As medidas tomadas pela China em relação à mobilidade serviram de exemplo para o mundo no combate à pandemia do coronavírus
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Durante 76 dias, a China aplicou um rigoroso lockdown para conter a primeira onda de disseminação do novo coronavírus, com medidas que atingiram principalmente a mobilidade. Os acertos e os erros chineses serviram de exemplo para que outros lugares pudessem adotar ações eficientes no combate à pandemia.
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Cinco meses depois do início do surto, 84 mil casos de covid-19 foram confirmados no gigante asiático, de acordo com a Universidade Johns Hopkins. Enquanto isso, países que adotaram medidas mais flexíveis, como Estados Unidos e Brasil, tornaram-se os epicentros mundiais da crise, registrando, em quatro meses, 2 milhões e 700 mil casos, respectivamente.
O que esperar da micromobilidade no pós-pandemia?
Apesar da propagada eficiência do modelo chinês no combate ao surto, o país enfrenta críticas pela demora na adoção de medidas e pela falta de transparência no uso de dados pessoais. Confira o que o mundo pôde aprender com os principais acertos e erros do lockdown chinês.
A adoção antecipada da restrição dos deslocamentos poderia reduzir o impacto do coronavírus no território chinês e no mundo. O lockdown foi decretado em 23 de janeiro em Hubei, a primeira província a registrar um caso da doença, em meio às festividades do Ano-Novo Chinês.
Outras regiões do gigante asiático continuaram sem medidas restritivas, e os chineses realizaram 3 bilhões de viagens durante o principal feriado nacional. Com aeroportos, ferrovias e estradas abertos, o coronavírus encontrou uma oportunidade de se espalhar com rapidez.
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Segundo um estudo da Universidade de Southampton, se a restrição da movimentação tivesse ocorrido uma semana antes, a covid-19 teria atingido 66% de pessoas a menos no mundo até o fim de fevereiro. Caso o país tivesse adotado restrições no deslocamento três semanas antes, o número de infectados poderia ser até 95% menor.
A quarentena chinesa foi adotada com extremo rigor, e isso foi fundamental para o controle eficiente do surto de coronavírus. Os serviços de transporte coletivo foram suspensos e as ruas ficaram completamente vazias; poucos veículos de emergência podiam circular.
Apenas uma pessoa de cada família, a cada dois dias, estava autorizada a sair de casa. Ainda assim, a liberação valia para apenas duas horas e para compras de itens essenciais, como alimentos e medicamentos. As medidas continuam válidas em regiões com novos casos, para evitar uma segunda onda da pandemia.
Após uma fase mais rígida de restrição da mobilidade, o controle chinês do deslocamento continua. Diversas cidades, em parceria com empresas privadas, criaram sistemas para monitorar a circulação com uso de Big Data e QR Code.
Cada pessoa deve monitorar e registrar sua temperatura e atualizar o próprio perfil diariamente. Toda vez que um indivíduo utiliza meios de transporte, deve escanear um QR Code para mostrar a sua localização em vagões de metrô e táxis. Caso seja registrado um caso de infecção por coronavírus, esses dados servem para rastrear pessoas que tiveram contato e conter a disseminação da doença.
Além disso, são atribuídas diferentes classificações de acordo com a situação de cada cidadão. Com o código verde, a circulação é livre; o código amarelo determina uma autoquarentena de sete dias; caso a pessoa tenha um código vermelho, deve ficar isolada por duas semanas antes de poder se movimentar pelas cidades.
A falta de transparência na utilização de dados pessoais pelo regime chinês é motivo de incômodo na defesa do direito à intimidade. Pequim realiza um controle rigoroso e amplo das pessoas no território, com o uso de câmeras para identificação facial e outros métodos de rastreamento, o que causa preocupação com relação a questões de privacidade.
Fonte: Express, Bloomberg News, Starse, The Sun, The Guardian, Universidade Johns Hopkins, Universidade de Southampton, Business Insider
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