dobro do declarado

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Um estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) ligou o alerta para os danos causados ao meio ambiente por carros híbridos do tipo plug-in. Segundo a pesquisa, esse modelo de veículo emite o dobro de dióxido de carbono (CO2) do que os valores legalmente declarados.

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Após o lançamento do relatório, a associação ambientalista ZERO, de Portugal, liberou um comunicado em novembro pedindo o fim dos benefícios fiscais para esse tipo de veículo no país. Os carros híbridos plug-in combinam o motor a combustão interna com o elétrico para aumentar a performance da condução e reduzir o consumo de combustível.

Taxas preocupantes de CO2

Com autonomia elétrica abaixo do esperado, modelos híbridos utilizam excessivamente o motor a combustão. (Fonte: Shutterstock)
Com autonomia elétrica abaixo do esperado, modelos híbridos utilizam excessivamente o motor a combustão. (Fonte: Shutterstock)

Para analisar a quantidade de CO2 emitida pelos carros híbridos, a T&E realizou testes em condições reais com os três modelos mais vendidos na Europa em 2019: BMW X5, Volvo XC60 e Mitsubishi Outlander. O experimento concluiu que, mesmo quando os veículos são utilizados de forma moderada, as emissões do gás poluente seguem sendo de 28% a 89% superiores ao valor declarado.

A situação mais grave ocorre quando a bateria do carro está descarregada e existe a necessidade de utilizá-lo em modo convencional, quando apenas o motor a combustão é acionado: a ZERO garante que esse modelo de transporte emite de três a oito vezes mais CO2 do que os estudos iniciais apontavam. O que deveria ser uma opção de mobilidade urbana acaba se transformando em uma verdadeira máquina de poluição.

A associação ambientalista também ressalta que, em situações em que o motor a combustão for utilizado para carregar as baterias, algo que é feito pelos condutores ao entrarem em áreas urbanas de emissão reduzida de CO2, as taxas de poluição atingem valores preocupantes 12 vezes acima do previsto.

Jogada de marketing

Os testes feitos pela T&E também demonstraram que a autonomia dos carros híbridos em modo elétrico é menor do que a divulgada pelas fabricantes, portanto seria irreal pensar em diminuição dos níveis de emissão de CO2 quando os veículos precisam passar a maior parte do tempo no modo convencional utilizando o motor a combustão.

De acordo com a ZERO, os automóveis híbridos só cumpririam sua função sustentável em viagens muito curtas, visto que, em um trajeto de 100 quilômetros, as emissões já são o dobro do anunciado. A associação ambientalista aproveitou para culpar os testes de regulamentação na Europa, que se baseariam na “na suposição excessivamente otimista da parcela de utilização em modo elétrico, ou seja, o fator de utilização elétrica, resultando em valores de CO2 irrealisticamente baixos”.

Na visão da ONG, os benefícios estimados em 43 milhões de euros para 2020, concedidos aos fabricantes de carros híbridos pelo governo de Portugal, deveriam ser canalizados para tecnologias verdadeiramente verdes, e não para aquelas que aparentam tentar burlar as regras para atingir os requisitos legais.

Denominação de carros sustentáveis na UE

Alterações de normas na UE podem tirar o rótulo de veículo sustentável de alguns híbridos em 2026. (Fonte: Shutterstock)
Alterações de normas na UE podem tirar o rótulo de veículo sustentável de alguns híbridos em 2026. (Fonte: Shutterstock)

Recentemente, a União Europeia (UE) também entrou no debate sobre o que deveria ser considerado um veículo sustentável e aprovou normas que restringem os limites de emissão de gases poluentes pelos modelos fabricados dentro do grupo econômico, portanto é possível que alguns carros híbridos percam o rótulo a partir de 2026 caso nada seja feito para diminuir a utilização dos motores a combustão.

Ao longo dos anos, foram 231 mil híbridos plug-in adquiridos contra 269 mil elétricos.

Fonte: Mobilize, ZERO, T&E, Estadão.

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