Como um fim de semana de três dias afetaria a mobilidade urbana?

17 de agosto de 2022 3 mins. de leitura

Entenda os impactos que a novidade traria para os deslocamentos

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O fim de semana de três dias já é realidade em países e empresas variados. No Reino Unido, por exemplo, mais de 60 empresas estão testando o novo modelo de trabalho. A Bélgica já considera a mudança junto à Escócia, País de Gales e Suécia.

No Brasil, algumas empresas aderiram à novidade. Mas o que aconteceria se a mudança pegasse em larga escala e qual seria o impacto na mobilidade urbana? Para fazer essa projeção, conversamos com Luis André Fumagalli, que pesquisa Gestão Urbana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e listou algumas possíveis mudanças.

Fim de semana de 3 dias e a mobilidade urbana

Um dos impactos seria uma redução de algo entre 30% e 70% do fluxo de passageiros nos ônibus, a depender do horário. Assim, o número de veículos disponíveis na frota teria que ser reduzido.

(Fonte: Shutterstock)
Um dos impactos do fim de semana de 3 dias seria na redução do fluxo de passageiros nos ônibus entre 30% e 70%. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Além da redução dos coletivos, o fim de semana de três dias também reduziria a quantidade de outros veículos nas ruas, tornando as vias mais flexíveis e abertas para pessoas. Apesar dos benefícios de “desafogar” e deixar fluir melhor o trânsito de forma geral, a tendência afetaria o setor de transporte público, que já enfrenta crises no mundo.

O problema é especialmente preocupante por aqui. O país ocupa a 55ª posição no ranking de tarifas mais caras do mundo, segundo uma classificação divulgada pela Numbeo — empresa de pesquisas internacionais que listou os 100 países mais onerosos do setor.

Além disso, a frota brasileira de transporte público utiliza recursos que, em maioria, deixam os usuários suscetíveis a variações de preço. Um exemplo são os combustíveis fósseis que sofrem interferência direta da cotação de petróleo.

Além disso, de acordo com Fumagalli, a adesão em massa a mais horas de folga afetaria ainda mais a operação do sistema de transporte público, respingando diretamente nos cidadãos que dependem exclusivamente desse modal até para atividades de lazer.

“É necessário pensar sistemicamente, contemplando as esferas econômica, social, política, ambiental e ecológica. E, mesmo que as vantagens sejam prevalentes, há sempre um trade-off que exige alguma compensação ou sacrifício”, diz Fumagalli.

Mas os prós e contras gerados pelo fim de semana de três dias não são fáceis de serem calculados. Por isso, é importante que, antes de aderir ao novo formato de forma generalizada, o Estado e a iniciativa privada tomem decisões que visem e prevejam cada impacto de modo amplo e estrutural.

Fonte: Luis André Fumagalli, que pesquisa Gestão Urbana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

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