Universidades compõem os principais Polos Geradores de Viagens (PGVs)

10 de outubro de 2023 6 mins. de leitura

Entre os exemplos de PGVs estão a UFSC, a Universidade Positivo e a UFMT. Com a alta densidade de usuários, congestionamentos são comuns nos locais, afirmam especialistas.

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As Instituições de Ensino Superior (IES), principalmente as universidades, podem ser consideradas Polos Geradores de Viagem (PGV). O termo é usado para designar áreas em que há uma alta concentração de usuários de transporte.

Nas IES há, ainda, o agravante do início e término das aulas ao longo da semana coincidirem com o horário de pico do tráfego. Assim, com a alta circulação não somente de estudantes, bem como de servidores e demais passageiros, o tráfego fica congestionado.

Quando descontrolado, o fluxo impacta negativamente não apenas quem precisa ir até esses locais, como todo o entorno. Isso torna necessário refletir sobre soluções para evitar problemas de mobilidade urbana nos PGVs.

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Exemplos de universidades PGV no Brasil

Universidade Federal de Santa Catarina

Entre as IES consideradas Polos Geradores de Viagens está a UFSC. Fundada em 1960, o principal campus da instituição está localizado em uma região com alta circulação de pedestres e automóveis em Florianópolis, segundo o professor Elson Manoel Pereira, coordenador do Laboratório Cidade e Sociedade do Departamento de Geociências da UFSC.

Estima-se que sua comunidade acadêmica seja composta por 50 mil pessoas, entre servidores docentes e técnico-administrativos — 6 mil deles — bem como estudantes. 

Grande parte das pessoas frequenta o espaço nos horários de pico, entre 7h e 9h e 17h e 19h. “Todas as obras viárias implantadas desde a fundação da universidade privilegiaram o automóvel individual. Mesmo tendo muitas linhas de ônibus que servem o campus, o transporte coletivo divide o espaço com o automóvel e fica engarrafado em um dos piores sistemas viários do Brasil”, explica Pereira.

O professor destaca que a UFSC dispõe de 3.756 vagas de estacionamento, de acordo com dados do levantamento SC Mob de 2010, sendo cerca de 10.000 carros estacionados por dia. “Há um grande contingente populacional, de até 30% do total de carros estacionados, de proprietários que deixam seus veículos na UFSC pela gratuidade. Eles usam o ônibus para acessarem o centro da cidade, onde o estacionamento é cobrado”, salienta.

Em pesquisa conduzida pelo Departamento de Projetos em Engenharia e Arquitetura (Dpae) da UFSC, identificou-se que 42,34% dos 4.065 entrevistados optam pelo transporte público coletivo. Porém, o tempo é um fator a ser superado, uma vez que as viagens duram entre 30 minutos (80% dos entrevistados) e 1 hora (51%) para serem concluídas.

Pesquisa da UFSC identificou quantidade de pessoas que frequentam o campus de Florianópolis e modais utilizados. (Fonte: UFSC/Reprodução)
Pesquisa da UFSC identificou a quantidade de pessoas que frequentam o campus de Florianópolis e modais utilizados. (Fonte: UFSC/Reprodução)

Para além dos ônibus, os entrevistados também indicaram outros meios de transporte, incluindo os individuais não motorizados, como a pé e de bicicleta (41% dos respondentes), bem como automóveis, como vans, corridas por aplicativo, motocicletas e carros particulares (42% deles). 

Usuários da UFSC relataram necessidade de melhorias no transporte coletivo. (Fonte: UFSC/Reprodução)
Usuários da UFSC relataram necessidade de melhorias no transporte coletivo. (Fonte: UFSC/Reprodução)

A fim de tentar conter os congestionamentos, a Prefeitura Municipal de Florianópolis (PMF) instalou em 2023 um sistema binárioA medida alterou o sentido de trânsito de duas das principais vias usadas para chegar à UFSC, nos bairros Pantanal e Carvoeira, transformando-as em mão única. “A reforma foi apenas parcial e negligenciou o próprio projeto que previa um trecho com calha exclusiva para ônibus. Um transporte coletivo eficiente, que poderia prever inclusive a gratuidade para a comunidade universitária, iria beneficiar toda a comunidade residente ou que passa pela região”, destaca Pereira.

Universidade Positivo, no Paraná

Ainda na região Sul, destaca-se a Universidade Positivo (UP), em Curitiba, capital do Paraná. Hugo Alexander Martins Pereira, professor dos cursos de Engenharia Civil e de Arquitetura e Urbanismo na UP, explica que a instituição conta com boa disponibilidade de transporte coletivo. Além disso, outras facilidades como BRT, linha direta, interbairros, linhas metropolitanas e linhas alimentadoras da região facilitam o acesso à universidade.

O campus Ecoville dispõe de linha própria de ônibus. Nele, há cinco pontos de parada, sendo dois dotados de abrigos e três com estrutura coberta da própria universidade. Nos pontos, é realizado embarque e desembarque.

Em breve levantamento realizado em 24 de maio de 2023, em meio ao semestre letivo, a entidade identificou um total de 1.376 passageiros que utilizaram a linha exclusiva “829-Universidade Positivo”. Entretanto, assim como nas outras universidades citadas, as vias de acesso ficam sobrecarregadas em horários de pico.

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Aberta desde a década de 1970, o campus principal está localizado em Cuiabá, e sua área abrange um total de 15 mil km². 

Estima-se que todos os campi da UFMT possuam em torno de 19 mil usuários, sendo mais de 16 mil estudantes, aproximadamente 1.800 docentes e cerca de 1.400 servidores técnicos. Grande parte encontra-se no campus Cuiabá: 10.541 alunos, 1.182 professores e 927 técnicos.

Um total de 6 linhas de ônibus fazem o transporte público coletivo até o local. Em pesquisa divulgada em 2021 com a participação de 1.384 entrevistados, foi identificado que os meios de locomoção mais utilizados são ônibus, a pé ou bicicleta ou, ainda, aplicativo, carro particular, motocicleta e carona. 

Contudo, percebeu-se que o uso de transporte individual é elevado, mesmo em um raio de até 5 km de distância. Além disso, grande parte das pessoas vai até a universidade no período da manhã, entre 7h e 8h, retornando nos horários de pico, porém de forma diluída, compreendendo a faixa do almoço e do final de tarde.

Quando a pesquisa foi divulgada, observou-se que a locomoção ativa estaria prejudicada devido a má conservação de calçadas e demais vias, tornando o transporte público coletivo preterido. As pesquisadoras que conduziram o estudo também identificaram a necessidade de implantação de um sistema cicloviário, a fim de diminuir os impactos negativos sobre o trânsito no entorno da instituição.

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