Inovações apostam em rotas de trens como alternativas de baixo carbono para substituir trajetos de avião
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Uma grande mudança na mobilidade urbana pode favorecer o uso de trens em todo o mundo. Ao mesmo tempo que cresce a preocupação com as emissões de gases de efeito estufa, a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus colocou em xeque o mercado aéreo de transporte de passageiros.
O momento se tornou propício para a substituição do transporte aéreo pelo ferroviário, impulsionada pela mudança de hábitos do consumidor, surgimento de novas companhias de trens de baixo custo e até decisões governamentais.
Uma pesquisa realizada pela Association de consommateurs (UFC-Que Choisir) descobriu que os aviões emitem 77 vezes mais CO2 por passageiros do que os trens em viagens com duração inferior a quatro horas. Refletindo a preocupação ambiental, o governo francês proibiu voos domésticos de curta distância em que há alternativas de trem para o percurso.
O número de passageiros transportados por aviões bateu um recorde em 2019. De acordo com a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), 4,5 bilhões de passageiros utilizaram o transporte aéreo regular antes da pandemia, um número 3,6% maior do que o ano anterior.
As companhias de baixo custo tiveram uma participação de 31% do setor, com um total de 1,4 bilhões no ano. Essas empresas apresentaram uma taxa de crescimento 1,5 maior do que a média global e eram uma grande aposta do mercado para que a aviação alcançasse um número de 10 bilhões de passageiros anuais até 2040.Porém, a covid-19 paralisou o setor.
Em 2020, o movimento caiu 60% nos aeroportos em relação ao patamar registrado em 2002, e apenas 1,8 bilhão de passageiros foram transportados. Essa foi a queda mais brusca da história da aviação civil – que superou crises do petróleo, crashes econômicos e ataques às Torres Gêmeas.
Em todo o mundo, as companhias de baixo custo e as redes de alta distância podem gerar uma nova era de ouro dos trens. Na Europa, a Lumo, uma empresa ferroviária de baixo custo e baixo teor de carbono, lançou uma alternativa totalmente elétrica para viagens entre Londres e Edimburgo, a rota de voo doméstico mais movimentada do Reino Unido.
Outras companhias ferroviárias estão relançando serviços de viagens noturnas no continente europeu, como a Nightjet, da Áustria; Snälltåget, da Suécia; e Midnight Trains, uma startup francesa. Em 2022, a startup holandesa European Sleeper também pretende lançar um serviço entre Bruxelas e Praga.
As viagens ferroviárias de longa distância avançam de forma rápida na Ásia. A China está desenvolvendo a maior rede de alta velocidade do mundo. Enquanto isso, o Japão está expandindo sua frota de trens-bala e a Tailândia planeja linhas de alta velocidade para 2023.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reservou US$ 80 bilhões para o transporte ferroviário de cargas e passageiros dentro de um plano para modernizar a infraestrutura do País. Nos planos do governo americano, estão rotas de trens-bala na Califórnia, bem como entre Houston e Dallas.
No Brasil, os planos de um trem-bala incluíam rotas entre Rio de Janeiro e São Paulo, Brasília e Goiânia, Belo Horizonte e Curitiba, além de Campinas e Uberlândia. Uma empresa estatal chegou a ser criada em 2010, mas não conseguiu levar adiante as ferrovias. Recentemente, um projeto da Hyperloop, do bilionário Elon Musk, foi anunciado e promete ligar Porto Alegre a Serra Gaúcha em apenas 12 minutos.
Fonte: Forbes, Reasons To Be Cheerful, Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO).