A eletrificação da frota de ônibus apresenta desafios no País, mas o avanço, ainda que gradual, aponta qual é o caminho para a ampliação
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Repensar a forma como o transporte público opera no Brasil é fundamental para que sejam realizados avanços na mobilidade urbana, sobretudo no que diz respeito à eficiência e à sustentabilidade. Esta última, em particular, encontra no processo de transição elétrica dos ônibus a dependência da existência e da boa condução de políticas públicas.
Isso porque, no Brasil, o cenário da transição energética é desafiador, mas tem potencial para evoluir, conforme um estudo realizado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema). Tratando-se das ações em curso no País, os ônibus elétricos já são encarados como um meio de acelerar a substituição do diesel.
Apesar dessa ótica positiva, é recorrente a alegação das prefeituras de que faltam veículos disponíveis para aquisição. Parte dos entraves enfrentados também se apresenta nas licitações, com poucas empresas interessadas, e mesmo na necessidade de realizar readequações dos projetos, o que acaba atrasando o processo como um todo.
Ainda assim, algumas iniciativas espalhadas pelo País respondem pela redução gradual dos índices de poluição em cidades como Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP), sendo esta a primeira a definir metas para a redução das emissões dos ônibus.
No Estado paulista, Sorocaba deverá iniciar 2023 com dez ônibus elétricos com autonomia de 250 quilômetros, consolidando um primeiro passo importante. O Ceará, em 2022, anunciou que a Higer Bus, fabricante chinesa de ônibus elétricos, deverá se instalar no Estado até 2024, favorecendo a ampliação da participação.
Considerando que o cenário varia conforme a região, o estudo aponta que é importante a adoção de novas fontes de financiamento para a operação das frotas, evitando o encarecimento ao mesmo tempo que abre caminho para a transição.
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Na região do ABC Paulista, o governo do Estado de São Paulo, responsável pelo transporte metropolitano, propõe a modernização da frota por meio de concessões privadas, implantando, assim, o BRT-ABC com o uso de energia elétrica e potencial de atender a 173 mil passageiros por dia.
O projeto prevê a implantação de um corredor que interliga São Paulo a São Bernardo do Campo em cerca de 40 minutos. No entanto, a concessão da operação do projeto do ônibus de trânsito rápido (BRT), realizada por meio de decreto, depende de aval do Supremo Tribunal Federal (STF) para ser concluída nos moldes em que foi concebida originalmente.
Algumas propostas também podem ser benéficas, caso sejam aprovadas, como o Projeto de Lei nº. 5.332/2020, que defende a proibição da venda de veículos leves movidos a gasolina ou diesel a partir de 2030, e o PL nº. 2.156/2021, que propõe a Política Nacional de Mobilidade Elétrica, promovendo maior adoção do uso de energias limpas no País.
Por fim, como reforça o estudo, o Brasil é destaque em iniciativas técnico-científicas que incentivam o uso de energias limpas. Os avanços na transição da frota de ônibus elétricos são perceptíveis, mas ainda dependem muito da ação coordenada de diversos agentes para ganhar maior impulso.
Fonte: EMTU, Metrô CPTM, Mobilize, Estadão, Prefeitura de Sorocaba