A Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU) divulgou dados preocupantes do transporte público por ônibus no Brasil
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A Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU) divulgou, no começo de abril, um relatório que apresenta dados preocupantes do setor do transporte público por ônibus no Brasil.
O segmento, que já vinha sofrendo sucessivas crises com a perda de passageiros, foi duramente afetado com a pandemia de covid-19. O prejuízo, desde o início dos lockdowns em 2020, chega a R$ 25 bilhões.
O relatório da NTU analisou dados referentes ao período entre março de 2020 e fevereiro de 2022 de 2.901 municípios brasileiros que oferecem transporte por ônibus.
O prejuízo das empresas que operam as linhas foi de R$ 25,7 bilhões, cerca de 33,7% do faturamento mensal de todo o setor. O período mais crítico para o segmento foram os três primeiros meses de pandemia, quando a demanda total caiu 80%.
Muitos fatores contribuíram para que os prejuízos fossem tão elevados. A obrigatoriedade de manter um grande número de veículos circulando com poucos passageiros — para ser possível manter algum grau de distanciamento social — foi um deles. Com isso, foi impossível para as empresas ajustar a oferta de veículos à real demanda de passageiros.
Responsáveis do setor também criticam a falta de ação do governo federal que não propôs um plano emergencial de contingência para o segmento. Atualmente, a maioria das cidades opera com um modelo de concessão de operação de linhas municipais. As empresas ganhadoras das concessões são remuneradas pelas tarifas do serviço.
Segundo representantes do segmento, esse modelo se tornou insustentável para lidar com o impacto da covid-19. Com a divulgação do relatório, eles esperam conseguir subsídios do governo federal para poderem se recuperar dos prejuízos.
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O setor de transporte público por ônibus já vem enfrentando dificuldades há tempos. Em um período de 18 anos, entre 1994 e 2012, a demanda caiu 24,4% e, entre 2013 e 2019, em apenas seis anos, a demanda caiu 26,1%.
O setor sofre com a elevação do preço das tarifas devido ao aumento de gastos com combustíveis e ao aumento dos preços de novos veículos. Além disso, a concorrência dos aplicativos de transporte e de carona começou a incomodar o setor ao ofertar uma concorrência com mais conforto e preços similares.
Com a chegada da pandemia, a crise se agravou no setor. Dos consórcios e das operadoras que prestam o serviço de gerenciamento das linhas no Brasil, 49 interromperam os contratos; 11 empresas faliram e várias outras precisaram de intervenções do poder público para continuar operando.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Painel do Emprego da Confederação Nacional do Transporte (CNT), 92.581 postos de trabalho do setor foram encerrados no período. O número representa 22,7% do total dos empregos ofertados pelo setor antes da pandemia.
Ainda segundo o relatório da NTU, o avanço da vacinação e a flexibilização de medidas restritivas de circulação fizeram que a demanda pelos serviços voltasse a crescer entre agosto de 2021 e fevereiro de 2022.
Apesar do crescimento da demanda, os níveis de passageiros ainda não voltaram ao normal. Segundo as pesquisas, a demanda alcançou 84% do total pré-pandêmico no fim desse período.
Fonte: Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano, NTU, Relatório Transporte Público Urbano por Ônibus.