Como o urbanismo tático prepara as cidades para o pós-pandemia?

28 de agosto de 2020 4 mins. de leitura

Redução de deslocamentos e exigências sanitárias da quarentena do coronavírus abriram oportunidades para ações de urbanismo tático

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Durante a quarentena do coronavírus, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou aos trabalhadores de serviços essenciais os deslocamentos por bicicletas e caminhadas sempre que possível. No entanto, a mobilidade urbana, na maioria das cidades, tem seu planejamento pautado no uso do carro.

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Dessa forma, elas precisaram pensar e executar ações rápidas para transformar a sua mobilidade urbana, baseada em carros e transporte coletivo, em um ambiente mais amigável para ciclistas e pedestres. 

Essas intervenções urbanas, ainda que implantadas temporariamente no período de quarentena, promovem benefícios que podem ser fortes indutores para ações permanentes mais planejadas e com investimentos mais robustos, seguindo o conceito de urbanismo tático. Assim, as cidades podem aproveitar o momento para promover um novo modelo de mobilidade.

Urbanismo tático e pandemia

Alargamento de calçadas na Nova Zelândia possibilita o distanciamento físico mínimo entre pedestres durante o período de pandemia. (Fonte: BeyondDC/Reprodução)

A prática de urbanismo tático promove intervenções de baixo custo e em microescala para testar soluções e ampliar o direito à cidade. Assim, muitas estratégias adotadas durante o período da crise sanitária podem se tornar permanentes após a pandemia.

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Essas infraestruturas rápidas servem como verdadeiros laboratórios do futuro das cidades, dando oportunidade para a realização de ajustes finos antes de viabilizar a remodelação permanente do espaço urbano. 

Dessa forma, o urbanismo tático contribui para promover a mudança no modelo das cidades, com a capacidade de viabilizar a mobilidade sustentável e tornar o ambiente urbano menos poluído.

Principais ações adotadas

Entre as principais medidas adotadas durante a pandemia que podem render projetos de longo prazo estão a criação de ciclovias temporárias, a ampliação de calçadas, a utilização de vagas de estacionamento por restaurantes e bares, além da restrição de veículos em vias com fluxo intenso de pedestres e redução de velocidade.

Muitos desses projetos já estavam previstos; porém, com a chegada da pandemia, foram acelerados pelas demandas atuais. Calçadas largas permitem o distanciamento mínimo entre as pessoas. Ciclovias oferecem uma alternativa para o deslocamento individual e ajudam a reduzir a aglomeração no transporte público.

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O uso do espaço de vagas de estacionamento para ampliar o ambiente de atendimento de bares e restaurantes facilita o retorno das atividades econômicas. A restrição de circulação de automóveis e a redução dos limites de velocidade em ruas com fluxo intenso de pedestres aumentam a segurança das pessoas, além de melhorar a qualidade do ar e diminuir ruídos. E isso tudo pode abrir caminho para a consolidação de cidades mais verdes no futuro. 

Cidades transformadas

Transformações promovidas pelo urbanismo tático tornadas permanentes na cidade de Memphis, nos Estados Unidos. (Fonte: Memphis Medical District Collaborative/Reprodução)

Não são poucas as cidades que adotaram medidas provisórias e resolveram transformá-las em ações permanentes. Ciclovias mais largas em Berlim inspiraram o governo da Alemanha a adotar regras nacionais e tornaram obrigatório o espaço de 1,5 metro entre carros e ciclistas, proibindo o estacionamento de veículos nos espaços destinados ao trânsito de bicicletas.

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Bogotá, na Colômbia, aumentou em mais de 100 quilômetros as ciclofaixas temporárias, marcadas por cones de tráfego. Agora, a cidade estuda tornar a medida permanente com o objetivo de reduzir a pressão de aglomerações em seu sistema de BRT Transmilenio. Outras iniciativas semelhantes foram adotadas em Vancouver, Denver, Budapeste, Nova York, entre outras cidades.

Fonte: WRI Brasil, ITDP, ArchDaily, The City Fix Brasil, Mobilize, Memphis Medical District Collaborative, BeyondDC

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