Londres pretendia fazer vias exclusivas para bicicletas acima das linhas férreas, mas proposta acabou sendo descartada
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O alto número de fatalidades colocou Londres em um “estado de emergência do ciclismo”. Boa parte das mortes de ciclistas aconteceram nas Cycle Superhighways ou em suas proximidades, e isso colocou em xeque o modelo londrino de mobilidade. Aparentemente, as faixas azuis das “superestradas para bicicletas” não eram suficientes para proteger os ciclistas.
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Dentro desse contexto, surgiu o projeto SkyCycle, uma série de vias elevadas 15 metros acima das linhas de trem, exclusiva para o trânsito de bicicletas. O projeto previa a construção de 220 quilômetros de ciclovias, acessadas por rampas e plataformas hidráulicas, a fim de criar uma rede cicloviária mais segura.
A infraestrutura teria capacidade de receber 12 mil ciclistas por hora. O escritório responsável pelo projeto estimava que cerca de 3 milhões de londrinos moravam ou trabalhavam a cerca de dez minutos de uma das 200 entradas da SkyCycle. O tempo de viagem até o trabalho para os ciclistas seria reduzido em quase 30 minutos.
A ideia chegou a contar com o apoio da companhia de trens londrinos e do presidente da National Byway – uma ciclovia de aproximadamente 5 mil quilômetros que cruza a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales. Mas o projeto não passou do trecho inicial de 6,5 quilômetros, entre Stratford e a Liverpool Street Station, que tinha um custo inicial de 220 milhões de libras esterlinas.
Apesar do clima favorável à promoção da segurança para bicicletas, o SkyCycle acabou sendo inviabilizado e recebeu críticas de diversos setores, inclusive dos próprios ciclistas. O principal trunfo do projeto, a audaciosa construção de vias elevadas, também era o maior problema da ideia, fato que parece ter sido ignorado pelo escritório idealizador e pelos entusiastas.
Com base nos investimentos necessários para a construção do trecho inicial, de 34 milhões de libras por quilômetro, os custos totais da SkyCycle poderiam chegar facilmente a 7,5 bilhões de libras. Em 2013, a cidade de Londres tinha um orçamento de 913 milhões de libras para investir em ciclismo até 2022. Somente a rota experimental do projeto consumiria 25% desse recurso.
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Os críticos ao projeto argumentavam que os recursos poderiam ser mais bem aplicados. Quando comparados ao custo do projeto Cycle Superhighways – que custam entre 1 e 3 milhões de libras por quilômetro —, os recursos apenas dos 6,5 quilômetros iniciais da SkyCycle seriam capazes de financiar de 75 a 200 quilômetros das “superestradas”.
Além de seu alto custo, o projeto SkyCycle poderia ter consequências negativas. Um dos benefícios das bicicletas nas ruas é o reaquecimento da economia local, especialmente de pequenos empreendimentos, uma vez que os ciclistas são prováveis consumidores. Ao colocar as bicicletas em um espaço totalmente segregado do tecido urbano, esse benefício deixa de existir.
Fonte: Archdaily, The National By Way, Bike Radar, Cycling Intelligence, Wired, Foster and Partners, Transport for London.
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