Segundo relatório da NTU, milhares de postos de empregos foram perdidos no setor desde o começo da pandemia
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Segundo o estudo divulgado pela Associação Nacional de Empresas de Transporte Urbano (NTU), o transporte público das cidades brasileiras está em constante declínio desde o começo da pandemia, devido a prejuízos econômicos, paralisações e falhas nos serviços.
O relatório, que abrange o monitoramento do período de 16 de março de 2020 até 30 de abril de 2021, procurou fazer uma análise do cenário nacional para compreender os impactos no transporte público ocasionados pela pandemia do novo coronavírus.
A NTU divulgou que mais de 76 mil postos de trabalho foram perdidos em todo o segmento de transporte público urbano de passageiros. Além disso, cerca de 25 operadoras e um consórcio interromperam a prestação de seus serviços nesse período.
Os dados da tabela elaborada pela NTU, na qual é possível analisar o impacto financeiro sofrido pelos sistemas de transporte mês a mês, indicam que desde janeiro de 2021 os prejuízos econômicos não param de aumentar. O fato pode ter relação com o enfrentamento do País em relação à segunda onda do novo coronavírus.
O desequilíbrio econômico-financeiro provocado pela baixa de passageiros e a redução ou interrupção da oferta de serviços motivaram 238 movimentos grevistas, que juntos atingiram 88 sistemas de transporte público. As manifestações foram motivadas principalmente pela incapacidade das operadoras de pagarem salários aos trabalhadores.
No Brasil, o modelo baseado na remuneração do transporte coletivo por passageiro transportado não permitiu o equilíbrio das empresas ao aumentar sua oferta para acomodar de forma mais segura os usuários enquanto a demanda estava em queda.
Segundo o estudo, o impacto financeiro sofrido pelas empresas durante o período considerado na análise foi de R$ 14,245 bilhões. Só na primeira quinzena de março de 2020, mês em que a demanda foi a mais baixa desde o início da pandemia, o prejuízo foi de R$ 946 milhões.
Além disso, para a NTU, a ausência de uma medida de socorro emergencial do governo federal para minimizar os impactos econômico-financeiros dos sistemas contribuiu para o cenário atual.
Com a queda de passageiros e o início de uma das piores crises financeiras da história, o setor de transporte coletivo vem questionando seu modelo de financiamento. As parcerias público-privadas não estão conseguindo conter o impacto negativo no caixa das empresas.
A discussão em relação a formas alternativas de financiar o transporte público nas cidades começou muito antes do início da pandemia. O Sistema Único de Mobilidade Urbana (SUM), elaborado pelo Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos (MDT), é uma das possibilidades levantadas.
Segundo o MDT, a ideia é que assim como no Sistema Único de Saúde (SUS), o Estado assegure recursos financeiros mínimos para as ações de mobilidade e o acesso universal ao transporte coletivo.
A Taxa de Utilização do Sistema Viário (TUSV) é outro exemplo de financiamento alternativo. Criada pelo engenheiro Lúcio Gregori, a proposta prevê a criação de uma taxa sobre os veículos particulares, como carros e motos, cujo valor seria utilizado para financiar o transporte público. Cabe à sociedade e ao poder público pensarem em conjunto uma solução para contornar a grande crise que vivemos.
Fonte: Mobilize, NTU, Diário do Transporte.