A mobilidade urbana sustentável foi um dos temas mais debatidos em 2020. Em primeiro lugar, pelo isolamento social, que impulsionou uma redução significativa na poluição do ar, mostrando o impacto dos deslocamentos na emissão de gases poluentes.
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Em segundo lugar porque, com mais gente querendo se proteger de aglomerações, cidades do mundo todo passaram a desenvolver projetos para incentivar a mobilidade ativa, trajetos mais curtos e a segurança a pedestres e ciclistas. Confira quatro propostas de mobilidade urbana sustentável que marcaram um dos anos mais atípicos das últimas décadas.
1. Ciclovias corona
Pouco tempo depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou a mobilidade ativa como forma mais sustentável para se deslocar durante a pandemia do coronavírus, cidades do mundo todo estruturaram suas ruas para facilitar o acesso a ciclistas. Surgiam, assim, o que muitos passaram a chamar de ciclovias corona ou ciclovias pop-up.
Espaços fechados temporariamente para bikes aumentaram o fluxo desse modal. Com mais segurança para transitar de bicicleta, trabalhadores de áreas essenciais, por exemplo, sentiram-se encorajados a pedalar, o que gerou um bike boom global.
Já no início da pandemia, a cidade de Bogotá abriu 76 quilômetros de áreas temporárias para o trânsito exclusivo de bicicletas. Paris, Berlim, Barcelona, Milão, Londres, Buenos Aires, Lima e várias outras metrópoles criaram estratégias similares.
De olho nessa tendência, a União de Ciclistas do Brasil e a Cicloiguaçu organizaram uma cartilha orientando o poder público a adotar essa medida emergencial, que, em muitos lugares, tem se tornado definitiva.
2. Ruas exclusivas para pedestres
Além da bicicleta, tem outra queridinha da mobilidade ativa que é recomendada para se locomover em segurança: a boa e velha caminhada. Por isso, a prefeitura de Nova York criou ruas exclusivas para pedestres.
Inicialmente, a medida abrangeu vias próximas a parques, mas o modelo deu tão certo que já há ruas 100% caminháveis em regiões como Bronx, Brooklyn, Queens e Staten Island, áreas importantes de ligação ao centro da cidade e com enorme contingente populacional. As únicas exceções são feitas a veículos oficiais ou de entrega, mas mesmo eles devem passar a uma velocidade muito próxima à de uma pessoa andando: 8 quilômetros por hora.
3. Auxílios para compra de bike
Quando a pandemia deu os primeiros sinais de sua dimensão na cidade de Nova York, o prefeito definiu as bicicletarias como serviços essenciais. Mas o incentivo à compra de bicicletas não pararia por aí, pois em muitos lugares no mundo o Estado passou a oferecer auxílio para a compra e o conserto de bikes.
Foi o caso de Lisboa, que começou a disponibilizar reembolsos de até 500 euros por pessoa que quisesse adquirir bikes em lojas credenciadas pela capital portuguesa. Esse tipo de iniciativa foi comum em toda a Europa, incluindo cidades do Reino Unido, França e Itália.
4. Cidade de 15 minutos
Já pensou se a cidade em que você vive fosse estruturada de tal forma que os deslocamentos cotidianos – ir ao banco, ao supermercado, ao trabalho ou à faculdade – coubessem no prazo de 15 minutos? E se, de quebra, você ganhasse uns anos a mais de vida?
Essa é a proposta de diversas cidades europeias, como Paris. A ideia é facilitar o dia a dia das pessoas e criar soluções de bicicleta ou de transporte coletivo que sejam rápidas, eficazes e sustentáveis. É uma forma de dar mais tempo de vida a quem reside nos grandes centros urbanos.
A proposta já chegou à América Latina, pois, em Bogotá, o planejamento da cidade envolve essa perspectiva como resposta a um problema comum à realidade brasileira: segundo o jornal El Espectador, os habitantes da capital colombiana passam 23 dias por ano em deslocamento. Ou seja, em 15 anos, perde-se um ano inteiro em deslocamento.
Fontes: El Espectador, The New York Times, Forbes, Planetizen, New York Daily News, Archdaily, The Sun
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