Infraestrutura provisória para bicicleta instalada durante pandemia por coronavírus reduziu custos em saúde
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A bicicleta é um meio de transporte de baixo custo atrelado ao baixo risco de transmissão da covid-19, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS). Os governos de vários países têm incentivado o ciclismo como um modal acessível, sustentável e equitativo. As bicicletas ainda contribuem para a liberação de espaço no transporte público, reduzindo a propagação do coronavírus.
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As ciclovias pop-up (estruturas temporárias que têm sido comuns no mundo durante a pandemia) são marcas dessa tendência. Algumas delas podem se tornar permanentes, e não por acaso. São extremamente eficazes sob os mais diversos pontos de vista.
Um estudo alemão analisou o impacto delas. Os pesquisadores compararam o tráfego de bicicletas em 110 cidades europeias antes e depois da pandemia. Nessa pesquisa, foi calculado que cada quilômetro de ciclovia temporária aumenta o ciclismo em 0,6%.
Nas cidades analisadas, o aumento da infraestrutura cicloviária foi de 11,5 km em média. A pesquisa estima que houve um aumento de 7% das taxas de ciclismo na Europa. A infraestrutura provisória instalada na pandemia, segundo a pesquisa, pode economizar US$ 3 bilhões por ano em saúde na Europa.
O planejamento da infraestrutura cicloviária provisória na Europa começou como uma reação à pressão da sociedade civil após um anúncio feito por Bogotá, ainda em março, da criação de 76 km de ciclovias provisórias.
Planos semelhantes começaram a ser implementados em várias cidades europeias durante a quarentena para garantir a mobilidade de trabalhadores de serviços essenciais.
Em abril, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reforçou o coro pela adoção da bicicleta como veículo seguro durante a pandemia, por meio de orientação técnica que incentivava a mobilidade ativa para reduzir a propagação do coronavírus. “Sempre que possível, considere andar ou caminhar”, afirmou a OMS em comunicado.
Governos locais e nacionais em toda a Europa prometeram instalar mais de dois quilômetros de ciclovias durante a pandemia, de acordo com o monitoramento da European Cyclists Federation (ECF). Destes, segundo um acompanhamento da entidade, mais de mil quilômetros foram instalados com sucesso e ainda continuam funcionando.
Independentemente de seus impactos na transmissão da covid-19, os benefícios líquidos da intervenção são grandes para as cidades. O custo direto da infraestrutura cicloviária, incluindo o planejamento, é baixo e pode ser feito de maneira rápida. As ciclovias temporária permitem, ainda, fazer experimentos antes de transformações permanentes.
Em Berlim, um quilômetro de ciclovia pop-up custa 9,5 mil euros, segundo o estudo. Em contrapartida, os pesquisadores calculam que as ciclovias temporárias durante seus primeiros três meses de operação geraram US$ 800 milhões em benefícios para a saúde. Se as novas ciclovias se tornarem permanentes e se hábitos de ciclismo continuarem, os benefícios serão duradouros.
As cidades experimentaram uma série de medidas para criar novos espaços ao ciclismo, desde ciclovias pintadas até espaços provisoriamente protegidos com sinalização por cones ou grades. Ainda foram criadas zonas de trânsito calmo e até a construção de “filtros modais” que só deixam passar bicicletas e pedestres.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que o futuro próximo “deveria ser uma nova era de ouro para o ciclismo”. O Departamento de Transporte do país anunciou um investimento de 250 milhões de libras no Fundo Ativo para Viagens de Emergência. Lá, apenas 2% dos deslocamentos são realizados por bicicletas.
Medidas semelhantes têm sido tomadas por diversos governos nacionais e locais por toda a Europa. A França, por exemplo, destinou 20 milhões de euros para incentivar as pessoas a pedalar. O pacote inclui reparos gratuitos de bicicletas de até 50 euros para todos os cidadãos, bem como treinamento gratuito e mais vagas de estacionamento temporário para bicicletas.
Fonte: Forbes, Arxiv, Fórum Econômico Mundial