Antes da pandemia, elas correspondiam a menos de um quarto dos ciclistas, o que reflete a desigualdade de gênero na mobilidade urbana
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O número de mulheres pedalando nas ruas de Nova York cresceu 147% durante a pandemia de coronavírus. Segundo um relatório da League of American Bicyclists (Liga dos Ciclistas Americanos), antes da covid-19 apenas 24% dos ciclistas eram mulheres nos EUA — um reflexo da desigualdade de gênero na mobilidade urbana.
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O índice está bem abaixo dos de países como a Holanda, onde as mulheres representam 55% do total de ciclistas, de acordo com dados da Universidade de Rutgers, dos Estados Unidos. Na Alemanha e na Dinamarca, esse percentual é de 45%.
Um cenário de ruas inseguras aliado a estereótipos de gênero podem ajudar a explicar o número baixo. O crescimento pode ter sido impulsionado pelo incentivo à ciclomobilidade decorrente da pandemia de covid-19, que levou pessoas do mundo todo a pedalarem mais, abrindo horizontes para mulheres.
O uso de bicicletas em Nova York cresceu cerca de 80% em julho em comparação com o mesmo mês no ano passado, segundo dados do Strava Metro, uma plataforma de mobilidade utilizada por 68 milhões de pessoas no mundo. O número de mulheres ciclistas aumentou 147% no período, enquanto entre os homens o crescimento foi de 68%, de acordo com o levantamento.
O mesmo fenômeno foi notado em outras grandes cidades dos Estados Unidos, como Washington, Boston, Chicago e Los Angeles. Nesses locais, o número de ciclistas subiu mais de 80% em agosto de 2020, quando comparado ao mesmo mês de 2019. As mulheres contribuíram significativamente para esse boom.
As mulheres passaram a representar a maior parte dos usuários no Citi Bike, programa de compartilhamento de bicicletas de Nova York. O aumento da participação feminina entre os ciclistas começou em março, quando a cidade se tornou epicentro da crise sanitária nos EUA. Naquele mês, a porcentagem de mulheres usando ativamente o serviço pela primeira vez alcançou 40% do total de assinantes — um recorde histórico.
Ciclomobilidade ajuda a empoderar mulheres negras e periféricas
E a alta proporção de mulheres no serviço de compartilhamento deve continuar. Em outubro, o Citi Bike lançou a campanha “Women’´s Bike Month” (ou mês da bicicleta feminina, em tradução livre), que oferece viagens gratuitas para novas assinantes do serviço, além de doar recursos financeiros para uma instituição que fornece bicicletas para meninas se deslocarem para a escola.
De olho nesse cenário e no intuito de combater a desigualdade de gênero, o Bike New York, que capacita ciclistas na cidade mais populosa dos Estados Unidos, promove o Gear Femmes. O projeto oferece instrução especializada e promove eventos comunitários para o desenvolvimento de habilidades de deslocamento de bicicleta para mulheres.
Além disso, realiza mentorias que contemplam desde técnicas básicas de pedal a uma seleção de rotas mais seguras. O principal objetivo é tornar os deslocamentos diários com bicicletas produtivos e divertidos.
Fonte: The New York Times, Vá de Bike, The City Fix Brasil, Citi Bike NyC, Bike New York.
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