Desperdícios estruturais: como o uso do carro afeta a cidade?

15 de novembro de 2023 3 mins. de leitura

Dados da Comissão Europeia de Mobilidade e Transporte indicam que as áreas urbanas são comprometidas com esse tipo de veículo, mas a sua eficiência é muito baixa

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Já não é nenhuma novidade que o carro é um meio de transporte pouco eficiente para a mobilidade urbana. Além da queima de combustível fóssil, esse tipo de veículo ocupa muito espaço na cidade, seja nas ruas ou nas vagas de garagem.

Recentemente, a Comissão Europeia de Mobilidade e Transporte divulgou um infográfico com estudos impressionantes sobre os desperdícios estruturais causados por uma mobilidade urbana totalmente centrada nos carros. Podemos dividi-los em três grandes grupos:

Desperdício de espaço

O primeiro ponto abordado pela comissão é o fato dos carros ocuparem muito espaço nas ruas, mas quase sempre estarem vazios. Os dados indicam que, apesar de possuírem ao menos cinco lugares, a média de ocupação dos veículos fica na casa dos 30%, o que significa 1,5 pessoa por viagem.

Se com os carros pequenos isso já é problemático, a situação fica ainda pior com as grandes caminhonetes SUVs, que podem ocupar facilmente o lugar de dois ou três carros.

Carros ficam parados em mais de 90% do tempo, ocupando espaço da cidade com baixa eficiencia
Carros ficam parados em mais de 90% do tempo, ocupando espaço da cidade com baixa eficiência. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

O aumento no tamanho dos veículos também fez com que as vagas de garagem ficassem cada vez maiores, diminuindo o espaço na rua, condomínios, parques e locais de evento. Segundo os dados da comissão, os carros passam 92% do seu tempo parados, o que faz com que eles sejam um grande desperdício de espaço nas grandes cidades.

Por fim, os estudos feitos na Europa e nos Estados Unidos indicam que cerca de 50% das cidades são ocupadas por sistemas viários, vagas de estacionamento, sinalização e outros serviços baseados no carro. 

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Desperdício energético

Além do problema do uso das vias urbanas, os carros também são muito pouco eficientes em termos energéticos. A Comissão Europeia afirma que 86% da energia gerada pelos combustíveis não chega até as rodas, e boa parte se perde antes mesmo de fazer o carro se mover.

Os carros elétricos prometem diminuir esse problema, mas as baterias ainda são bastante ineficientes. O impacto ambiental e social desse processo é imenso.

Desperdício de vidas

Por fim, o material divulgado indica que são mais de 30 mil mortes e 120 mil acidentes todos os anos envolvendo carros, sendo que 95% deles estão ligados a erros humanos.

No Brasil, esse número também impressiona. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), são cerca de 45 mil mortes todos os anos, sendo a principal causa da morte de crianças entre 5 e 14 anos de idade.

Além da tragédia por si só, o impacto econômico também é bastante significativo. São cerca de 50 bilhões de reais gastos com tratamento, socorro e prevenção de acidentes de trânsito. 

Fonte: Senado, Mobilize, Comissão Europeia de Mobilidade e Transporte

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