Conheça os principais desafios que os aeroportos brasileiros e as empresas aéreas precisam enfrentar para continuar avançando no país
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Conheça o maior evento de mobilidade urbana do Brasil.
Para muitos, viajar de avião é um sonho, para outros é parte de uma rotina cansativa. Seja como for, o transporte aéreo oferece algumas dificuldades e consequentes problemas para os passageiros devido às suas especificidades. Ficar sujeito às intempéries climáticas ou a necessidade de realizar conexões pode fazer com que as viagens sejam atrasadas, canceladas ou remarcadas. Essa é uma realidade em qualquer país, mas os aeroportos brasileiros têm uma série de particularidades que amplificam os problemas para os passageiros.
A seguir, vamos conhecer alguns problemas encontrados nos aeroportos brasileiros e suas possíveis soluções.
O transporte aéreo é um modal fundamental para o desenvolvimento de qualquer país. Seja para o transporte de carga especializada ou para o transporte populacional, o deslocamento aéreo é peça-chave para a mobilidade urbana, pois sua democratização sinaliza a saúde econômica de um país.
Neste sentido, o Brasil ainda está atrasado. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Turismo 2020-2021, produzida em conjunto pelo Ministério do Turismo e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um a cada dez brasileiros utilizaram aviões para chegar ao seu destino em 2021.
A falta de acesso ao transporte aéreo não é por acaso. Dados do Ministério do Turismo mostram que o aumento de 1% na renda média dos brasileiros representa um crescimento de 2% na venda de passagens aéreas com destinos nacionais. Isto sinaliza aumento no poder de compra principalmente da classe C, a tradicional classe média.
No período de maior ganho real no salário das classes mais baixas, o número de passageiros aumentou. Porém, o lucro das empresas aéreas não está, necessariamente, relacionado a estes dados. A PNAD Contínua Turismo 2020-2021 também mostrou que o aumento de 1% no preço das passagens representa uma diminuição de apenas 0,13% nas compras de lugares em voos domésticos. Assim, passagens mais caras podem significar maiores lucros.
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O afastamento das classes populares do modal aéreo também é visto pelo prisma da integração dos aeroportos com a cidade. A Systra, empresa de consultoria em transporte e mobilidade urbana, realizou um estudo para a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) no qual descobriu diversos pontos que precisavam ser melhorados nos aeroportos brasileiros.
Segundo a Systra, o aumento de passageiros e da conurbação urbana nas áreas de aeroportos dificultou o acesso a estes. A empresa cita a necessidade da criação e melhoria de ciclovias e faixas para pedestres em vários dos aeroportos brasileiros. Além disso, nota-se uma dificuldade do acesso ao transporte público a partir dos aeroportos. Muitos passageiros ficam reféns de táxis, transporte por aplicativo ou aluguel de veículos para o deslocamento, estas opções são muito mais caras do que o transporte público.
Outro ponto que demonstra o descolamento do transporte aéreo da realidade da maioria dos brasileiros é a relação de preços de produtos e serviços dentro dos aeroportos. O preço para se alimentar em um restaurante ou lanchonete de aeroporto já virou piada e muitos memes sobre o assunto circulam na internet.
Apesar de muitos encararem com bom humor, esses preços estão, por vezes, relacionados a crimes. Em agosto de 2022, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) multou seis empresas por formação de cartel. Os condenados atuavam bloqueando pregões comerciais para a contratação de serviços e utilizavam o monopólio para manter preços elevados.
Outra prática que se aproxima de uma má gerência nos aeroportos é a forma como os slots são administrados. O Slot aeroportuário é o espaço de chegada ou partida de uma aeronave dentro da agenda do aeroporto. Conforme regras internacionais, quando as pistas são disputadas, como é comum nos principais aeroportos, os slots são distribuídos conforme o histórico de uso das companhias.
Um estudo do Ministério da Economia (ME) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) mostrou, entretanto, que o Brasil pratica algumas ações que prejudicam uma gestão mais eficiente dos slots aeroportuarios. Companhias aéreas usam práticas para reter os slots, mesmo que estes não sejam utilizados na sua plenitude. Assim, é normal que os espaços sejam utilizados para pousos e decolagens de aeronaves pequenas com quantidades muito inferiores à de passageiros que poderiam ser utilizados, ou realizar conexões em aeroportos já congestionados. Assim, mantêm-se os slots e dificulta-se a chegada e expansão dos concorrentes.
Caso as melhores práticas de gestão dos slots fossem implementadas, maior seria a concorrência e consequentemente menor o preço para o consumidor.
Como vimos, as especificidades do desenvolvimento do mercado de passagens aéreas isolou os aeroportos brasileiros das suas cidades e o acesso mais democrático. Frequentar um aeroporto virou coisa de “nicho”, e um nicho bem seleto. As melhores práticas, sejam do governo ou da iniciativa privada, podem, porém, reaproximar a cidade dos aeroportos e democratizar o acesso ao modal aéreo. Isto é uma vantagem do ponto de vista comercial e também de qualidade de vida para os brasileiros.
Fonte: Systra, Aeroin, Estadão, gov.br, idp, gov.br, CNN