Redução representa 6% de todas as emissões de carbono do mundo no período
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Nas duas primeiras semanas depois do feriado do Ano-Novo Chinês, as emissões de gás carbônico na atmosfera tiveram redução de 100 milhões de toneladas na China, segundo o Centro de Pesquisa de Energia e Ar Limpo (Crea) da Finlândia em estudo publicado pela Carbon Brief, uma organização sem fins lucrativos sobre o clima.
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A pesquisa indica que o valor representa diminuição de 25% nas emissões na comparação com o mesmo período de 2019.
A rápida disseminação do novo coronavírus, que matou mais de 2 mil pessoas e infectou cerca de 74 mil cidadãos, fez com que 13 cidades ficassem isoladas e a atividade industrial fosse paralisada. O transporte público foi fechado e os veículos particulares foram proibidos, em sua maioria, para conter o vírus. Os voos domésticos caíram até 70% em comparação com o mês anterior.
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A análise da Carbon Brief constatou que o amplo impacto do vírus, incluindo restrições de mobilidade, férias mais longas e menor atividade econômica, fez com que o ritmo da economia chinesa não se recuperasse da pausa habitual do Ano-Novo Chinês.
Embora imagens de centros urbanos vazios e sem transporte público possam parecer evidências do grande declínio nas emissões de carbono, o consumo de energia da China é dominado pela indústria. Essa redução é resultado principalmente da menor produção das refinarias de petróleo e do menor uso de carvão para a geração de energia e siderurgia.
A China é o maior importador e consumidor mundial de petróleo. As refinarias na província de Shandong, a Texas chinesa do setor, operam em seu nível mais baixo desde 2015, indicando uma perspectiva bastante reduzida de demanda pela commodity.
A análise inicial da Agência Internacional de Energia (IEA) e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) sugere que as repercussões do surto poderiam reduzir em até 0,5% a demanda global de petróleo entre janeiro e setembro deste ano.
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Nas últimas 2 semanas, com as cidades bloqueadas, a diminuição do horário de trabalho industrial e o fechamento de canteiros de obras e de lojas, o uso de carvão nas usinas do país atingiu o menor número em 4 anos. No total, as medidas para conter o coronavírus resultaram em reduções de 15% a 40% na produção nos principais setores industriais.
Enquanto isso, as emissões de dióxido de nitrogênio (um subproduto da combustão de combustíveis fósseis em veículos e usinas de energia) caíram 36% na China na semana seguinte às férias do Ano-Novo, em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com outro estudo do Crea, que usa dados de satélite.
Ambientalistas alertam que a redução é temporária, e que um estímulo do governo chinês, se direcionado para aumentar a produção entre os poluidores pesados, poderia reverter os ganhos ambientais. O crescimento econômico do país é acompanhado pelo aumento de suas emissões de dióxido de carbono, que atingiram recorde em 2018.
Com as políticas atuais, os gases de efeito estufa da China devem aumentar até pelo menos 2030, embora a taxa de crescimento deva diminuir no fim da década de 2020, de acordo com o órgão científico Climate Action Tracker.
“Depois que o coronavírus se acalmar, é bem provável que observemos uma rodada das chamadas ‘poluições retaliatórias’, em que fábricas maximizam a produção para compensar suas perdas durante o período de paralisação”, disse Li Shuo, consultor de políticas do Greenpeace na China.
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