Estratégia de convencimento ao uso de máscara na prevenção do coronavírus resgata elementos de segurança em mobilidade e funciona
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Durante os anos 1990, o cinto de segurança sofreu enorme resistência. Esse dispositivo era considerado um atrapalho, que limitava os movimentos de quem estava no volante e irritava os motoristas mais turrões.
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Felizmente, esse fenômeno é passado. Existe hoje uma cultura de segurança no trânsito em que esse tipo de postura não encontra respaldo. Para as novas gerações, colocar o cinto ao iniciar a direção é um passo tão automático quanto ligar o carro.
É exatamente por isso que, em meio à pandemia da covid-19, o uso da máscara tem sido comparado ao uso de equipamentos de segurança de trânsito já consolidados, como o cinto. Conheça um pouco mais dessa estratégia de convencimento para otimizar o cuidado com a saúde e a diminuição do contágio.
A ideia veio de Illinois, nos Estados Unidos. O estado possui mais de 12 milhões de habitantes e tem em Chicago sua maior cidade, com quase 3 milhões de pessoas. O Condado de Cook, sub-região que engloba essa cidade, teve 5 mil óbitos decorrentes da covid-19 — 60% do total de mortes de Illinois, que conta com 102 condados.
Apesar disso, um levantamento feito no fim de junho apontou que apenas 66% dos residentes do estado usavam máscara ao sair de casa. Diante desse cenário preocupante, foi feita uma pesquisa com mais de 2 mil habitantes de todo o estado de Illinois, que, entre cinco opções, escolheram qual delas era mais eficaz para sensibilizar o uso de máscara em público.
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A conclusão do estudo é que a assertiva que mais mobilizou os entrevistados no sentido de aderir ao uso de máscaras foi uma comparação com capacetes e cintos de segurança.
Ao que parece, o público estadunidense apresentou uma sensibilização em relação a esses equipamentos que, ao serem comparados com a máscara, ajudaram na visualização da necessidade de seu uso.
A pesquisa apresentou uma sequência de três imagens. A argumentação relacionava o uso do cinto de segurança antes de dirigir e o do capacete antes do jogo de futebol americano com o uso da máscara antes de sair de casa.
As demais estratégias de argumentação — a partir da Ciência, do prolongamento da doença, do aumento da possibilidade de circulação ou sobre a contaminação em familiares idosos — provocaram uma diminuição na motivação ao uso da máscara ou foram consideradas neutras por estarem dentro da margem de erro.
Uma vez que o cinto de segurança foi a estratégia com maior possibilidade de orientar a população no uso da máscara, tanto em Chicago quanto em áreas rurais, essa deverá ser a linha adotada em uma campanha do estado cujo investimento inicial é de US$ 5 milhões.
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Trata-se de apenas mais um dos esforços de Illinois em reverter a taxa de contaminação e letalidade da doença. O governador Jay Robert Pritzker, do Partido Democrata, tem mobilizado uma série de esforços no sentido de sensibilizar os habitantes e também o governo federal a lidar de forma mais séria com os efeitos da pandemia.
Herdeiro de uma rede de hotéis, Pritzker possui um patrimônio avaliado em US$ 3,4 bilhões. A aproximação com a área do turismo, uma das mais afetadas pelo isolamento social, além da orientação do partido, pode estar entre as motivações para enfrentar com mais ênfase a crise sanitária causada pela covid-19.
Fonte: Bloomberg