A divisão de quantas e quais são as regiões do Brasil leva em conta a geografia, mas também características socioeconômicas de cada local
Publicidade
Desde que o Brasil começou a ser colonizado pelos portugueses, no século 16, a vastidão de seu território já se colocava como um desafio e exigia a criação de divisões administrativas.
Das capitanias hereditárias, surgiram as províncias e depois os Estados do Brasil. Porém, com 27 unidades federativas em 8,5 milhões de km2, nosso País demanda outras classificações para a compreensão e administração de seu território. Então, pelo menos desde o começo do século 20, há um debate sobre a divisão do Brasil em grandes regiões geográficas e socioeconômicas.
Leia também:
Desde o início do século 20, a pergunta de “quantas e quais são as regiões do Brasil” já teve várias respostas ao longo do tempo.
A divisão atual — Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul — foi feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 1970. Era a época da ditadura militar, com um discurso de união nacional e ideais de crescimento rumo ao interior e ao norte do País (como a Rodovia Transamazônica). Entretanto, a primeira divisão oficial do IBGE, publicada em 1942, tinha sete Regiões: Norte, Nordeste Ocidental e Oriental, Centro-Oeste, Leste Setentrional e Meridional, e o Sul.
Naquela época, por exemplo, São Paulo fazia parte da Região Sul; Bahia e Sergipe não eram do Nordeste (mas sim do Leste Setentrional), e vários Estados não existiam. Mas, desde 1970, as principais mudanças foram a emancipação do Mato Grosso do Sul e a criação de Tocantins — que era parte do Centro-Oeste junto com Goiás, mas foi anexado à Região Norte.
Sobre isso, é importante observar que a divisão de quantas e quais são as regiões do Brasil não é somente geográfica. Ela também leva em conta aspectos socioeconômicos e históricos de cada parte do País — e mesmo que as regiões do Brasil não tenham personalidade jurídica ou representação oficial, são grandes elementos de identificação cultural. Além disso, as divisões ajudam na interpretação de estatísticas e aplicação de políticas públicas.
Desde a Constituição de 1988, com a criação de Tocantins e a promoção de Amapá e Roraima à categoria de Estados, não houve mudanças na divisão das regiões do Brasil. São cinco: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A seguir, apresentamos um pouco mais sobre elas.
A Região Norte foi delimitada segundo as noções de “Brasil Amazônico”, que existiam desde o Brasil Colônia — mas, além deste bioma, há também a presença do cerrado em algumas áreas.
Uma das últimas a serem colonizadas, teve um primeiro ciclo de crescimento com a exploração da borracha, no início do século 20. Então, seria mais integrada ao restante do País por iniciativas federais — que estimularam a migração de famílias de outras regiões, em busca de terras para plantio e oportunidades na indústria extrativista. Além disso, houve a criação do Polo Industrial de Manaus, que se tornou um dos mais importantes do Brasil.
Por outro lado, a exploração econômica de uma região com tanta riqueza natural tem estado no centro dos debates sobre o Brasil no mundo inteiro — gerando críticas a governantes que colocam esses interesses acima da preservação.
A Região Norte é imensamente maior do que as outras, com 45% do território brasileiro. Todavia, é pouco povoada, com a segunda menor população e a menor densidade demográfica. Mesmo assim, ela abriga grandes metrópoles, como Manaus e Belém.
A Região Nordeste tem inúmeros aspectos que a destacam das outras: tem o maior número de Estados (nove) e a maior faixa litorânea, que contribui para sua importância no setor turístico. É curioso notar que todas as suas capitais ficam no litoral, com exceção de Teresina — a única no interior de seu estado.
Contudo, além das belas praias — e do sertão, no interior —, o Nordeste possui grande importância histórica e cultural para o Brasil. É a sede da nossa primeira capital, Salvador, e presta grandes contribuições para a música, literatura e outras artes. Até porque esta é a segunda região mais populosa do Brasil, com 55 milhões de habitantes.
Em contrapartida, durante muito tempo, o Nordeste sofreu com problemas sociais (agravados por questões ambientais, como a seca), além de receber pouca atenção do governo federal. De fato, a região ainda tem o menor PIB per capita de todas (apesar de ter o terceiro maior PIB nominal), embora esteja se desenvolvendo bastante nas últimas décadas.
Neste sentido, além do turismo, destaca-se a agricultura (com foco na produção de frutas), bem como a crescente indústria (principalmente petroquímica).
Um pouco maior do que o Nordeste, o Centro-Oeste tem menos de um terço de sua população, sendo assim, a segunda região com menor densidade demográfica.
É uma região de contrastes: apesar de ter grandes metrópoles, como Goiânia, Brasília, Cuiabá e Campo Grande, também possui enormes vazios demográficos. Nesses espaços, há grandes unidades de preservação, mas também propriedades agropecuárias — bem como o problema da invasão de uma pela outra, principalmente nos últimos anos.
Ainda assim, é indispensável citar a importância econômica do Centro-Oeste para o Brasil: conta com o maior rebanho de gado, é responsável por metade da produção de grãos, além de ter muitas indústrias relacionadas a esse setor.
Com cerca de 10% do território brasileiro, o Sudeste abriga mais de 40% da população e 55% do PIB nacional. É lá que estão três das maiores regiões metropolitanas do País: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Com efeito, sua taxa de urbanização é a maior do Brasil: 93%, contra cerca de 73% do Norte ou Nordeste.
Porém, essa importância tem raízes históricas, desde a descoberta de ouro em Minas Gerais, a mudança da capital nacional para o Rio de Janeiro e o crescimento de São Paulo, impulsionado pelo ciclo do café. Ao longo do século XX, a região também recebeu vários fluxos migratórios externos, mas também internos — com destaque para as famílias vindas do Nordeste, atraídas pela promessa de empregos nas inúmeras indústrias que se instalavam no Sudeste.
Sendo assim, além de sua importância econômica e social, o Sudeste também enfrenta muitos desafios com sua grande população: a mobilidade urbana nas metrópoles, o acesso à moradia e a violência nas comunidades pobres, entre outros.
Sendo a menor região do Brasil em extensão territorial, o Sul tem uma densidade demográfica e taxa de urbanização relativamente altas — sendo semelhante ao Sudeste, neste sentido. Na realidade, geógrafos, como Milton Santos, propõem que o Sul e o Sudeste sejam unidos no que ele chamaria de “Região Concentrada” do Brasil, devido a suas semelhanças.
Assim como o Sudeste, o Sul também recebeu muitos investimentos governamentais e atraiu indústrias ao longo do século 20 — conquistando os melhores indicadores sociais do País. Por outro lado, a região também tem grande produção agropecuária, assemelhando-se ao Centro-Oeste, neste aspecto.
É válido observar que a maioria de suas cidades é relativamente recente, com pouca presença dos colonizadores portugueses, bem como de negros escravizados. Esta região passou a ser ocupada, definitivamente, pelos imigrantes europeus que começaram a chegar no século 19 — dos quais descendem boa parte da população atual do Sul.
Com o Sul, terminamos a lista que mostra quantas e quais são as regiões do Brasil. Responder a essa questão permite observar a variedade de “Brasis” que existem em nosso território — da Amazônia ao litoral nordestino, passando pelos campos do Centro-Oeste e a alta urbanização da Região Sudeste.
Fonte: IBGE, IBGE Censo 2022, Guia do Estudante, Brasil Escola