Como funcionam as cidades subterrâneas?

28 de junho de 2020 5 mins. de leitura

Espaços urbanos embaixo da terra já existiam na antiguidade e podem ser uma tendência no futuro das cidades

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Nas últimas décadas, as cidades se verticalizaram, com arranha-céus cada vez mais altos. Porém, também é possível construir espaços de habitação e até parques debaixo da terra. A ideia de cidades subterrâneas não é nova, com exemplos na antiguidade, mas ainda chama bastante a atenção.

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Cidades subterrâneas oferecem várias vantagens, que, inclusive, impulsionaram civilizações na antiguidade a construí-las. Em alguns locais, por exemplo, elas existem para proteger as pessoas de condições climáticas extremas.

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É o caso de Coober Pedy, uma comunidade na Austrália Meridional, em que quase 2 mil pessoas vivem embaixo da terra para escapar do calor extremo do deserto e dos animais selvagens. O clima no subsolo é muito mais ameno.

Já no Canadá e na Noruega, o motivo para as cidades subterrâneas é o oposto: proteger-se do frio cortante do inverno. Montreal, por exemplo, possui o RÉSO, e Toronto o PATH, enormes complexos de túneis ligando estações de transporte público, prédios comerciais e residenciais. Isso permite que os habitantes se desloquem por grandes regiões sem sair para a superfície.

RÉSO, a cidade subterrânea de Montréal (Fonte: Wikimedia Commons)
RÉSO é a cidade subterrânea de Montreal. (Fonte: Wikimedia Commons)

No entanto, um dos exemplos mais impressionantes é na Turquia. Com 20 níveis de construções embaixo da terra, a cidade subterrânea de Derinkuyu, na região da Capadócia, foi construída entre 4 mil e mil anos antes de Cristo.

O local tem todo tipo de estrutura necessária para viver, incluindo casas, comércios, prédios públicos e uma complexa rede de túneis ligando tudo isso, além de 600 saídas para a superfície.

Hoje, ela não abriga mais nenhum cidadão, mas seus oito primeiros níveis estão abertos para visitação de turistas. Não se sabe qual é a real origem da cidade subterrânea de Derinkuyu, mas uma das hipóteses é que ela tenha sido construída como proteção contra uma era glacial.

Cidade subterrânea de Derinkuyu, na Turquia (Fonte: Wikimedia Commons)
Cidade subterrânea de Derinkuyu, na Turquia, tem 20 níveis de construção embaixo da Terra. (Fonte: Wikimedia Commons)

As cidades subterrâneas do futuro

As condições climáticas podem estar entre os motivos que levarão as cidades a investir no crescimento para baixo, mesmo em locais onde o frio ou o calor não é tão extremo, como nos exemplos anteriores.

Em primeiro lugar, porque elas permitem um aproveitamento melhor do espaço, principalmente em locais em que não há mais lugares para construir para cima ou para os lados.

Além disso, as instalações embaixo da terra oferecem um conforto térmico melhor, sem tanta necessidade de aquecimento ou resfriamento por ar-condicionado, por exemplo, gastando menos energia.

Claro que essa economia pode ser neutralizada quando é necessário utilizar luzes artificiais para iluminar espaços subterrâneos, mas há soluções interessantes para diminuir essa necessidade.

Um dos projetos que mais chamam a atenção vem de um escritório de arquitetura da Cidade do México e foi batizado como earthscraper (“arranha-terra”, em tradução livre, uma oposição ao termo skyscraper, em inglês, que é “arranha-céu”).

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São 65 andares de lojas e residências em forma de pirâmide. Eles ficariam localizados embaixo da praça central da metrópole, uma região disputadíssima, em que só é permitido construir prédios de até oito andares, para preservar o centro histórico.

Segundo uma entrevista de um dos criadores do projeto para a CNN, essa também é uma forma de aproveitar o espaço cada vez mais escasso na Cidade do México, que já é uma das maiores do mundo e abriga mais de 20 milhões de pessoas.

Cidade subterrânea ficaria embaixo de praça central (Fonte: BKNR Arquitetura/Reprodução)
Cidade subterrânea ficaria embaixo de praça central da Cidade do México. ‌‌(Fonte: BKNR Arquitetura/Reprodução)
Prédio com 65 andares tem forma de pirâmide (Fonte: BKNR Arquitetura/Reprodução)
‌‌Estrutura com 65 andares teria forma de pirâmide. (Fonte: BKNR Arquitetura/Reprodução)
Espaço aberto no centro e vidros na parte de cima permitiram entrada de luz solar
Espaço aberto no centro e vidros na parte de cima permitiram entrada de luz solar. (Fonte: BKNR Arquitetura/Reprodução)

Para aproveitar ao máximo a luz solar, o chão da praça seria substituído por placas de vidro, com um intrincado sistema de espelhos debaixo delas, levando iluminação para muitos andares sob a terra. Além disso, haveria um vão central no prédio, com árvores e plantas, tornando o ar mais agradável.

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Trata-se apenas de uma ideia, sem previsão de sair do papel, mas que dá um vislumbre interessante de como as cidades subterrâneas do futuro podem ser. Esse futuro pode nem ser tão distante quanto muitos pensam: de acordo com uma matéria publicada em 2018, pelo jornal inglês The Guardian, Hong Kong já está estudando formas de expandir a cidade com escavações nas montanhas em seus arredores.

Fonte: BBC, CNN, The Guardian, Ferrovial, Urban Hub.

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